SóProvas


ID
1506790
Banca
FCC
Órgão
TRT - 15ª Região (SP)
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber que a prática foi uma das maiores vergonhas da humanidade. Mas é preciso corrigir o tempo do verbo. Foi? Melhor escrever a frase no presente. A escravidão ainda é uma das maiores vergonhas da humanidade. E o fato de o Ocidente não ocupar mais o topo da lista como responsável pelo crime não deve ser motivo para esquecermos ou escondermos a infâmia.
     Anos atrás, lembro-me de um livro aterrador de Benjamin Skinner que ficou gravado nos meus neurônios. Seu título era A Crime So Monstrous (Um crime tão monstruoso) e Skinner ocupava-se da escravidão moderna para chegar à conclusão aterradora: existem hoje mais escravos do que em qualquer outra época da história humana.
    Skinner não falava apenas de novas formas de escravidão, como o tráfico de mulheres na Europa ou nos Estados Unidos. A escravidão que denunciava com dureza era a velha escravidão clássica - a exploração braçal e brutal de milhares ou milhões de seres humanos trabalhando em plantações ou pedreiras ao som do chicote. [...]

     Pois bem: o livro de Skinner tem novos desenvolvimentos com o maior estudo jamais feito sobre a escravidão atual. Promovido pela Associação Walk Free, o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa miséria contemporânea. [...]
    A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava, continua a espantar o mundo em termos absolutos com um número que hoje oscila entre os 13 milhões e os 14 milhões de escravos. Falamos, na grande maioria, de gente que continua a trabalhar uma vida inteira para pagar as chamadas "dívidas transgeracionais" em condições semelhantes às dos escravos do Brasil nas roças.

     Conclusões principais do estudo?  Pessoalmente, interessam-me duas. A primeira, segundo o Global Slavery Index, é que a escravidão é residual, para não dizer praticamente inexistente, no Ocidente branco e "imperialista".
    De fato, a grande originalidade da Europa não foi a escravidão; foi, pelo contrário, a existência de movimentos abolicionistas que terminaram com ela. A escravidão sempre existiu antes de portugueses ou espanhóis comprarem negros na África rumo ao Novo Mundo. Sempre existiu e, pelo visto, continua a existir.
    Mas é possível retirar uma segunda conclusão: o ruidoso silêncio que a escravidão moderna merece da intelectualidade progressista. Quem fala, hoje, dos 30 milhões de escravos que continuam acorrentados na África, na Ásia e até na América Latina? [...]

     O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode relembrar ao mundo algumas vergonhas passadas. Mas confesso que espero pelo dia em que Hollywood também irá filmar as vergonhas presentes: as vidas anônimas dos infelizes da Mauritânia ou do Haiti que, ao contrário do escravo do filme, não têm final feliz.

                                                 (Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. "Os Escravos". Disponível em:                                                                                                                    http://www1.folha.uol.com.br)

Atente para as afirmações, abaixo, sobre o texto:

I. Com a substituição de que(1° parágrafo) por "se", atribui-se caráter hipotético ao que se diz em seguida.

II. Sem prejuízo para a correção, pode-se isolar com vírgulas o título do livro A Crime So Monstrous(2 o parágrafo), como ocorre, no último parágrafo, com o título do filme 12 Anos de Escravidão.

III. O travessão empregado no 3 o parágrafo introduz uma explicação, função semelhante à dos dois-pontos empregados no último parágrafo.

Está correto o que consta APENAS em

Alternativas
Comentários
  • Erro da II:


    (...) Seu título era, A Crime So Monstrous, (Um crime tão monstruoso) e Skinner ocupava-se da escravidão moderna para chegar à conclusão aterradora: (...)


    Isolar com vírgulas o nome do título causa prejuízo para a correção uma vez que está separando o complemento do verbo. Diferente do que acontece no último parágrafo em que as vírgulas separam um termo explicativo.

    O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode relembrar ao mundo (...)

  • Eu marquei "A" pq sabia que a II estava errada de certeza e a III estava certa, mas não entendi o porquê da I estar certa.

  • Também não entendi por que a I está correta


  • Também nao entendi a I

  • Sobre a alternativa I, a palavra "que" está empregada como conjunção integrante no 1º parágrafo. Neste caso, ela liga duas orações, em outros casos pode ser pronome relativo por exemplo. Se trocarmos ela pela palavra "se" (pode ser classificada como conjuncão condicional, mas aqui é também uma conjunção integrante), a segunda ideia da concatenação (a prática foi uma das maiores... ) terá, sim, sentido hipotético. Portanto, alternativa correta.

    1º Parágrafo: "Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber que a prática foi uma das maiores vergonhas da humanidade."
    por
    "Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber se a prática foi uma das maiores vergonhas da humanidade."

  • No caso o "se" é conjunção integrante. O macete para descobrirmos  é substituir a oração iniciada pelo "se" por "isso" 


    No Caso da oração Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber que a prática foi uma das maiores vergonhas da humanidade.


    Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber isso


  • Não entendi a relação do - SE - ser conjunção integrante com o fato de adquirir caráter hipotético.

  • Pessoal, mudei a forma de encarar as provas da FCC. Antes me atrelava apenas às regras da gramática pura e, não raras vezes, errava uma questão. Consegui gabaritar essa prova aqui no site, embora não seja tão difícil assim. Meu foco dessa vez foi a semântica textual, sem esquecer, claro, as regras gramaticais. A língua portuguesa é muito dinâmica, por isso a banca adora explorar esse lado. Tive a mesma dúvida de muitos: conjunção integrante apenas liga um termo a outro. Porém há uma matiz de significado de hipótese ou dúvida quando trocamos o QUE pelo SE, sem desqualifica-la como conjunção integrante. Releiam e pensem nisso. Boa sorte a todos nós!!!Ah! para terminar o meu comentário: no item II não se usa vírgula entre o verbo de ligação e imediatamente o predicado do sujeito (o que ocorre no último paragrafo é um termo explicativo intercalado - aposto, motivo de está isolado por vírgulas). Já no item III, tanto o travessão como os dois pontos estão introduzindo uma explicação, motivo da comparação.

  • Acertei a questão, mas não entendi a letra A.

  • Comentando:

    que a prática foi uma das maiores vergonhas da humanidade. (afirmação) 

    se a prática foi uma das maiores vergonhas da humanidade. (condição e concessão geram situação hipotética) 
    gabarito letra A.


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  • Não consigo ver a explicação sobre o dois pontos na 2ª parte da assertiva III! Para mim, aquele dois pontos introduz citação, em nenhum momento explica o porquê das vidas anônimas do infelizes da Mauritânia, ....

  • A primeira assertiva está correta, pois a conjunção integrante "se" atribui caráter hipotético a passagem. Na segunda assertiva, o nome do filme funciona como predicativo do sujeito, o que não justifica o uso das vírgulas. Para perceber que a terceira assertiva está correta, basta usar o conectivo "pois" depois dos sinais de pontuação apresentados.

    Gabarito: A

  • A primeira assertiva está correta, pois a conjunção integrante "se" atribui caráter hipotético a passagem. Na segunda assertiva, o nome do filme funciona como predicativo do sujeito, o que não justifica o uso das vírgulas. Para perceber que a terceira assertiva está correta, basta usar o conectivo "pois" depois dos sinais de pontuação apresentados.
  • Daniel Angelete, seu erro foi analisar a oração anterior à conjunção, o que faz sentido pra sua explicação; entretanto a banca pede para analisar a oração posterior à conjunção. 

  • Gab A

     

    A terceira assertiva está correta, basta usar o conectivo "pois" depois dos sinais de pontuação.