SóProvas


ID
1222996
Banca
IBFC
Órgão
TRE-AM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                        Prazeres mútuos
                            (Danuza Leão)

         É normal, quando você vê uma criança bonita, dizer “mas que linda”, “que olhos lindos”, ou coisas no gênero. Mas esses elogios, que fazemos tão naturalmente quando se trata de uma criança ou até de um cachorrinho, dificilmente fazemos a um adulto. Isso me ocorreu quando outro dia conheci, no meio de várias pessoas, uma moça que tinha cabelos lindos. Apesar da minha admiração, fiquei calada, mas percebi minha dificuldade, que aliás não é só minha, acho que é geral. Por que eu não conseguia elogiar seus cabelos?
         Fiquei remoendo meus pensamentos (e minha dificuldade), fiz um esforço (que não foi pequeno) e consegui dizer: “que cabelos lindos você tem”. Ela, que estava séria, abriu um grande sorriso, toda feliz, e sem dúvida passou a gostar um pouquinho de mim naquele minuto, mesmo que nunca mais nos vejamos.
         Fiquei pensando: é preciso se exercitar e dizer coisas boas às pessoas, homens e mulheres, quando elas existem. Não sei a quem faz mais bem, se a quem ouve ou a quem diz; mas por que, por que, essa dificuldade? Será falta de generosidade? Inveja? Inibição? Há quanto tempo ninguém diz que você está linda ou que tem olhos lindos, como ouvia quando criança? Nem mesmo quando um homem está paquerando uma mulher ele costuma fazer um elogio, só alguns, mais tarde, num momento de intimidade e quando é uma bobagem, como “você tem um pezinho lindo”. Mas sentar numa mesa para jantar pela primeira vez, só os dois, e dizer, com naturalidade, “que olhos lindos você tem”, é difícil de acontecer.
         Notar alguma coisa de errado é fácil; não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa, o comentário é espontâneo e inevitável. Podemos ouvir que a alça do sutiã está aparecendo ou que o rímel escorreu, mas há quanto tempo você não ouve de um homem que tem braços lindos? A não ser que você seja modelo ou miss - e aí é uma obrigação elogiar todas as partes do seu corpo-, os homens não elogiam mais as mulheres, aliás, ninguém elogia ninguém.
         E é tão bom receber um elogio; o da amiga que diz que você está um arraso já é ótimo, mas, de uma pessoa que você acabou de conhecer e que talvez não veja nunca mais, aquele elogio espontâneo e sincero, é das melhores coisas da vida.
         Fique atenta; quando chegar a um lugar e conhecer pessoas novas, alguma coisa de alguma delas vai chamar a sua atenção e sua tendência será, como sempre, ficar calada. Pois não fique. Faça um pequeno esforço e diga alguma coisa que você notou e gostou; o quanto a achou simpática, como parece tranquila, como seu anel é lindo, qualquer coisa. Todas as pessoas do mundo têm alguma coisa de bom e bonito, nem que seja a expressão do olhar, e ouvir isso, sobretudo de alguém que nunca se viu, é sempre muito bom.
         Existe gente que faz disso uma profissão, e passa a vida elogiando os outros, mas não é delas que estamos falando. Só vale se for de verdade, e se você começar a se exercitar nesse jogo e, com sinceridade, elogiar o que merece ser elogiado, irá espalhando alegrias e prazeres por onde passar, que fatalmente reverterão para você mesma, porque a vida costuma ser assim.
         Apesar de a vida ter me mostrado que nem sempre é assim, continuo acreditando no que aprendi na infância, e isso me faz muito bem.

                                        (disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0611200502.htm)


Observe o seguinte fragmento do texto:

não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa,”

Para construir sua crítica, a autora utilizou, na primeira oração desse trecho, um tipo específico de voz verbal. Sobre essa voz é correto afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • Passiva sintética. Analítica é maior seria '' foi dito'' 

  • Na língua portuguesa, a partícula apassivadora ou pronome apassivador é a palavra "se" usada para formar uma oração gramatical na voz passiva sintética, indicando um agente indeterminado. Por exemplo, a frase "alugam-se barcos" (voz passiva sintética) equivale a "barcos são alugados" (voz passiva analítica) e a "alguém aluga barcos" (voz ativa), todas com agente indeterminado (Além de você )

    Neste tipo de construção, a partícula "se" é usada formalmente como pronome oblíquo reflexivo na função de objeto direto de um verbo transitivo, que naturalmente concorda com o sujeito.

    O uso de "se" como partícula apassivadora não deve ser confundido com seus usos como objeto direto da voz ativa reflexiva (por exemplo, na frase "feriu-se com a faca" = "ele feriu a si mesmo com a faca") ou como indicador de sujeito genérico ("vive-se bem aqui" = "uma pessoa geralmente vive bem aqui").


  • FONTE:http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf72.php

    Vozes do Verbo

    Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente da ação. São três as vozes verbais:

    a) Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo.

    Por exemplo:

    Ele fez o trabalho.
    sujeito agente ação objeto (paciente)

    b) Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo.

