SóProvas


ID
1768378
Banca
FUNCAB
Órgão
ANS
Ano
2015
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                Arquimedes, o bom repórter

      Faz parte do meu ofício inventar. Mentir, sem qualquer consideração teológica. Preencher as páginas em branco, esforçando-me por criar heróis mesquinhos e sublimes. Um ofício que se funde com as adversidades do cotidiano e que, pautado por uma estética insubordinada, comporta todas as escalas morais, afugenta os ideários uniformizadores.

      A literatura brota de todos os homens, de todas as épocas. Sua ambígua natureza determina que os escritores integrem uma raça fadada a exceder-se. Seus membros, como uma seita, vivem na franja e no âmago da realidade, que constrange e ilumina ao mesmo tempo. E sem a qual a criação fenece. A arte dos escritores arregimenta a sucata e o sublime, o que se oxida em meio aos horrores, o que se regenera sob o impulso dos suspiros de amor. Apalpa a matéria secreta que sangra e aloja-se nos porões da alma.

      Há muito sei que a escrita não poupa o escritor. E que, ao ser um martírio diário, coloca-o a serviço do real. E enquanto este mero exercício de acumular palavras, de dar-lhes sentido, for um ato de fé no humano, a literatura seguirá sendo protagonista do enigma que envolve vida e morte. Uma arte que geme, emite sinais, desenha signos, e que constitui uma salvaguarda civilizadora perante a barbárie. Em cujas páginas batalha-se pelo provável entendimento entre seres e situações intoleráveis. Como se por meio de certos recursos estéticos fosse possível conciliar antagonismos, praticar a tolerância, ativar sentimentos, testar os limites da linguagem e da ambiguidade da solidão humana. Salvar, enfim, os seres trágicos que somos.

    Não sei ser outra coisa que escritora. Já pelas manhãs, enquanto crio, apalpo emoções benfazejas, sentimentos instáveis, a substância sob o abrigo do sinistro e da esperança. Tudo o que a realidade abusiva refuta. É mister, contudo, combater os expurgos estéticos para narrara história jamais contada.

      A criação literária, porém, que se faz à sombra da comunidade humana, aproximou-me sempre daqueles cujas experiências pessoais eram vizinhas no ato de escrever. Por isso, desde a infância, senti-me irmanada aos jornalistas no uso das palavras e na maneira de captar o mundo. E a tal ponto vinculada aos jornais que nos vinham a casa, já pelas manhãs, que disputava com o pai o privilégio de lê-los antes dele. De aproximar-me destas páginas vivazes que, arrancando-me da sonolência, proclamavam que a vida despertara antes de mim. O drama humano não tinha instante para começar, precedera-me há horas, há milênios.

PINON, Nélida. Aprendiz de Homero. Rio de Janeiro: Editora Record,2008,p.81-82,fragmento.

Dos períodos compostos transcritos a seguir, aquele que está estruturado em relações de subordinação e coordenação entre as orações é:

Alternativas
Comentários
  • "Apalpa a matéria secreta que sangra e aloja-se nos porões da alma."

            OR. PRINCIPAL      / OR. SUB.  / OR. COORD. SINDÉTICA ADITIVA

    Gabarito letra A.

  • Galera, alguém identificou o erro da B? 

  • sinistro kk

  • a) “Apalpa a matéria secreta( subordinada adjetiva restritiva) que sangra e( coordenação - adição) aloja-se nos porões da alma.” 

  • Não tem erro na B, apenas são orações assindéticas(não ligadas por conectivo).

  • Pessoal, acho que a Alana matou a charada!


    Acredito que existe uma coordenação entre duas orações subordinadas, isso pq  o pronome relativo pode vir implícito quando as subordinadas estão coordenadas entre si. 


    Apalpa a matéria secreta: oração principal... que sangra: o.sub.adjetiva restritiva) e ("que" aloja-se nos porões da alma (o.sub.adjetiva restritiva). 


    Esse (e) fazendo a coordenação entre as subordinadas.


    Acho que é isso, e vcs?


  • Resposta : A

    “Apalpa a matéria secreta que sangra e aloja-se nos porões da alma.” 

    que = pronome relativo : introduz uma oração subordinada adjetiva

    e = conjunção coordenativa

    relações de subordinação e coordenação na mesma frase.

  • Questao grande..mas, facilmente identificavel../A unica que possui uma conjucao coordenada (e). 

    Na prova nao basta apenas saber..tbm tem que ter muita estrategia pra resolver as questoes..

    Dica: Comece sempre pelas alternativas menores..Se estiver errada ou certa..sera facilmente vista e dessa forma, ganhamos tempo na prova.

    Imagina 120 questoes economizado 30 seg. em cada? da pra fazer uma redacao com o tempo.

     

  • Apalpa a materia secreta Que (o qual) = PRONOME RELATIVO, logo oração Subordinada.

    Sangra e aloja-se nos porões da alma   e= Conjunção coordenada Aditiva, LOgo Oração Coordenada

  • Só tenho uma coisa a dizer: Professor Alexandre Soares mito!!!

  • A.

    Apalpa a matéria secreta que sangra e aloja-se nos porões da alma.