SóProvas


ID
5370478
Banca
FEPESE
Órgão
ABEPRO
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1


A filosofia como forma de vida 


A filosofia, ao menos desde os tempos de Sócrates (século V a.C.), tinha como principal objetivo ajudar os sujeitos a não viver uma mera vida animal, aprendendo a construir uma forma de vida própria (bios) que fosse além da mera sobrevivência imposta pela vida biológica (zoe). Cada sujeito deveria criar a forma de sua vida de acordo com as opções axiológicas e suas convicções epistêmicas. 


Desse modo, o aparato conceitual desenvolvido por cada escola filosófica, episteme, tinha por finalidade auxiliar na constituição de um ethos ou modo de vida dos sujeitos. A finalidade filosófica de criar uma forma de vida é uma tarefa essencialmente ética. Só há ética no modo como o sujeito constitui sua vida. Como consequência, esse ethos influía nas formas coletivas que os sujeitos criaram nas pólis, política. Havia uma estreita relação entre a forma de vida e a forma política de governo.


A preocupação da filosofia por ajudar os sujeitos a criar uma forma de vida foi diminuindo a partir do século V d.C., com a transferência gradativa dessa tarefa para a teologia cristã, que vinha se consolidando como um saber que adaptou a mensagem bíblica e a tradição sapiencial oriental, própria da teologia semita, aos parâmetros da filosofia grega. Para uma parte significativa dos pensadores cristãos, a teologia cristã, do modo como eles a estavam construindo, era vista como a culminação da filosofia clássica. Michel Foucault considera que o momento crítico em que a filosofia se afastou da teologia, na sua originária missão de criar uma forma de vida, aconteceu no século XVII, quando a razão moderna separou definitivamente o conhecimento da ética, o saber do modo de ser. O que Foucault denominou de “momento cartesiano” representaria o declínio definitivo da filosofia moderna em sua missão de auxiliar os sujeitos a criar uma forma de vida.


Vários autores contemporâneos voltaram parte de suas pesquisas para essa problemática, identificando na filosofia um saber que tem a potencialidade de constituir formas de vida para os sujeitos. Para Foucault e Agamben, a filosofia é capaz de criar estilos de vida com autonomia efetiva dos sujeitos e, como consequência, uma prática que possibilite resistir aos dispositivos biopolíticos de sujeição e controle que dominam nossas sociedades.


RUIZ, C. B. A filosofia como forma de vida. Disponível em: <<http://

www.ihuonline.unisinos.br/artigo/5965-artigo-castor-bartolome-

-ruiz-1>> Acesso em 24/08/2017 [Adaptado]

Assinale a alternativa correta, com base no texto 1.

Alternativas
Comentários
  • Em “com a transferência gradativa dessa tarefa para a teologia cristã, que vinha se consolidando como um saber que adaptou a mensagem bíblica […] Michel Foucault considera que o momento crítico […]” (3° parágrafo), o vocábulo sublinhado funciona como pronome relativo nas duas primeiras ocorrências e como conjunção integrante na terceira.

  • E

    C) Em: “o momento crítico […] aconteceu no século XVII, quando a razão moderna separou definitivamente o conhecimento da ética, o saber do modo de ser” (3° parágrafo), o vocábulo sublinhado apresenta o mesmo valor temporal que em: “Puseram-nos no almoço manteiga, rabanetes e azeitonas, quando nós só comemos azeitonas.” (Aurélio).

    Incorreto. Na o “quando” é conjunção temporal e na o “quando” é conjunção concessiva

  • Em “com a transferência gradativa dessa tarefa para a teologia cristã, que (o qual) vinha se consolidando como um saber que (o qual) adaptou a mensagem bíblica […] Michel Foucault considera que (isso) o momento crítico […]” (3° parágrafo), o vocábulo sublinhado funciona como pronome relativo nas duas primeiras ocorrências e como conjunção integrante na terceira.

  • é conjunção integrante quando pode-se trocar o que por " ISSO"