SóProvas


ID
1949212
Banca
Marinha
Órgão
COLÉGIO NAVAL
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

      O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.

      Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da ignorância, nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e, até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de "burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios para o saber". Cancelada a curiosidade, como sinal de um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos permite saber se opõe à que nos deforma por estagnação, A primeira gosta dos livros, a segunda os detesta.

      [ ... ]

      Para aprender a perguntar, precisamos aprender a ler. Não porque o pensamento dependa da gramática ou da língua formal, mas porque ler é um tipo de experiência que nos ensina a desenvolver raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja, a entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um de nós mesmos. 

      Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa aí, muitas vezes em silêncio, quando nos dedicamos a esse gesto simples e ao mesmo tempo complexo que é ler um livro, É lamentável que as pessoas sucumbam ao clima programado da cultura em que ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro nunca prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele. Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem tenha descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem - compreensão e diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o mundo todo - e ela mesma - é algo bem diferente. 

(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em http://revistacult.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações) 

Assinale a opção na qual o texto foi pontuado corretamente.

Alternativas
Comentários
  • Bom, se eu estiver errado, que alguém me corrija. Eu aprendi que o ponto e vírgula é usado para separar orações coordenadas entre si. 

    A resposta da questão é a letra d); notem, todavia, que ele está separando uma oração coord. de uma oração sub.

     

    "Os leitores adquirem, ao longo dos anos, muitas experiências preciosas(or. coor. assindética); enquanto isso, os não leitores, sem perceber, furtam-se de um universo incontável de saber. (or. sub. adv. temporal)."

     

    A vírgula depois de "enquanto isso" foi usada apenas para separar um oração adv deslocada.

    Destarte, a banca confunde o aluno. ¬¬'

  • Eu acho que as orações são coordenadas.

    "Os leitores adquirem, ao longo dos anos, muitas experiências preciosas."

    "Os leitores, sem perceber, furtam-se de um universo incontável de saber."

    Não há relação de subordinação e, sim, coordenação.

    Acredito que a expressão "enquanto isso" seja a conjunção temporal que liga as duas orações coordenadas, mas não tenho certeza.

    Talvez, alguém possa dar uma explicação melhor. Mas espero ter ajudado em alguma coisa.

    Bons estudos

  • GAB é D.

  • Eu fiquei em dúvida entre as alternativas D e E. Mas aqui vai minha conclusão depois de melhor analisar:

    d) Os leitores adquirem, ao longo dos anos (está entre vírgulas por que se trata de um adjunto adverbial deslocado na oração, deveria estar no final), muitas experiências preciosas; (aqui se usa ";" por que tem diversos usos de vírgula na segunda oração coordenada e arrisco dizer que há a elipse de uma conjunção coordenada adversativa, como "porém", por exemplo) enquanto isso (está separado por vírgula por que é um adjunto adverbial deslocado na frase), os não leitores, sem perceber (se trata de uma oração intercalada, então precisa vir isolada por vírgula do resto da oração), furtam-se de um universo incontável de saber.

    e) Sem perceber (deveria estar isolado por vírgula por que se trata de uma oração intercalada) as pessoas vão deixando para trás, quando abandonam a leitura (está entre vírgulas por que é uma oração adverbial deslocada), um universo completamente precioso; ao mesmo tempo os leitores fiéis acumulam sabedoria e ideias novas.

    Por favor me corrijam se estiver errada.

  • Bem... A letra "A" e "B" é fácil achar o erro. No entanto, as 3 últimas opções necessitam de mais atenção. Na letra "C", a última frase (, e gabinetes de leitura) não deveria está acentuado. Isso, porque está fora do paralelismo por não possuir artigo. Portanto, ela deveria ser uma frase que se ligaria aquela anteriormente escrita " as experiências advindas das bibliotecas", desse modo, sem virgula. Já a letra E, apresenta uma oração deslocada de sentido completo " sem perceber", que, para não ser virgulada, deveria está no final da frase.

  • Na letra A, "Segundo pesquisas, brasileiros, leem mais que paraguaios e bolivianos; por outro lado, utilizam bem menos, as bibliotecas públicas," há dois erros: 1) Vírgula entre sujeito e verbo (brasileiros, leem); vírgula entre VTD e seu Objeto direto ( A vírgula após "menos" deve ser retirada)Na letra B, "Na infância, as crianças aprendem que, a leitura exige concentração", o erro estar em separar o VTD do seu complemento verbal. Nesse caso, após o vocábulo QUE, que inicia Oração Objetiva Direta, não deve haver virgula.

    Instagram: @professorvolney