SóProvas


ID
1044979
Banca
IBFC
Órgão
EBSERH
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

As raízes do racismo
Drauzio Varella

       Somos seres tribais que dividem o mundo em dois grupos: o "nosso" e o "deles". Esse é o início de um artigo sobre racismo publicado na revista "Science", como parte de uma seção sobre conflitos humanos, leitura que recomendo a todos.
      Tensões e suspeições intergrupais são responsáveis pela violência entre muçulmanos e hindus, católicos e protestantes, palestinos e judeus, brancos e negros, heterossexuais e homossexuais, corintianos e palmeirenses.
      Num experimento clássico dos anos 1950, psicólogos americanos levaram para um acampamento adolescentes que não se conheciam.
      Ao descer do ônibus, cada participante recebeu aleatoriamente uma camiseta de cor azul ou vermelha. A partir desse momento, azuis e vermelhos faziam refeições em horários diferentes, dormiam em alojamentos separados e formavam equipes adversárias em todas as brincadeiras e práticas esportivas.
      A observação precisou ser interrompida antes da data prevista, por causa da violência na disputa de jogos e das brigas que irrompiam entre azuis e vermelhos.
Nos anos que se seguiram, diversas experiências semelhantes, organizadas com desconhecidos reunidos de forma arbitrária, demonstraram que consideramos os membros de nosso grupo mais espertos, justos, inteligentes e honestos do que os "outros".
      Parte desse prejulgamento que fazemos "deles" é inconsciente. Você se assusta quando um adolescente negro se aproxima da janela do carro, antes de tomar consciência de que ele é jovem e tem pele escura, porque o preconceito contra homens negros tem raízes profundas.
      Nos últimos 40 anos, surgiu vasta literatura científica para explicar por que razão somos tão tribais. Que fatores em nosso passado evolutivo condicionaram a necessidade de armar coligações que não encontram justificativa na civilização moderna? Por que tanta violência religiosa? Qual o sentido de corintianos se amarem e odiarem palmeirenses?
      Seres humanos são capazes de colaborar uns com os outros numa escala desconhecida no reino animal, porque viver em grupo foi essencial à adaptação de nossa espécie. Agruparse foi a necessidade mais premente para escapar de predadores, obter alimentos e construir abrigos seguros para criar os filhos.
      A própria complexidade do cérebro humano evoluiu, pelo menos em parte, em resposta às solicitações da vida comunitária.
      Pertencer a um agrupamento social, no entanto, muitas vezes significou destruir outros. Quando grupos antagônicos competem por território e bens materiais, a habilidade para formar coalizões confere vantagens logísticas capazes de assegurar maior probabilidade de sobrevivência aos descendentes dos vencedores.
      A contrapartida do altruísmo em relação aos "nossos" é a crueldade dirigida contra os "outros".
      Na violência intergrupal do passado remoto estão fincadas as raízes dos preconceitos atuais. As interações negativas entre nossos antepassados deram origem aos comportamentos preconceituosos de hoje, porque no tempo deles o contato com outros povos era tormentoso e limitado.
      Foi com as navegações e a descoberta das Américas que indivíduos de etnias diversificadas foram obrigados a conviver, embora de forma nem sempre pacífica. Estaria nesse estranhamento a origem das idiossincrasias contra negros e índios, por exemplo, povos fisicamente diferentes dos colonizadores brancos.
      Preconceito racial não é questão restrita ao racismo, faz parte de um fenômeno muito mais abrangente que varia de uma cultura para outra e que se modifica com o passar do tempo. Em apenas uma geração, o apartheid norte-americano foi combatido a ponto de um negro chegar à Presidência do país.
      O preconceito contra "eles" cai mais pesado sobre os homens, porque eram do sexo masculino os guerreiros que atacavam nossos ancestrais. Na literatura, essa constatação recebeu o nome de hipótese do guerreiro masculino.
      A evolução moldou nosso medo de homens que pertencem a outros grupos. Para nos defendermos deles, criamos fronteiras que agrupam alguns e separam outros em obediência a critérios de cor da pele, religião, nacionalidade, convicções políticas, dialetos e até times de futebol.
     Demarcada a linha divisória entre "nós" e "eles", discriminamos os que estão do lado de lá. Às vezes com violência.

