SóProvas


ID
5422630
Banca
Prefeitura de Santana do Deserto - MG
Órgão
Prefeitura de Santana do Deserto - MG
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto abaixo para responder à questão que se segue.

A zica do Planalto

     Zica com “c” é uma gíria brasileira que significa mau agouro, azar, maldição, momento de baixoastral, quando tudo dá errado. A origem da palavra não se sabe ao certo, mas há quem jure que seria uma contração da palavra ziquizira. Faz sentido. Não tem nada a ver com a zika, triste doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Triste porque infecta o cérebro de bebês no útero materno, triste porque atesta nossa incompetência de país subdesenvolvido diante do mosquito que também transmite a dengue, triste porque pode atingir 1,5 milhão de pessoas no Brasil neste ano, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

     Cada fala da presidente Dilma Rousseff sobre a zika vira uma festa para humoristas e um constrangimento para a maioria da população – não, claro, para os militantes dilmistas, que a perdoam sempre e atribuem esses lapsos à pressão da dieta argentina ou da “inquisição medieval” contra ela e contra Lula. Dilma já chamou o mosquito de vírus. Dilma já chamou a zika de vetor. Dilma já disse que a doença é transmitida por ovos infectados por vírus. Dilma já inventou um outro inseto que seria especializado em zika, e que não seria o mesmo da dengue.

    Dilma também disse que “o Brasil não parou e nem vai parar” – e não vai mesmo parar de piorar enquanto ela achar que o inferno são os outros. A microcefalia do Planalto não permite que criatura e criador caiam na real. Dilma e Lula estão juntos na saúde e na doença, na alegria e na tristeza. Juntos no idioma maltratado. Juntos na solidariedade a Zé Dirceu, o consultor-modelo que mais voou em jatinhos de empreiteiros e lobistas, abastecidos por propinas. Juntos no discurso de perseguição da “mídia”, da Lava Jato e dos delatores premiados.

     Pode continuar a trocar o ministro da Saúde, o ministro da Fazenda, o ministro do Planejamento, o ministro da Educação (aliás, por onde anda Aloizio Mercadante, qual será seu bloco escolar este ano?). De nada vai adiantar essa dança das cadeiras ministeriais para agradar a um ou outro partido. Não são eles os mosquitos vetores que contaminaram o Brasil com uma ziquizira da qual será muito difícil sair. O da Saúde, Marcelo Castro, formado em psiquiatria, depois de espalhar piadinhas de mau gosto com mulheres grávidas, cometeu o pecado fatal: foi sincero. Marcelo Castro disse que o Brasil “está perdendo feio” a guerra contra o mosquito – e isso é o fim da picada, não é, presidente?

     Dilma não convive com a sinceridade. Seu governo não erra. Aliás, “se erra”, como admitiu há alguns meses, erra pouco e sem maldade – e tudo tem conserto. Erra porque foi vítima. Suas amigas, do gênero Erenice Guerra, também sempre acertam. Se erram, é por ingenuidade ou por falta de memória. A ex-ministra Erenice é ingênua, dá para sentir. E nem lembra quem pagou viagens aéreas dela. Dilma também já se esqueceu de muitas canetadas nessa roda-viva de Petrobras, Casa Civil, Presidência da República. Seu problema não foi o mosquito, mas a mosca azul.

     Para a mosca azul não há antídoto nem vacina. A mosca, num passe de mágica, tira as contas do vermelho num gráfico ilusório, com a sua, a nossa ajuda. Uns bilhões do FGTS aqui, outros da CPMF ali, e pronto. O país fica cor-de-rosa, a cor dos programas eleitorais do PT. Só que não, a conta não fecha mesmo assim, porque o Estado brasileiro é voraz e gigantesco. Não há foco na redução do tamanho. Só no aumento de taxas, impostos e contas de serviços públicos. A dívida pública federal terminou 2015 em R$ 2.793 trilhões. A dívida – assim como o Brasil – não vai parar.

     Diante do Conselhão de quase uma centena de empresários, empreendedores, banqueiros e autoridades – sem a presença incômoda da imprensa –, Dilma lançou um plano de sete medidas para liberar R$ 83 bilhões em crédito para habitação, agricultura, infraestrutura, pequenas e médias empresas. A maior parte desse dinheiro viria do FGTS. Crédito para um país em recessão, que não acredita na capacidade do governo para enfrentar a crise. Dilma disse que, para “a travessia a um porto seguro”, a CPMF é “a melhor solução disponível”.

     Não existe nem espaço para o crédito moral, quando se vê Lula, o fiador de Dilma, acuado por delações que o envolvem em reformas milionárias e obscuras de imóveis como o tríplex do Guarujá ou o sítio de Atibaia – hoje amaldiçoados. Na vida real, os juros batem recorde e famílias endividadas precisam refinanciar seus débitos porque não podem lançar mão do dinheiro alheio. O Solaris não nasce para todos. A zica que contaminou o país tem origem na Capital.

