O texto abaixo refere-se à questão.
RETOMANDO A APRENDIZAGEM DEPOIS DA CRISE
Claudia Costin
A recente divulgação de um estudo do Insper mostrando as perdas de aprendizagem ocorridas durante
o período de fechamento das escolas revelou o que muitos já intuíam: a presencialidade é fundamental,
especialmente para crianças e jovens e, mesmo que estratégias adequadas de ensino remoto tenham sido
criadas, tanto por escolas particulares como públicas, o despreparo geral para lidar com uma crise tão grave e
repentina não facilita a aprendizagem. Além disso, para parte dos alunos, a falta de conectividade e de
equipamentos tornou o processo bem mais desafiador.
O estudo tentou quantificar as perdas em ganhos futuros dos atuais alunos de Ensino Fundamental e
Ensino Médio, por ter tido acesso apenas a uma fração dos aprendizados esperados. E as perdas consolidadas
chegariam a 700 bilhões de reais. Mas, infelizmente, o quadro pode se mostrar ainda mais dramático, frente ao
advento da chamada 4ª Revolução Industrial, em que postos de trabalho vêm sendo extintos numa velocidade
sem precedentes na História. Sim, outros postos serão criados, mas demandarão competências de nível muito
mais sofisticado, como pensamento crítico, capacidade de fazer análises mais aprofundadas e resolução
colaborativa de problemas complexos com criatividade.
Neste contexto, contar apenas com habilidades básicas não será mais suficiente. A Educação deverá
se preparar para oferecer um aprendizado bem mais aprofundado em todos os níveis de ensino. Além disso, a
crise da Covid trouxe um outro problema, para além da perda de aprendizagens: o fantasma do abandono
escolar e até o da retomada do trabalho infantil. Evidentemente, para fazer frente a estes enormes desafios,
precisaremos de um esforço nacional e de boas políticas públicas que incluem a busca ativa das crianças e
dos jovens que deixaram a escola.
Mas há algo que cada escola, particular e pública, pode fazer para recuperar, ao menos parcialmente,
o que se perdeu. Primeiro, na volta às aulas presenciais, depois de um acolhimento adequado, fazer uma boa
avaliação diagnóstica que permita à equipe escolar, trabalhando como time, definir um plano de ação claro que
inclua uma priorização do currículo. Precisamos saber o que ainda dá tempo de ensinar até o fim deste ano
letivo, começando por um nivelamento geral para relembrar o que deveria ter sido aprendido no ano ou
semestre anterior.
Também ajuda usar a tecnologia como aliada, num processo de ensino híbrido, agora com a escola
aberta. Em escolas que atendem alunos em situação de vulnerabilidade, ajuda autorizá-los a ficar mais tempo
na escola em espaços como sala de leitura ou de informática, com equipamentos coletivos à sua disposição e
bons recursos digitais voltados à recuperação ou ao ensino remoto.
As plataformas adaptativas, caso a escola tenha acesso a elas, que ajudam o professor a identificar
exatamente as insuficiências de aprendizagem de cada aluno e o remetem para a aula digital que ainda não
domina, podem ser instrumentos poderosos.
Mas, o mais importante é que engajemos os alunos num processo de ensino mais aprofundado e
motivador, formando pensadores autônomos, capazes de formular seus próprios julgamentos. Estes não serão
substituídos por máquinas e poderão ajudar a construir um mundo menos sujeito a crises, como a que
atualmente vivemos. Assim seja!
Disponível em: https://conteudoaberto.ftd.com.br/home-professor/educacao-em-foco/retomando-aaprendizagem-depois-da-crise-por-claudia-costin/#. Acesso em: 19 nov. 2021.
Assinale a alternativa CORRETA.