SóProvas


ID
5495335
Banca
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão
IPREMU
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Obrigada, Pixar, por criar ‘Soul’ e mostrar que há vida além de um “propósito” para o mercado


Animação nos recorda que existem outros mundos e

que eles são mais discretos, mais belos e mais importantes

do que a ideologia de “uma missão” para dar sentido à existência


Há algum tempo existe uma tendência imparável no mercado de trabalho: a moda da missão. Todas as empresas sérias têm as suas em suas páginas da Internet. Assim, por exemplo, a missão de uma empresa como a Glovo, o Rappi da Europa, pode ser alcançar uma cidade mais verde. E a missão dessa mensagem é que seus trabalhadores entendam que pedalar na chuva sem contrato tem uma finalidade ecológica. O pior é que agora essa ideia de missão também está colando nos indivíduos e serve para diferenciar as vidas com sentido daquelas sem sentido. Então a Pixar chega e faz isso. Um filme de animação sobre a alma em que fica claro que a vida não tem sentido nenhum. Nem profissional, nem pessoal, nem romântico. Pixar 1, LinkedIn 0. Obrigado, Pete Docter, por esta nova joia.


Soul é o paraíso da melhor animação de uma vida ― é evidente a homenagem ao desenhista Jeff Smith e seu inesquecível Bone — e do maior virtuosismo técnico da atualidade. Deslumbrante do início ao fim, tanto pela técnica como pelo roteiro, que luta para explicar nada menos que o sentido da vida. E o faz de um jeito rebelde e, o que é mais raro nos desenhos animados, decente também.


Joe, o protagonista de Soul, é um homem fracassado: sem mulher, sem sucesso e sem dinheiro. No entanto, sua vida tem um sentido: jazz. Admito que, quando Soul começou, pensei que a música ia acabar sendo o que a bicicleta era para os trabalhadores da Glovo e que eu não ia gostar nada disso. Mas acontece que Soul também se esforça para nos explicar por que o jazz também não serve para nada. Porque é melhor jogar no lixo qualquer ideia que relacione o significado da vida ao sucesso. Então, se Joe morre, o que acontece assim que o filme começa, nada acontece. O mundo está cheio de pesos-pesados com a determinada missão de nos deslumbrar com seu talento.


Com a morte de Joe, descobriu-se que, para voltar à vida e fazer seu grande show, ele precisa ajudar uma alma jovem – que ainda não desceu à Terra – a ter uma alma completa para viver. Alguns críticos dizem que este filme é complicado para as crianças por trabalhar um tema abstrato como a alma. No entanto, as crianças transitam com muito mais naturalidade entre o mundo visível e o invisível do que os mais velhos, uma vez que ainda não foram esmagadas pelo trabalho, o dinheiro e as conquistas. Quanto ao resto, o filme é tão fácil como foi Procurando Nemo, só que aqui, em vez de um pai, procura-se uma alma. Pixar 2, Freud 0.


O fato é que a jovem alma está convencida de que não pode viver porque não conhece sua missão e o bobo do Joe tenta causar-lhe inveja com sua paixão musical. No plano “minha vida vale mais porque eu conheço minha paixão”. Ou o que já aceitamos no LinkedIn:“meu trabalho é valioso não pelo que vale – cada vez menos –, mas porque me dá sentido”. Bem, tudo isso é pura ideologia.


Na realidade, o sentido da vida nada mais é do que ser vivida. Uma ideia que se desdobra nos 107 minutos que dura Soul e que serve para nos lembrar o que já sabíamos: que existem outras vidas, que existem outros mundos e que são mais discretos, mais belos e mais importantes que a ideologia com o sentido do livre mercado.

Disponível em:<https://brasil.elpais.com/cultura/2021-01-02/

obrigada-pixar-por-criar-soul-e-mostrar-que-ha-

vida-alem-de-um-proposito-para-o-mercado.html>.

Acesso em: 15 jan. 2021 (Adaptação). 

Releia este período:


“O fato é que a jovem alma está convencida de que não pode viver porque não conhece sua missão e o bobo do Joe tenta causar-lhe inveja com sua paixão musical.”


Sem prejuízo para o sentido original, o pronome destacado no período é corretamente substituído por 

Alternativas
Comentários
  • o pronome oblíquo lhe retoma a ela.

    O verbo causar é bitransitivo.

  • Leia-se o fragmento com destaque ao pronome oblíquo átono:

    “O fato é que a jovem alma está convencida de que não pode viver porque não conhece sua missão e o bobo do Joe tenta causar-lhe inveja com sua paixão musical.”

    O pronome "lhe", um complemento verbal indireto, reporta ao substantivo "alma", podendo, portanto, ser trocado por "a ela". Veja:

    “O fato é que a jovem alma está convencida de que não pode viver porque não conhece sua missão e o bobo do Joe tenta causar inveja a ela com sua paixão musical.”

    Com isso, é respondida a questão.

    Letra C

  • a jovem alma = a ela
  • Tenta causar-lhe : retoma-se a ela ( jovem alma)

  • Pronome oblíquo átonos LHE: concorda com a terceira pessoa do singular.

    Pronome do caso reto ELA: terceira pessoa do singular.

    Pronome oblíquo tônico A ELA:

    concorda com a terceira pessoa do singular.( sempre acompanhado de preposiçao.

  • Essa é uma questão sobre o uso de pronome como elemento de coesão referencial, em que se deve indicar, entre as opções, qual delas apresenta a expressão que substitui adequadamente o pronome “lhe" atrelado ao verbo causar.

     Primeiramente, deve-se destacar que o pronome oblíquo “lhe" sempre irá exercer a função de objeto indireto do verbo ao qual ele se encontra conectado. Assim, reconfigurando a oração com uma pergunta, simplesmente devemos responder: A quem o bobo do Joe tenta causar inveja com sua paixão musical? Ora, observando o período desde o início, temos o seguinte:

    “O fato é que a jovem alma está convencida de que não pode viver porque não conhece sua missão e o bobo do Joe tenta causar-lhe inveja com sua paixão musical."

    Destacado o termo “a jovem alma", fica certo afirmar que é a esse elemento que o pronome oblíquo “lhe" se refere. Dentre as opções, a única que contém um pronome pessoal no feminino e no singular, bem como o substantivo “alma", é a letra C, de modo que essa é a opção a ser marcada.

    Gabarito do professor: Letra C
  • "tenta causar inveja com sua paixão musical a quem? A ela". Gabarito: C