SóProvas


ID
1751662
Banca
FCC
Órgão
TRE-PB
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                                                                           Gramática e Interpretação de Texto da Língua Portuguesa

Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

O rio Paraíba corria bem próximo ao cercado. Chamavam-no "o rio". E era tudo. Em tempos antigos fora muito mais estreito.
Os marizeiros e as ingazeiras apertavam as duas margens e as águas corriam em leito mais fundo. Agora era largo e, quando descia nas grandes enchentes, fazia medo. Contava-se o tempo pelas eras das cheias. Isto se deu na cheia de 93, aquilo se fez depois da cheia de 68. Para nós meninos, o rio era mesmo a nossa serventia nos tempos de verão, quando as águas partiam e se retinham nos poços. Os moleques saíam para lavar os cavalos e íamos com eles. Havia o Poço das Pedras, lá para as bandas da Paciência. Punham-se os animais dentro d’água e ficávamos nos banhos, nos cangapés. Os aruás cobriam os lajedos, botando gosma pelo casco. Nas grandes secas o povo comia aruá que tinha gosto de lama. O leito do rio cobria-se de junco e faziam-se plantações de batata-doce pelas vazantes. Era o bom rio da seca a pagar o que fizera de mau nas cheias devastadoras. E quando ainda não partia a corrente, o povo grande do engenho armava banheiros de palha para o banho das moças. As minhas tias desciam para a água fria do Paraíba que ainda não cortava sabão.
O rio para mim seria um ponto de contato com o mundo. Quando estava ele de barreira a barreira, no marizeiro maior, amarravam a canoa que Zé Guedes manobrava.
Vinham cargueiros do outro lado pedindo passagem. Tiravam as cangalhas dos cavalos e, enquanto os canoeiros remavam a toda a força, os animais, com as cabeças agarradas pelo cabresto, seguiam nadando ao lado da embarcação. Ouvia então a conversa dos estranhos. Quase sempre eram aguardenteiros contrabandistas que atravessavam, vindos dos engenhos de Itambé com destino ao sertão. Falavam do outro lado do mundo, de terras que não eram de meu avô. Os grandes do engenho não gostavam de me ver metido com aquela gente. Às vezes o meu avô aparecia para dar gritos. Escondia-me no fundo da canoa até que ele fosse para longe.
Uma vez eu e o moleque Ricardo chegamos na beira do rio e não havia ninguém. O Paraíba dava somente um nado e corria no manso, sem correnteza forte. Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. A canoa foi descendo de rio abaixo aos arrancos da água. Não havia força que pudesse contê-la. Pus-me a chorar alto, senti-me arrastado para o fim da terra. Mas Zé Guedes, vendo a canoa solta, correu pela beira do rio e foi nos pegar quase que no Poço das Pedras. Ricardo nem tomara conhecimento do desastre. Estava sentado na popa. Zé Guedes porém deu-lhe umas lapadas de cinturão e gritou para mim:

− Vou dizer ao velho!

Não disse nada. Apenas a viagem malograda me deixou alarmado. Fiquei com medo da canoa e apavorado com o rio. Só mais tarde é que voltaria ele a ser para mim mestre de vida.

(REGO, José Lins do. "O Rio". In: VV.AA. O Melhor da Crônica Brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1997, p. 43)

Dadas as alterações, a frase do texto cuja a pontuação está correta é:

Alternativas
Comentários
  • Não precisa nem voltar ao texto para resolver essa questão de pontuação!

  • Cara, FCC está cada vez pior com essas questões O.o 

  • a) Incorreta: os travessões podem ser substituídos por vírgula, porém os dois pontos foram empregados de forma incorreta. 

    b) Incorreta: pois a vírgula está separando o objeto do seu complemento. 

    c) Correta: Equivalências: a vírgula pode ser substituída por travessões. 

    d) Incorreta: a vírgula tb está separando o verbo do seu objeto. 

    e) Incorreta: faltou uma vírgula apos "havia" ex: Havia, lá para as bandas da Paciência, o poço das pedras...

  • que nada, caio hahahahhaha

  • a) Ricardo desatou a corda − meteu-se na canoa comigo – e: quando procurou, manobrar era impossível. (3º parágrafo).

     

    No caso da letra A, além do emprego errado dos dois pontos, também não estaria errado isolar duas orações coordenadas sindéticas que possuem o mesmo sujeito???? Pensei que o correto seria o seguinte:

     

    Ricardo desatou a corda - meteu-se na canoa comigo e quando procurou - manobrar era impossível. Ou

     

    Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa e quando procurou, manobrar era impossível.

     

    Alguém poderia ajudar????

  • Anderson,

    O erro se encontra na falta de virgula pelo termo intercalado

    Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa e, quando procurou manobrar, era impossível.

    Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa e quando procurou manobrar era impossível.

  • e) Havia lá para as bandas da Paciência, o Poço das Pedras; punham-se os animais dentro d'água, e ficávamos nos banhos nos cangapé

    Faltou a vírgula após havia, pois é um aposto explicativo.

    aposto explicativo complementa uma informação acerca de um termo anterior, ou seja, onde fica o poço das pedras? lá para as bandas da paciência.

  • Na alternativa A)

    O professor do vídeo aí falou q não seria possível o uso da primeira vírgula, porém o próprio texto possui :

    "Ricardo desatou a corda, meteu-se na canoa comigo, e quando procurou manobrar era impossível. "

    O que me chamou a atenção foi separar por vírgulas a locução "procurou manobrar" e por isso marquei errada já!

    pensei errado?

     

  • Alguém pode me explicar por que na letra C, a vírgula foi substituida por apenas 1 travessão? pode isso? pensei que só poderia haver substituição quando houvesse a 'abertura e o fechamento', ou seja, quando houvesse a substituição das 2 virgulas por 2 travessões.

  • Em relação à letra "E", acredito que o trecho: "lá para as bandas da Paciência" se refere a um adjunto adverbial locucional deslocado - que deve ser separado por vírgulas; não um aposto explicativo.

  • Na Letra E, acredito que ainda tenha mais um erro além daquele que os outros já elencaram:

    "Havia lá para as bandas da Paciência, o Poço das Pedras; punham-se os animais dentro d'água, e ficávamos nos banhos nos cangapés."

    Essa Oração sublinhada é coordenada aditiva, introduzida pela conjunção "e", logo não deveria ter vírgula antecedendo.

  • Que explicação horrorosa,e ainda fica na frente do texto.

    Professor morto de preguiça.

  • E o comando da questão "Dadas as alterações, a frase do texto cuja a pontuação está correta é:"?
    Custei a acreditar que fosse erro da FCC, mas no caderno de prova está assim mesmo D:

  • fcc errando no enunciado..artigo depois de "cujo"