SóProvas


ID
1282348
Banca
FGV
Órgão
SUSAM
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos



Acredite, progredimos sim




Faz hoje exatos 50 anos do chamado Comício da Central do Brasil, que funcionou como acelerador para a conspiração já em andamento que acabaria por depor o presidente constitucional João Belchior Marques Goulart, apenas 18 dias depois.

É bom olhar para trás para verificar que, pelo menos no terreno institucional, o país progrediu bastante desde que chegou ao fim o ciclo militar, há 29 anos. É um dado positivo em uma nação com tão formidável coleção de problemas e atraso em tantas áreas como o Brasil.

Ajuda-memória: o comício foi organizado pelo governo Goulart. Havia uma profusão de bandeiras vermelhas pedindo a legalização do ainda banido Partido Comunista Brasileiro, o que era o mesmo que acenar para o conservadorismo civil e militar com o pano vermelho com que se atiça o touro na arena.

Se fosse pouco, havia também faixas cobrando a reforma agrária, anátema para os poderosos latifundiários e seus representantes no mundo político.

Para completar, Jango aproveitou o comício para assinar dois decretos, ambos tomados como “comunizantes" pelos seus adversários: o que desapropriava refinarias que ainda não eram da Petrobrás e o que declarava de utilidade pública para fins de desapropriação terras rurais subutilizadas.

Na visão dos conspiradores, eram dois claros atentados à propriedade privada e, como tais, provas adicionais de que o governo preparava a comunização do país.

Cinquenta anos depois, é um tremendo progresso, do qual talvez nem nos damos conta, o fato de que bandeiras vermelhas - ou azuis ou amarelas ou verdes ou brancas ou pretas - podem ser tranquilamente exibidas em atos públicos sem que se considere estar ameaçada a ordem estabelecida.

Reforma agrária deixou de ser um anátema, e a desapropriação de terras ociosas é comum mesmo em governos que a esquerda considera de direita ou conservadores.

Continua, é verdade, a batalha ideológica entre ruralistas e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, mas ela se dá no campo das ideias, sem que se chame a tropa para resolvê-la. Pena que ainda continuemos primitivos o suficiente para que haja mortes no campo (além de trabalho escravo), mas, de todo modo, ninguém pensa em chamar o Exército por causa dessa carência.

Nos quase 30 anos transcorridos desde o fim do ciclo militar, foi possível, dentro da mais absoluta ordem e legalidade, promover o impeachment de um presidente, ao contrário do ocorrido em 1964, ano em que Jango foi impedido à força de exercer o poder.

Votei pela primeira vez para presidente em 1989, quando já tinha 46 anos. Meus filhos também votaram pela primeira vez naquela ocasião, o que significa que uma geração inteira teve capada parte essencial de sua cidadania durante tempo demais.

Hoje, votar para residente é tão rotineiro que ficou até meio monótono. Democracia é assim mesmo.

Pena que esse avanço institucional inegável não tenha sido acompanhado por qualidade das instituições. Espero que esse novo passo não leve 50 anos.

(Clovis Rossi, Folha de São Paulo, 13/03/2014)





“Se fosse pouco...”

Esse segmento inicial do quarto parágrafo poderia ser reescrito, mantendo-se o seu sentido original, da seguinte forma:

Alternativas
Comentários
  • ..., o que era o mesmo que acenar para o conservadorismo civil e militar com o pano vermelho com que se atiça o touro na arena.

    Se fosse pouco, = d) “Como se ainda fosse pouco...”  - além de terem "acendo" para o conservadorismo... 

    havia também faixas cobrando a reforma agrária, anátema para os poderosos latifundiários e seus representantes no mundo político.

  • Acredito que o motivo pelo qual a maioria marcou letra "d", assim como eu, foi porque essa é realmente a letra correta. Alguém aí saberia me dizer se o erro no gabarito é da banca ou do site?

  • Não entendi porque o gabarito foi D... pois "caso" é uma conjunção condicional e não caberia usá-la? Se alguém puder explicar, ficarei grata. =)

  • Também não concordo com o gabarito D, onde estaria o erro da letra E? Qual a explicação para a D estar correta?

  • alguém poderia explicar melhor?

  • Entendi o "Se fosse pouco" no sentido de que "se não o bastante", "se não fosse o suficiente" ou ainda "como se não bastasse", por isso marquei a letra d.

    Exemplo: Jogo entre Corinthians e São Paulo, o Corinthians fez 3 e o São Paulo 0. 
    "Como se ainda fosse pouco" o Rogério Ceni fez mais um gol contra. 
    "Se fosse pouco" o Rogério Ceni fez mais um gol contra.
    "Como se não bastasse" o Rogério Ceni fez mais um gol contra.

    Bom, essa foi a metodologia que utilizei, talvez sirva pra alguém.
  • O comando da questão nos faz pensar que era uma Conjunção Condicional. Mas se analisarmos a frase completa, a resposta D tem sentido de Comparação.

  • acho que se uma conjunção tem um sentido X isso é por algum motivo... e se o escritor não a usa é pq fez errado! 

    se fosse conosco (simples alunos/estudantes) erraríamos!

  • Realmente pelo contexto o SE não se trata de condição mais dá uma idéia de inclusão ou adição...

     "Se fosse poucohavia também faixas cobrando a reforma agrária"

     É só substituir a letra D na frase e percebe-se que faz sentido:

    "Como se ainda fosse pouco, havia também faixas cobrando a reforma agrária"

  • essa matou o decoreba..

  • O fato já existe, quando expressa" havia também".. e na condição há exatamente a ideia de realização de um fato. Portanto, não é condição.

  • FGV diferenciada, quem vai com no mundinho fechado da decoreba pra prova dela às vezes se rala.

  • Dica que tenho levado pra vida: questões da FGV envolvendo substituição de conjunções, leia o texto!

  • Todo mundo na base do "achismo". O gabarito é a letra "d", mas daí a ficar no "acho", "a meu ver", "eu entendo que" e ninguém ter capacidade técnica de explicar, vai ficar difícil estudar por aqui...

    Um professor pra nos auxiliar, por favor...

  • Perfeito o comentário do Prof. Arenildo.

  • Acertei, porém foi muito subjetiva e sinceramente a banca deixou a gente na mão dela.

    Pela inferência dava para chegar na letra D, mas vai saber se realmente foi a intenção de quem escreveu.