Considere o período e as afirmações abaixo.

Estaria nesse estranhamento a origem das idiossincrasias contra negros e índios, por exemplo, povos fisicamente diferentes dos colonizadores brancos.

I. O uso do futuro do pretérito do verbo “estar” indica falta de certeza quanto à origem do preconceito contra outros povos.

II. O adjetivo “idiossincrasias” pode ser substituído, sem alteração de sentido, por agressões.

Está correto o que se afirma em

Alternativas
Comentários
  • Opção II - Errada

    Significado de Idiossincrasia

    s.f. Maneira de ver, sentir, reagir peculiar a cada pessoa. 
    (É uma disposição do temperamento, da sensibilidade que faz com que um indivíduo sinta, de modo especial e muito seu, a influência de diversos agentes.)

    Fonte: http://www.dicio.com.br/idiossincrasia/

  • Idiossincrasias não é adjetivo.

  • I - correta

    II - incorreta - idiossincrasia não é adjetivo e sim substantivo.

    A grande dúvida é: Quando saber se a palavra é adjetivo ou substantivo?

    Método simples: coloque a palavra ao lado de outra em que vc tenha certeza que é substantivo (sempre utilizo a palavra homem). Se houver "coerência" será ADJETIVO.

    Ex: Homem idiossincrasia  - não houve coerência, então não será adjetivo, será substantivo

    Exemplo com a palavra INSANO:

    Homem insano - houve coerência, então será adjetivo.

    -------------------

    A nossa hora chegará! Bons estudos.



  • Gabarito letra A - somente a I está correta.

  • Em relação a afirmação I:

    O futuro do pretérito é empregado para:

    1 - Exprimir um fato futuro relacionando-o a um fato passado. Ex: Ele afirmou que não compareceria à conferência.

    2 - Exprimir dúvida ou incerteza sobre fatos passados. Ex: Estaria nesse estranhamento a origem das idiossincrasias contra negros e índios.

    3 - Indicar desejo de forma polida. Ex: Você me faria um favor?

    4 - Indicar surpresa ou indignação em certas frases interrogativas e exclamativas. Ex: Nunca diria uma coisa dessas!

    5 - Indicar fatos não realizados, ou que não se realizarão, limitados por uma condição. Ex: Se ele me convidasse, eu iria.

    Bons estudos!

  • Opção II - Errada

    Significado de Idiossincrasia

    s.f. Maneira de ver, sentir, reagir peculiar a cada pessoa. 
    (É uma disposição do temperamento, da sensibilidade que faz com que um indivíduo sinta, de modo especial e muito seu, a influência de diversos agentes.)

    Fonte: http://www.dicio.com.br/idiossincrasia/


    Em relação a afirmação I:

    O futuro do pretérito é empregado para:

    1 - Exprimir um fato futuro relacionando-o a um fato passado. Ex: Ele afirmou que não compareceria à conferência.

    2 - Exprimir dúvida ou incerteza sobre fatos passados. Ex: Estaria nesse estranhamento a origem das idiossincrasias contra negros e índios.

    3 - Indicar desejo de forma polida. Ex: Você me faria um favor?

    4 - Indicar surpresa ou indignação em certas frases interrogativas e exclamativas. Ex: Nunca diria uma coisa dessas!

    5 - Indicar fatos não realizados, ou que não se realizarão, limitados por uma condição. Ex: Se ele me convidasse, eu iria


  • Ver um tipo de questão dessa, depois de uma noite mal dormida e muito tempo ainda pra bater a meta diária, só dá vontade de desistir de tudo rs

  • Idiossincrasias = Particularidade comportamental e própria de um indivíduo ou de um grupo de pessoas: as novas empresas buscam entender as idiossincrasias do mercado consumidor.

  • seria interessante e prático se o IBFC mencionasse onde cada palavra, frase solicitada está no texto, assim como fazem as demais organizadoras.