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ID
5400322
Banca
IDCAP
Órgão
SAAE de Ibiraçu - ES
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 01
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.

A CRISE QUE ESTAMOS ESQUECENDO

(1º§) "Todos os indivíduos, não importa a conta bancária, profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra crise: a do desrespeito geral que provoca violência física ou grosseria verbal em casa, no trabalho, no trânsito".
(2º§) O tema do momento é a crise financeira global. Eu aqui falo de outra, que atinge a todos nós, mas especialmente jovens e crianças: a violência contra professores e a grosseria no convívio em casa. Duas pontas da nossa sociedade se unem para produzir isso: falta de autoridade amorosa dos pais (e professores) e péssimo exemplo de autoridades e figuras públicas.
(3º§) Pais não sabem como resolver a má-criação dos pequenos e a insolência dos maiores. Crianças xingam os adultos, chutam a babá, a psicóloga, a pediatra. Adolescentes chegam de tromba junto do carro em que os aguardam pai ou mãe: entram sem olhar aquele que nem vira o rosto para eles. Cumprimento, sorriso, beijo? Nem pensar. Como será esse convívio na intimidade? Como funciona a comunicação entre pais e filhos? Nunca será idílica, isso é normal: crescer é também contestar. Mas poderíamos mudar as regras desse jogo: junto com afeto, deveriam vir regras, punições e recompensas. Que tal um pouco de carinho e respeito, de parte a parte? Para serem respeitados, pai e mãe devem impor alguma autoridade, fundamento da segurança dos filhos neste mundo difícil, marcando seus futuros relacionamentos pessoais e profissionais. Mal-amados, mal-ensinados, jovens abrem caminho às cotoveladas e aos pontapés.
(4º§) Mal pagos e pouco valorizados, professores se encolhem, permitindo abusos inimagináveis alguns anos atrás. Uma adolescente empurra a professora, que bate a cabeça na parede e sofre uma concussão. Um menininho chama a professora de "vadia", em aula. Professores levam xingações de pais e alunos, além de agressões físicas, cuspidas, facadas, empurrões. Cresce o número de mestres que desistem da profissão: pudera. Em escolas e universidades, estudantes falam alto, usam o celular, entram e saem da sala enquanto alguém trabalha para o bem desses que o tratam como um funcionário subalterno. Onde aprenderam isso, se não, em primeira instância, em casa? O que aconteceu conosco? Que trogloditas somos - e produzimos -, que maltrapilhos emocionais estamos nos tornando, como preparamos a nova geração para a vida real, que não é benevolente nem dobra sua espinha aos nossos gritos? Obviamente não é assim por toda parte, nem os pais e mestres são responsáveis por tudo isso, mas é urgente parar para pensar.
(5º§) Na outra ponta, temos o espetáculo deprimente dos escândalos públicos e da impunidade reinante. Um Senado que não tem lugar para seus milhares de funcionários usarem computador ao mesmo tempo, e nem sabia quantos diretores tinha: 180 ou trinta? Autoridades que incitam ao preconceito racial e ao ódio de classes? Governos bons são caluniados, os piores são prestigiados. Não cedemos ao adversário nem o bem que ele faz: que importa o bem, se queremos o poder? Guerra civil nas ruas, escolas e hospitais precários, instituições moralmente falidas, famílias desorientadas, moradias sub-humanas, prisões onde não criaríamos porcos.
(6º§) Que profunda e triste impressão, sobretudo nos mais simples e desinformados e naqueles que ainda estão em formação. Jovens e adultos reagem a isso com agressividade ou alienação em todos os níveis de relacionamento. O tema "violência em casa e na escola" começa a ser tratado em congressos, seminários, entre psicólogos e educadores. Não vi ainda ações eficazes.
(7º§) Sem moralismo (diferente de moralidade) nem discursos pomposos ou populistas, pode-se mudar uma situação que se alastra - ou vamos adoecer disso que nos enoja. Quase todos os países foram responsáveis pela gravíssima crise financeira mundial. Todos os indivíduos, não importa a conta bancária, profissão ou cor dos olhos, podem reverter esta outra crise: a do desrespeito geral que provoca violência física ou grosseria verbal em casa, no trabalho, no trânsito. Cada um de nós pode escolher entre ignorar e transformar. Melhor promover a sério e urgentemente uma nova moralidade, ou fingimos nada ver, e nos abancamos em definitivo na pocilga.

(Lya Luft é escritora - Fonte: Revista Veja)

Analise os componentes estruturais do (2º§).

I.A voz do texto faz alusão a situações reais, que estão em evidência no momento em que apresenta o teor discursivo.
II.O período: "a violência contra professores e a grosseria no convívio em casa" está formado por duas orações que se coordenam por adição.
III.A expressão: "a crise financeira global". - exemplifica concordância nominal.
IV.A expressão sublinhada no trecho: "Duas pontas da nossa sociedade se unem para produzir isso:" equivale a "são unidas".
V.Em: "Governos bons são caluniados, os piores são prestigiados". - temos um período composto por subordinação construido com exemplo de silepse.

Estão CORRETAS:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito na alterativa E

    Solicita-se julgamento das assertivas abaixo:

    I. A voz do texto faz alusão a situações reais, que estão em evidência no momento em que apresenta o teor discursivo.

    Correto. O uso, ao longo da construção, de formas verbais conjugadas em presente do indicativo é indício da atualidade dos fatos narrados, de sorte que a veracidade das informações pode ser aferida pelo teor do assunto.

    II. O período: "a violência contra professores e a grosseria no convívio em casa" está formado por duas orações que se coordenam por adição.

    Incorreto. Não há verbo na construção, que é composta por termos essencialmente nominais, não havendo que se falar em orações.

    III. A expressão: "a crise financeira global". - exemplifica concordância nominal.

    Correto. O termo adjetivo "financeira" concorda com o substantivo ao qual se relaciona em explicito exemplo de concordância nominal.

    IV. A expressão destacada no trecho: "Duas pontas da nossa sociedade se unem para produzir isso:" equivale a "são unidas".

    Correto. O termo destacado é forma verbal de voz passiva sintética com pronome anteposto. A substituição altera, de forma equivalente e sem erros, a forma de voz passiva, que passa a ser analítica.

    V. Em: "Governos bons são caluniados, os piores são prestigiados". - temos um período composto por subordinação construído com exemplo de silepse.

    Incorreto. Não há caso de silepse na construção em tela, que pode ser vista como coordenada aditiva ou subordinada composta por oração adverbial temporal, a depender da semântica pretendida.

    Há estudantes que estão incorretamente confundindo silepse com elipse. Naquela ocorre a concordância com termo subentendido, nesta, a supressão de um termo já citado. No caso em tela, a construção da passagem tornou elíptico o substantivo "governo".

  • Cara, posso estar errado, mas na questão IV a partícula "se" é pronome recíproco e não apassivador, uma vez que o seu verbo possui traço semântico mais agente, visto que podemos identificar quem realiza sua ação. Contudo, creio que dá para colocarmos como correto porque a expressão "são unidas" pode substituir semanticamente a passagem original.

  • na v, há a silepse sim, sendo a omissão de governos, sem a necessidade de dizer de repetir governos ruins, já que foi mensionado antes.

  • Parece-me ZEUGMA no item V

  • nao ta sublinhado o "se unem" af errei por isso

  • Pra quem acha q há Silepse, vá pesquisar a diferença de SILEPSE e ELIPSE ! ...
  • V - Antitese?