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ID
1287136
Banca
FEPESE
Órgão
MPE-SC
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 2

          No tempo do futebol-arte

Entusiasta da miscigenação, Gilberto Freyre ajudou a  criar a ideia de um modo tipicamente brasileiro de dar  espetáculo com a bola nos pés.


A interpretação da identidade brasileira a partir da  mestiçagem rendeu à obra de Gilberto Freyre (1900- 1987) o reconhecimento e a controvérsia que ela  merece. Seria de estranhar que um pensador dedicado a esses temas não incluísse em suas análises os  significados do futebol para o país. E ele incluiu.

No clássico Casa-Grande & Senzala, publicado em  1933 e dedicado à formação da vida íntima da família  patriarcal brasileira durante a Colônia, Freyre já menciona jogos com bola praticados por índios. Três anos  depois, dá sequência às suas teses em Sobrados &  Mocambos, e não deixa de pontuar os esportes como  vias de acesso do mulato à ascensão social. O emergente esportista do final do século XIX situa-se ao lado  do eminente bacharel, com diploma universitário.

A ideia de um “futebol-arte” brasileiro em oposição ao  “futebol-científco” europeu é defendida por Freyre no  livro Sociologia, de 1940. Era uma estratégia astuta do  sociólogo, pois o futebol do país ainda não havia se  consagrado mundialmente. A nação se ressentia de  certa inferioridade em face do futebol praticado na  Argentina, no Uruguai e em países da Europa, como  Itália e Inglaterra. Ao privilegiar a exibição em detrimento da simples competição, Gilberto Freyre minimizava a escassez de triunfos e capitalizava os aspectos  positivos que lhe interessavam ressaltar no futebol  brasileiro –diferenciando-o do praticado por outras  nações, vizinhas ou distantes.

Ao erigir em ícone os termos “futebol mulato” e “futebol arte”, a linguagem freyriana contribuiu para cristalizar uma autoimagem, hoje tão arraigada e compartilhada pelos brasileiros como uma espécie de segunda natureza.

BUARQUE DE HOLLANDA, Bernardo. [Adaptado] Disponível
em http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/
no-tempo-do-futebol-arte. Escrito em: 1/6/2014. Acessado em
16/8/2014.

Analise as afrmativas abaixo, considerando o texto 2.


1. Em “Três anos depois, dá sequência às suas teses em Sobrados & Mocambos […]” (segundo parágrafo), o sinal indicativo de crase é opcional em “às”.
2. Em “[…] capitalizava os aspectos positivos que lhe interessavam ressaltar no futebol brasileiro […]” (terceiro parágrafo), o pronome oblíquo sublinhado pode ser corretamente substituído por “o”, mantendo-se a mesma regência verbal.
3. O primeiro período do terceiro parágrafo (“A ideia…”) é constituído por uma oração na voz passiva.
4. Em “A nação se ressentia de certa inferioridade em face do futebol praticado […]” (terceiro parágrafo), a expressão sublinhada pode ser corretamente substituída por “em face ao” ou pela forma reduzida “face o”.
5. Em “Ao erigir em ícone os termos “futebol mulato” e “futebol arte” […]”, (último parágrafo), a expressão sublinhada poderia ser substituída por “tombar como relíquia”, sem prejuízo do sentido da frase.

Assinale a alternativa que indica todas as afrmativas corretas.

Alternativas
Comentários
  • a) São corretas apenas as afrmativas 1 e 3.

  • Vejamos as orações:

    a) Face ao que foi apresentado, tomamos certas atitudes.
    b) Nada pode ser feito em face das medidas oferecidas.

          Qual das duas está incorreta? Resposta polêmica, já que uns acreditam que as duas expressões estão corretas, enquanto “face a” é abominada por muitos. O que acontece é que há tantas variações que reduzir a uma só ficaria pedante e, até mesmo, apelativo; já que seria considerado radicalismo.A indignação dos gramáticos, da norma culta da língua e dos estudiosos é a preposição: se tem “em” ou “à” está correto! Logo, “em face de” ou “em face a” são aceitas e “face a” não!
               A princípio, só se usava “em face de”, mas quando surgiu “em face a”, ficou fácil tirar o tal “em” e abreviar para “face a”! Essa última é mais usada na oralidade e é melhor que, por enquanto, seja usada somente desta maneira! Assim, diante de frases com sentido de “diante”, “defronte”, “perante”, “na presença de” prefira usar as correspondências que não têm pendências de dúvidas, ou seja, “em face de” ou “em face a”.
              No caso da crase em “em face à” é justificada porque há o encontro do artigo “a” com a preposição “a”. Observe:  Em face a + a observação = em face à observação feita, faremos o possível para respondê-la! Observe a substituição pela preposição “a” mais artigo “o”: Em face a + o notório = em face ao notório jogo da seleção, o técnico permanece.
          Assim também acontece com “de” que se une aos artigos (o, os, a, as): Em face dos acontecimentos relatados, tomaremos providências. Gostaríamos de conversar com os alunos em face das regras abolidas neste ano.
         Assim, diante de dúvidas, opte pelas expressões que, por assim dizer, obedecem à linguagem culta.


    http://www.mundoeducacao.com/gramatica/em-face-ou-face-a.htm


  • A ideia de um “futebol-arte” brasileiro em oposição ao  “futebol-científco” europeu é defendida por Freyre no  livro Sociologia, de 1940. (primeiro periodo do terceiro paragrafo)

    ....essa frase esta na voz passiva???
  • Tem algo errado com esse gabarito, eis que encontrei só a 3 como correta, a alternativa 1 não pode estar correta, tendo em vista que a crase só será opcional diante de pronome possessivo feminino no SINGULAR e "suas" encontra-se no plural, portanto obrigatória a crase.

  • se a questão foi anulada não deveria estar aqui... apenas uma opinião

  • Item I tbm está errado: 

    Se houver a preposição a diante de um pronome possessivo adjetivo plural, o uso do acento indicador de crase só ocorrerá se houver as; caso o a aparecerá no singular, haverá somente a preposição: a ou às.

    Exemplos: 

    Não obedeço a suas professoras. (com a prep. a, mas sem o artigo as)

    Não obedeço às suas professoras. (com a prep. a e com o artigo as)

  • nós usuários do site que temos que marcar a questão como anulada... basta clicar em "notificar erro". Já fiz a minha parte, mas acho que eles só anulam se vários usuários notificarem.