SóProvas


ID
1385611
Banca
FDC
Órgão
AGERIO
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O futebol de hoje, sob o puro aspecto quantitativo, deixa o de ontem longe. É acompanhado por multidões incalculáveis. Tem a televisão a seu serviço, essa máquina de criar fenômenos avassaladores. Movimenta interesses e quantias estratosféricas. Até no Japão e na Coreia - quem imaginaria? - é popular. Uma Copa do Mundo, nos dias que correm, é evento planetário como nenhum outro. Já sob o ponto de vista da qualidade da relação com o torcedor, o futebol atual perde. Havia um vínculo afetivo entre o craque e o clube, o craque e o torcedor e o torcedor e o clube, que foi comprometido. Atentemos, para ter ideia precisa do que se está tentando dizer, em duas diferenças fundamentais entre o futebol de ontem e o de hoje.

A primeira diz respeito ao uniforme. Antes, os times apresentavam-se sempre com o mesmo. Vá lá: não era sempre, era quase sempre. Havia ocasiões - uma em cada dez, não mais que isso - em que era preciso trocar de uniforme, pois o do adversário era parecido. Trocava-se então pelo uniforme reserva, que por sua vez era sempre o mesmo, o único e mesmo uniforme reserva. Hoje, o que acontece? O mesmo time pode aparecer com a camisa branca num jogo, listrada no seguinte, cinza no terceiro jogo e com bolinhas e rendas no quarto, isso quando o time alvinegro não se traveste de vermelho, o rubro-negro de verde e o tricolor de um único e inteiriço amarelo. Vale tudo, em favor do contraste que a televisão julgar mais conveniente para a transmissão. 

A segunda diferença é que os times, antes, permaneciam com as mesmas escalações por anos a fio. Podia haver uma modificação pontual aqui e ali, mas no geral, na base, no núcleo duro, a escalação permanecia a mesma. Pode o jovem leitor imaginar uma coisa dessas? Era um tempo de estabilidade e permanência. Os craques ficavam longamente, muitas vezes a vida inteira, nos mesmos clubes. Em consequência, acabavam se identificando com eles. Não se precisa ir muito longe: isso acontecia ainda nos anos 80. Zico era do Flamengo. Zico era o Flamengo. Roberto Dinamite era do Vasco. Um pouco mais para trás, Ademir da Guia, chamado o Divino, a quem João Cabral de Melo Neto dedicou um poema que lhe descrevia o estilo melhor do que qualquer comentarista esportivo (“Ademir impõe com seu jogo / o ritmo de chumbo (e o peso) / da lesma, da câmara lenta, / do homem dentro do pesadelo”) era do Palmeiras. Era o Palmeiras. E Pelé naturalmente era do Santos, assim como Garrincha era do Botafogo, apesar das peregrinações por outros clubes impostas pelas humilhações de fim de carreira. 

Hoje, o que se vê? Tomem-se os craques da seleção, os Edilsons e Luizões da vida. Em que time jogam? Mais adequado seria perguntar: em que time estão jogando neste momento, 3 da tarde? E em qual estarão às 4? Se há tanta inconstância, não há como firmar vínculo com os clubes. Portanto, não há como firmar vínculo com o torcedor. Como resultado, eis-nos introduzidos a um futebol sem heróis. Ademir da Guia tem uma estátua na sede do Palmeiras. Já Romário, quem o homenageará? Nestes últimos anos, ele jogou no Vasco e em seu contrário, o Flamengo. Tanto para os torcedores de um clube como do outro, ele é em parte herói e em parte traidor. 

(TOLEDO, Roberto Pompeu de. Rev. Veja, 10 / 04 / 002, p. 110.) 

“A primeira diz respeito ao uniforme. Antes, os times apresentavam-se sempre com o mesmo. Vá lá: não era sempre, era quase sempre. Havia ocasiões - uma em cada dez, não mais que isso - em que era preciso trocar de uniforme, pois o do adversário era parecido.”

Em relação ao fragmento, o correto é afirmar que:

Alternativas
Comentários
  • A) Há vírgula sendo usada para separar os adverbios e outras o aposto.

    C) incorreta, o verbo é diz (trasitivo direto) e o OD é "respeito", ao uniforme é complemento do nome "respeito" e não do verbo.


    D) incorreta, nem todos são sujeitos simples "apresentavam-se" não é.

    E) incorreta, "adversário" é paroxítona terminada em ditongo.

  • qual é o erro da C? 


  • Larissa Almeida,

    o erro da letra c (penso eu),

    "ao uniforme" é um complemento do nome "respeito", que é um substantivo masculino. Então, é um complemento nonimal.

  • Galera o erro da "C" é a preposição, OD não pede preposição. É direto.

  • "Ao uniforme" é complemento nominal de RESPEITO.

    Não existe objeto indireto nessa frase. Apenas um objeto DIRETO que complementa o verbo "dizer".

  • Nem todos os verbos apresentam o mesmo tipo de sujeito, haja vista os verbos haver e ser, os quais exercem respectivamente a transitivadade direta e intransitivo.

    Quanto a letra C, muitos estão equivocados, pois não se trata de OD e sim de complemento nominal: quem diz respeito, diz respeito A ALGUMA COISA. 

  • Havia ocasiões... não tem sujeito...

    Verbo "haver", quando no sentido de ocorrer, existir é impessoal, portanto, sem sujeito.

  • Como vocÊs conseguiram encontrar juízo de valor em - uma em cada dez, não mais que isso - " ? eu vi isso como uma explicação, não como juízo de valor. Por favor, indiquem para comentário!

  • Nem que eu procurasse durante anos conseguiria ver juízo de valor na letra B.

  • Quem entendeu juízo de valor aí é maluco

  • A) Há vírgula sendo usada para separar os adverbios e outras o aposto.

    B) O juízo de valor esta na cabeça do examinador pq to procurando até agora kkk

    C) incorreta, o verbo é diz (trasitivo direto) e o OD é "respeito", ao uniforme é complemento do nome "respeito" e não do verbo.

    D) incorreta, nem todos são sujeitos simples "Havia ocasiões... não tem sujeito..."

    E) incorreta, "adversário" é paroxítona terminada em ditongo.