(Disponível em : https://oglobo.globo.com/epoca/colunas-e-blogs/ruth-de)

Em todas as alternativas, os verbos foram usados no singular fazendo a concordância com o seu sujeito, EXCETO em:

Alternativas
Comentários
  • Esperando alguém corrigir hihi :D

  • Nem li a D e marquei a C, vacilei, mas explico o porquê.

    O enunciado pede para que o verbo (a ação do texto) esteja concordando com o sujeito (aquele que pratica a ação).

    PROCURAMOS A EXCEÇÃO, O QUE ESTÁ ERRADO:

    (A) “[...] quando se vê Lula, o fiador de Dilma, acuado por delações [...]” (Parágrafo 8º)

    R.: CERTO.

    • Lula (...) acuado por delações.

    (B) “A maior parte desse dinheiro viria do FGTS.” (Parágrafo 7º)

    R.: CERTO. A pergunta é: "o que viria do FGTS?" A resposta: "A maior parte desse dinheiro".

    ADENDO: Se o autor tivesse escrito "A maior parte desses dinheiros...", a concordância verbal poderia ser com:

    • A maior parte - O que implicaria em verbo no singular, como apresentado no texto; ou
    • desses dinheiros - O que implicaria em verbo no plural.

    FONTE: Alexandre Soares.

    Aconselho, para fins de prova discursiva, que se utilize a concordância no singular, pois pode ter professor que implique com o uso no plural, apesar de não estar incorreto.

    (C) “[...] e isso é o fim da picada, não é, presidente?” (Parágrafo 4º)

    R.: CERTO.

    • isso é o fim da picada...

    O que "é o fim da picada"? "Isso". Portanto o sujeito, "isso", concorda adequadamente, sim, com o verbo "é".

    ADENDO: "presidente" é o vocativo da oração, a quem é direcionado a pergunta, não o sujeito.

    (D) “Não há foco na redução do tamanho.” (Parágrafo 6º)

    R.: FALSO. LEVEM ISSO PRA SUA VIDA DE CONCURSEIRO.

    O verbo "haver" no sentido de "existir" é IMPESSOAL, assim sendo, não há que se falar em sujeito, pois não existe sujeito. Nesse caso o verbo sempre será empregado na terceira pessoa do singular, não importando o tempo verbal.

    Resta dúvida? Visite: https://duvidas.dicio.com.br/verbo-haver-no-sentido-de-existir/

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    GABARITO (D)

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    Boa sorte e bons estudos.

  • Gabarito na alternativa D

    Há comentário incorreto

    Solicita-se indicação da construção na qual a concordância não ocorra com o sujeito e de forma singular:

    Advirto de antemão que os verbos se flexionam em número, pessoa, modo, tempo, aspecto e voz, não possuindo flexão de gênero e grau, flexões encontradas em substantivos e adjetivos.

    Para fins de concordância verbal, as flexões de número e pessoa devem ser respeitadas.

    A) “[...] quando se vê Lula, o fiador de Dilma, acuado por delações [...]” (Parágrafo 8º)

    Correta. A primeira forma verbal, "vê", está em forma de voz passiva e flexionada em forma de terceira pessoa do singular; a segunda forma verbal, "acuado" concorda com o sujeito singular "Lula".

    B) “A maior parte desse dinheiro viria do FGTS.” (Parágrafo 7º)

    Correta. A forma verbal "viria" concorda no singular com a expressão "a maior parte desse dinheiro", não havendo elemento que indique pluralidade.

    C) “[...] e isso é o fim da picada, não é, presidente?” (Parágrafo 4º)

    Correta. As duas formas verbais encontradas na passagem concordam no singular com o pronominal demonstrativo em função de sujeito "isso".

    D) “Não há foco na redução do tamanho.” (Parágrafo 6º)

    Incorreta. Não há sujeito na presente construção, que é munida do verbo impessoal "há".

  • O verbo haver no sentido de existir é impessoal, logo não é possível a concordância com sujeito ( pois não há sujeito neste caso).

    O verbo deverá ser empregado na terceira pessoa do singular.

    GABARITO: D

  • Essa é uma questão sobre concordância verbal, em que a banca pedia que o candidato identificasse em qual das alternativas o verbo, posto no singular, não estabelece concordância com um sujeito. Nesse sentido, cabe analisar as opções para resolver o problema.

     Na letra A, a forma verbal “vê" estabelece concordância direta com o sujeito da oração – Lula se acuado por delações. Na opção B, o termo “a maior parte desse dinheiro" é o sujeito da oração (cujo núcleo é o substantivo no singular “parte") o qual concorda com a forma verbal “viria" – verbo “vir" flexionado na terceira pessoa do singular no futuro do pretérito.

    Já na letra C, o pronome “isso" é o sujeito da oração e concorda com o verbo de ligação no singular “é". Por fim, na alternativa D, a forma verbal “há" representa o verbo “haver" utilizado no texto com sentido de “existir" (não existe foco na redução do tamanho). Aqui, deve-se lembrar que, utilizado nessas circunstâncias, o verbo “haver" torna-se impessoal, ou seja, ele será usado somente no singular e não se relaciona com um sujeito. Dessa forma, conclui-se que a letra D é a opção correta a ser marcada.

    Gabarito do professor: Letra D.