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ID
1490359
Banca
AOCP
Órgão
BRDE
Ano
2012
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                Condenados à tradição
                                        O que fizeram com a poesia brasileira

                                                                                                                                    Iumna Maria Simon

     Por um desses quiproquós da vida cultural, a tradicionalização, ou a referência à tradição, tornou-se um tema dos mais presentes na poesia contemporânea brasileira, quer dizer, a que vem sendo escrita desde meados dos anos 80.
     Pode parecer um paradoxo que a poesia desse período, a mesma que tem continuidade com ciclos anteriores de vanguardismo, sobretudo a poesia concreta, e se seguiu a manifestações antiformalistas de irreverência e espontaneísmo, como a poesia marginal, tenha passado a fazer um uso relutantemente crítico, ou acrítico, da tradição. Nesse momento de esgotamento do moderno e superação das vanguardas, instaura-se o consenso de que é possível recolher as forças em decomposição da modernidade numa espécie de apoteose pluralista. É uma noção conciliatória de tradição que, em lugar da invenção de formas e das intervenções radicais, valoriza a convencionalização a ponto de até incentivar a prática, mesmo que metalinguística, de formas fixas e exercícios regrados.
     Ainda assim, não se trata de um tradicionalismo conservador ou “passadista", para lembrar uma expressão do modernismo dos anos 20. O que se busca na tradição não é nem o passado como experiência, nem a superação crítica do seu legado. Afinal, não somos mais como T. S. Eliot, que acreditava no efeito do passado sobre o presente e, por prazer de inventar, queria mudar o passado a partir da atualidade viva do sentimento moderno. Na sua conhecidíssima definição da tarefa do poeta moderno, formulada no ensaio “Tradição e talento individual", tradição não é herança. Ao contrário, é a conquista de um trabalho persistente e coletivo de autoconhecimento, capaz de discernir a presença do passado na ordem do presente, o que, segundo Eliot, define a autoconsciência do que é contemporâneo.
     Nessa visada, o passado é continuamente refeito pelo novo, recriado pela contribuição do poeta moderno consciente de seus processos artísticos e de seu lugar no tempo. Tal percepção de que passado e presente são simultâneos e inter-relacionados não ocorre na ideia inespecífica de tradição que tratarei aqui. O passado, para o poeta contemporâneo, não é uma projeção de nossas expectativas, ou aquilo que reconfigura o presente. Ficou reduzido, simplesmente, à condição de materiais disponíveis, a um conjunto de técnicas, procedimentos, temas, ângulos, mitologias, que podem ser repetidos, copiados e desdobrados, num presente indefinido, para durar enquanto der, se der.
     Na cena contemporânea, a tradição já não é o que permite ao passado vigorar e permanecer ativo, confrontando-se com o presente e dando uma forma conflitante e sempre inacabada ao que somos. Não implica, tampouco, autoconsciência crítica ou consciência histórica, nem a necessidade de identificar se existe uma tendência dominante ou, o que seria incontornável para uma sociedade como a brasileira, se as circunstâncias da periferia pós-colonial alteram as práticas literárias, e como.
     Não estou afirmando que os poetas atuais são tradicionalistas, ou que se voltaram todos para o passado, pois não há no retorno deles à tradição traço de classicismo ou revivalismo. Eles recombinam formas, amparados por modelos anteriores, principalmente os modernos. A tradição se tornou um arquivo atemporal, ao qual recorre a produção poética para continuar proliferando em estado de indiferença em relação à atualidade e ao que fervilha dentro dela.
     Até onde vejo, as formas poéticas deixaram de ser valores que cobram adesão à experiência histórica e ao significado que carregam. Os velhos conservadorismos culturais apodreceram para dar lugar, quem sabe, a configurações novas e ainda não identificáveis. Mesmo que não exista mais o “antigo", o esgotado, o entulho conservador, que sustentavam o tradicionalismo, tradição é o que se cultua por todos os lados.
     Na literatura brasileira, que sempre sofreu de extrema carência de renovação e variados complexos de inferioridade e provincianismo, em decorrência da vida longa e recessiva, maior do que se esperaria, de modas, escolas e antiqualhas de todo tipo, essa retradicionalização desculpabilizada e complacente tem inegável charme liberador.

                                                                                                                   Revista Piauí, edição 61, 2011.


Assinale a alternativa cuja sequência verbal destacada constitui um exemplo de tempo composto.

Alternativas
Comentários
  • tempos compostos São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e como principal, qualquer verbo no particípio. São eles
  • so mais uma observação:
    para qlq análise, utilizamos apenas o auxiliar.desse modo, quando queremos descobrir o tempo verbal, basta analisar o auxiliar.
  • Complementando o comentário do colega...

    O tempo composto será determinado pelo verbo auxiliar. Contudo há duas exceções onde o tempo do auxiliar não é o mesmo tempo do composto.

