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ID
5631439
Banca
IBFC
Órgão
SEED - RR
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto I


O trecho abaixo é o início do romance Capitu, Memórias Póstumas, de Domício Proença Filho. Considere-o para responder à questão.


    Só agora, decorrido tanto tempo humano, posso, finalmente, contestar as acusações contra mim feitas pelo meu ex-marido, Dr. Bento Santiago. E fazê-lo, porque, nestas paragens que ora habito, aprendi, com meu irmão Brás Cubas, as artes da narrativa alémtumular. Ficamos amigos, ele, eu e o senhor Quincas Borba, o filósofo, um homem extraordinário, não tão louco como alguns pensam e escreveram. Afinal, somos criaturas da mesma pessoa, diante de quem, confesso, fico dividida, talvez por força da ambiguidade do seu texto: ao mesmo tempo que o admiro, há um lado meu que o rejeita. Ele é o grande responsável por tudo o que me aconteceu. Devo-lhe minhas tristezas, minhas alegrias; devo-lhe a fama que, modéstia à parte, acabei granjeando. Mas a ele coube também a construção da imagem negativa que me foi atribuída. A ele e, a bem da verdade, a uns tantos críticos de nomeada que se debruçaram sobre minha história; alguns dentre eles me tiveram por frívola, outros felizmente, nunca aceitaram a palavra do filho de D. Glória. Sou-lhes grata, ao fim e ao cabo, do fundo do meu coração.

    Neste lugar de além-túmulo todos temos de assumir uma missão. A mim me foi dado trabalhar na direção da afirmação do discurso da mulher. Confesso-lhes que fiquei surpresa, quando fui notificada da incumbência. Por que eu? Disseram-me que era por força dos altos desígnios e da minha personalidade forte. Aceitei. Curiosamente, tive como companheira e leitora de fé, a Aurélia, Aurélia Camargo, que eu não conhecia e por quem logo me afeiçoei, uma mulher de rara distinção e encanto! Ela também teve problemas, antes e depois do casamento. Com um certo Seixas. Sua história, como a minha, também foi contada, ainda que apenas em parte, segundo seu próprio testemunho. Por um senhor chamado José de Alencar. Só que carregada de concessões, ela até que tentou afirmar-se, mas os tempos eram outros. “-Tive que ceder, minha amiga; Deus sabe o quanto me custou”. Estimulada por ela, eu, Capitu, decidi escrever sobre o outro lado da minha história. Sob o manto diáfano da fantasia, afinal a melhor forma de chegar à verdade profunda da humana condição. [...]

Na oração destacada “A mim me foi dado trabalhar na direção da afirmação do discurso da mulher.”, ao analisar sua estrutura sintática, pode-se perceber um exemplo de pleonasmo a partir da seguinte função: 

Alternativas
Comentários
  •  “A mim me foi dado trabalhar na direção da afirmação do discurso da mulher.”

    Os pronomes oblíquos tônicos devem vir regidos de preposição. São eles: (mim, ti, ele, ela, si, nós, vós) e se voce observar, vai perceber que os outros pronomes oblíquos tônicos (comigo, contigo, consigo, conosco e convosco) já estão preposicionados, preposição ''com'' + pronome (com+me = comigo, com+si = consigo....)

    portanto o certo seria usar somente o pronome obliquo tônico ''mim''

    O verbo dar é transitivo direto e indireto (VTDI), pois, quem dá, dá algo (objeto direto) a alguém (objeto indireto)

    foi dado algo (trabalhar - objeto direto) a mim (objeto indireto)

    Os dois pronomes oblíquos (mim e me) se referem a primeira pessoa do singular (Eu), mas o erro está em usá-los juntos, sendo que o certo seria usar somente um deles, o ''mim'', pois este é um pronome obliquo tônico que obrigatoriamente deve vir acompanhado de preposição, ao contrario do pronome obliquo átono ''me'', que deve ser usado sem preposição.

  • A mim me foi dado trabalhar na direção da afirmação do discurso da mulher.”

    Foi dado (o quê?) isso (a quem?) A mim, me

    Letra A

  • Tchau vou resolver questão cespe

  • foi dado PARA quem ? olha a preposiçao implicita ai OBJ indireto GAB A