Galera, como assim assindéticas aditivas?
Vocês mesmos falam que são assindéticas (sem conector), então como pode ser assindéticas aditivas se nem apresenta conector?
Para ser aditiva, deveria ter pelo menos uma conjunção coordenativa aditiva, por exemplo, e, nem, não só ... mas também, que (entre termos repetidos), etc.
A vírgula está sendo empregada para separar orações coordenadas assindéticas, apenas.
A questão é de pontuação e quer saber por qual motivo as vírgulas foram usadas em "Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam". Vejamos:
.
A) Separar termos repetidos.
Errado. Não há que se falar em termos repetidos, mas, sim, em orações coordenadas assindéticas, conforme explicado na letra D.
.
B) Separar o adjunto adverbial deslocado.
Errado. Não há que se falar em adjunto adverbial deslocado.
Adjunto adverbial: é sempre um advérbio ou uma locução adverbial. Caracteriza melhor a ação expressa pelo verbo, acrescentando ou especificando uma circunstância qualquer (modo, lugar, tempo...).
Ex.: Nós estudamos muito bem ontem no curso. (“muito” é adjunto adverbial de intensidade. “bem” é adjunto adverbial de modo. “ontem” adjunto adverbial de tempo. “no curso” adjunto adverbial de lugar.)
.
C) Isolar o vocativo .
Errado. Não há que se falar em vocativo.
Vocativo é o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou a coisa personificada a que nos dirigimos. Sempre vem isolado do resto da frase. É um “chamamento”, uma “invocação” com entoação exclamativa.
Ex.: Professor, gostaria que o senhor repetisse a explicação!
.
D) Separar orações coordenadas.
Certo. As vírgulas, nesse caso, foram usadas para separar orações coordenadas assindéticas (sem conjunções).
Oração coordenada é a que está ligada a outra de mesma natureza sintática.
No período composto por coordenação, as coordenadas são independentes (isto é, não funcionam como termos de outras) e se dizem:
- a) sindéticas, quando se prendem às outras pelas conjunções coordenativas. As orações coordenadas sindéticas recebem o nome das conjunções coordenativas que as orações coordenadas sindéticas iniciam. Podem ser, portanto, aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicativas;
- b) assindéticas, se estiverem apenas justapostas, sem conectivo, como as duas primeiras orações do período abaixo. As orações coordenadas assindéticas são separadas por pausas, que na escrita se marcam por vírgula, ponto e vírgula ou dois-pontos.
"Inclinei-me, apanhei o embrulho e segui." (Machado de Assis)
Inclinei-me: oração coordenada assindética;
apanhei o embrulho: oração coordenada assindética;
e segui: oração coordenada sindética aditiva.
.
Referência: CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, 48.ª edição, São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.
.
Gabarito: Letra D