    REGRA: tempo do auxiliar é o mesmo tempo do composto.
    Exemplo 1: terei falado (futuro do presente composto)
    Exemplo 2: ter falado (infinitivo composto)
    Exemplo 3: tendo falado (gerúndio composto)
    Exemplo 4: tiver falado (futuro do subjuntivo composto)

    EXCEÇÃO 1: o pretérito perfeito composto é formado por um verbo auxiliar NO PRESENTE mais outro no particípio.
    Exemplo 1: tem falado
    Exemplo 2: tenho contado

    EXCEÇÃO 2: o mais-que-perfeito composto é formado por um verbo auxiliar NO PRETÉRITO IMPERFEITO mais outro no particípio.
    Exemplo 1: tinha falado
    Exemplo 2: havia emprestado
    Exemplo 3: tinha contado


  • e) “tenha passado a fazer um uso relutantemente crítico, ou acrítico, da tradição. correto- "ter" + particípio equivalem a pret. imperf. “tenha passado" podia ser subsituído por "passava".
  • Alternartiva correta letra E


    “tenha passado a fazer um uso relutantemente crítico, ou acrítico, da tradição

    Pretérito perfeito composto do subjuntivo


    Formado pelo presente do subjuntivo mais o particípio de um verbo, o pretérito perfeito composto do subjuntivo expressa uma hipótese ou um desejo. 
  • tempo composto:
     formados por locuções verbais que têm como auxiliares (normalmente)os verbos ter e haver e como principal, qualquer verbo no particípio.
    a unica opção em que temos isso é na letra E.
  • verbo composto no pretérito perfeito se usa com PI+ particípio ou PS+particípio.

    tenho passado

    ou

    tenha passado
  • Tempos Compostos: São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter e haver e como principal, qualquer verbo no particípio.
    Na frase da alternativa correta letra E, temos Pretérito Perfeito Composto do Subjuntivo: É a formação de locução verbal com o auxiliar terou haver no Presente do Subjuntivo e o principal no particípio, indicando desejo de que algo já tenha ocorrido.
    Por exemplo: Espero que você tenha estudado o suficiente, para conseguir a aprovação.
    FONTE: só português.
  • Tempo composto é um verbo principal mais um auxiliar, geralmente substituindo uma forma verbal de verbo absoluto, mas ainda com o mesmo sentido. e.g.: Ele tinha passado de ano= Ele passara de ano. Vou fazer bolo. Farei bolo.

    Na "e)" a forma “tenha passado a fazer" é composta e equivale-se a "passara a fazer"
  • Letra e

    Tempos Compostos

    São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter haver e como principal, qualquer verbo no particípio.

  • tenha passado a fazer um uso relutantemente crítico, ou acrítico, da tradição.

    Pretérito perfeito composto do modo subjuntivo (presente do subjuntivo + particípio) - traduz um fato totalmente terminado num momento passado.

  • Tempos Compostos

    São formados por locuções verbais que têm como auxiliares os verbos ter haver e como principal, qualquer verbo no particípio


    Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf66.php

  • É simples de se perceber o erro. Toda vez que estiver presente o verbo ter ou haver como auxiliar de um verbo principal no particípio regular, teremos um tempo composto. Por isso a letra E é a correta.

  • TEMPO COMPOSTO-Verbos ter haver + PARTICÍPIO

    LOCUÇÃO VERBAL- Verbos auxiliares + GERÚNDIO ou INFINITIVO

  • TER HAVER + PARTICÍPIO

  • O tempo composto é formado por ter/haver + particípio.

    GABARITO -> [E]

  • ter e haver

     

  • LETRA E

    TEMPO COMPOSTO: Locuções verbais ( verbo auxiliar + verbo principal) formadas pelos verbos TER e HAVER, mais verbo principal no particípio.

  • Gab: E

    tenha passado a fazer um uso relutantemente crítico, ou acrítico, da tradição.

    Tempos compostos formado pelo verbo TER(Pretérito Perfeito do Subjuntivo) + verbo principal no Particípio.

  • ✅Gabarito correto letra E.

    "tenha passado a fazer um uso relutantemente crítico, ou acrítico, da tradição".

    Tempo Composto = TER v HAVER + Particípio.

    Bons estudos e boa prova!✌

  • tempo composto: verbo auxiliar (ter \ haver)

    verbo principal (particípio)

    locução verbal: auxiliar (qualquer verbo)

    verbo principal (infinitivo \ gerúndio)

    voz passiva analítica: verbo auxiliar (ser \ ficar \ estar)

    verbo principal: particípio (varia em gênero e número)

  • Tal sequência está no pretérito perfeito do subjuntivo pois o verbo auxiliar está no presente do subjuntivo.

    GAB: Letra E