    Por exemplo:

    O trabalho foi feito por ele.
    sujeito paciente ação agente da passiva

    c) Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação.

    Por exemplo:
    O menino feriu-se.

    Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade.

    Por exemplo:
    Os lutadores feriram-se. (um ao outro)

    Formação da Voz Passiva

    A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.


    1- Voz Passiva Analítica

    Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particípio do verbo principal.

    Por exemplo:
    A escola será pintada.
    O trabalho é feito por ele.

    Obs. : o agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a preposição de.

    Por exemplo:
    A casa ficou cercada de soldados.

    - Pode acontecer ainda que o agente da passiva não esteja explícito na frase.

    Por exemplo:
    A exposição será aberta amanhã.

    - A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação das frases seguintes:

    a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
      O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indicativo)
    b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)
     O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo)
    c)Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
     O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

    - Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Observe a transformação da frase seguinte:

    O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
    As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

    Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva analítica com outros verbos que podem eventualmente funcionar como auxiliares.

    Por exemplo:
    A moça ficou marcada pela doença.

    2- Voz Passiva Sintética

    A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.

    Por exemplo:
    Abriram-se as inscrições para o concurso.
    Destruiu-se o velho prédio da escola.

    Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.


  • Gabarito: a.


    "não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto"

    Quem diz, diz algo (que ele tem o nariz torto) a alguém (a ninguém).

    Logo, temos uma VTDI + partícula "se" = voz passiva sintética.


    Bizu:

    Voz passiva Sintética ---> partícula Se.

  • Para não errar questões desse tipo, a primeira situação é colocar a frase na ordem direta para saber quem é o sujeito e quem é o predicado. Somente as duas primeiras orações devem ser analisadas: "Não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto,...".
    Primeiramente, coloca-se as orações na ordem direta para se saber quem é o sujeito e o predicado.

    Ficaria assim: "Que ele tem o nariz torto não se diz a ninguém".
    Notem que ocorre a presença de duas orações, devido a presença de dois verbos na frase: ter e dizer. Como esses dois verbos não fazem parte de um tempo composto e, muito menos, de uma locução verbal; tem-se o chamado período composto por subordinação. A primeira oração (Que ele tem o nariz torto) conjuga o verbo dizer; ou seja, essa primeira oração exerce a função sintática de sujeito, em relação ao verbo dizer. Ela,sendo subordinada, pois ficaria sem sentido essa frase solta, receberá o nome de oração subordinada substantiva subjetiva.A segunda oração é principal, pois ela é principal em relação a primeira. A primeira só existe devido à segunda.Pronto, encontramos o sujeito da oração principal, encontramos quem está conjugando o verbo dizer. Agora, para se encontrar a voz verbal da oração que contém o verbo dizer, precisamos saber se o sujeito está realizando a ação (voz ativa), recebendo a ação (voz passiva) ou realizando e recebendo a ação simultaneamente (voz reflexiva).A oração subordinada subjetiva (Que ele tem o nariz torto) sofre o efeito de não ser dita a ninguém. Então a voz verbal presente no verbo dizer é passiva.
    Para ficar mais fácil saber qual é a oração subordinada substantiva e a sua função sintática, basta saber qual oração pode ser trocada pelo pronome demonstrativo isso e, logo em seguida, procurar identificar a função sintática da palavra isso em relação à oração principal.Que ele tem o nariz torto não se diz a ninguém.Isso não se diz a ninguém. (Voz passiva analítica)Não diz-se isso a ninguém. (Voz passiva sintética).
  • Otimo comentario de "Primeira fatia". Apenas uma correcao: nao ultima oracao do comentario (Não diz-se isso a ninguém), o adverbio de negacao "nao" exerce atracao sobre o pronome apassivador "se", configurando caso de proclise obrigatoria, assim como esta' no texto original.

  • O "se" funciona como um pronome que tem a função de apassivar o sujeito. 
    Não se diz a ninguém isto. Isto o quê? Que ele tem o nariz torto. Não se diz a ninguém, não é dito a ninguém.
    Quando eu tenho o "se" e a oração pode ser passada para a voz passiva analítica, é um mecanismo para identificarmos o "se" como pronome apassivador.
    Ex: vende-se casa= casa é vendida; vendem-se casas=casas são vendidas; compra-se carro=carro é comprado; vendem-se bolinhos=bolinhos são vendidos.
    Esse é o caso da questão. Não se diz a ninguém é a voz passiva sintética, transpondo-se para a passiva analítica: não é dito a ninguém.

  • Suzana MATOU a questão.

  • Algo é dito.

  • não se diz a ninguém que ele tem o nariz torto, mas, se for alguém que estiver em outra mesa,”

    Para saber se está na passiva, é só analisar se o verbo é transitivo Direto ou Bitransitivo. -> Quem diz, diz algo. (VTD). Ou seja, o "se" é uma partícula apassivadora, só é substituir o "se diz"(P. sintética) por "é dito" (P. analítica), se mantiver o sentido, é.

  • #TRIBOCASCAVEL

    PMBA !!!!!