SóProvas


ID
2759950
Banca
FCC
Órgão
Prefeitura de São Luís - MA
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: A questão refere-se ao texto que segue.


    A vida privada não é uma realidade natural, dada desde a origem dos tempos: é uma realidade histórica. A história da vida privada é, em primeiro lugar, a história de sua definição: como evoluiu sua distinção na sociedade francesa do século XX? Como o domínio da vida privada variou em seu conteúdo e abrangência?

    A questão é tanto mais importante na medida em que não é certo que seu contorno tenha o mesmo sentido em todos os meios sociais. Para a burguesia da Belle Époque1, não há nenhuma dúvida: o “muro da vida privada” separa claramente os domínios. Por trás desse muro protetor, a vida privada e a família coincidem com bastante exatidão. Esse domínio abrange as fortunas, a saúde, os costumes, a religião: se os pais que querem casar os filhos consultam o notário ou o pároco para “tomar informações” sobre a família de um eventual pretendente, é porque a família oculta cuidadosamente ao público o tio fracassado, o irmão de costumes dissolutos e o montante das rendas. E Jaurès2, respondendo a um deputado socialista que lhe censurava a comunhão solene da filha: “Meu caro colega, você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, eu não”, marcava com grande precisão a fronteira entre sua existência de político e sua vida privada.

    Essa separação era organizada por uma densa teia de prescrições. A baronesa Staffe3, por exemplo, cita: “Quanto menos relações mantemos com a vizinhança, mais merecemos a estima e consideração dos que nos cercam”, “não devemos falar de assuntos íntimos com os parentes ou amigos que viajam conosco na presença de desconhecidos”. O apartamento ou a casa burguesa, aliás, se caracterizam por uma nítida diferença entre as salas para as visitas e os demais aposentos. O lugar da família propriamente dita não é o salão: as crianças não entram no aposento quando há visitas e, como explica a baronesa, as fotos de família ficariam deslocadas nesse recinto. Ademais, as salas de visitas não são abertas a todos. Se toda dama da boa sociedade tem seu “dia” de receber − em 1907, são 178 em Nevers4 −, a visita à esposa de um figurão supõe uma apresentação prévia. As salas de recepção estabelecem, portanto, um espaço de transição para a vida privada propriamente dita.


(Adaptado de: PROST, Antoine. Fronteiras e espaços do privado. In: PROST, Antoine; VINCENT, Gérard (orgs.). História da vida privada 5: Da Primeira Guerra a nossos dias. Trad. Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 14 e 15.)

Obs.: 1 Período de cultura cosmopolita na história da Europa que vai de fins do século XIX até a eclosão da Primeira Guerra Mundial.

2 Jean Léon Jaurès (1859-1914): político socialista francês.

3 Pseudônimo de Blanche-Augustine-Angèle Soyer (1843-1911), autora francesa, célebre em seu tempo pela obra Uso do mundo, sobre como saber viver na sociedade moderna.

4 Região da França, ao sul-sudeste de Paris.

E Jaurès, respondendo a um deputado socialista que lhe censurava a comunhão solene da filha: “Meu caro colega, você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, eu não”, marcava com grande precisão a fronteira entre sua existência de político e sua vida privada.

Sobre o que se tem no trecho acima transcrito, comenta-se com propriedade

Alternativas
Comentários
  • Domingos Paschoal Cegalla anota: “Usa-se FAZER como verbo vicário (substituto) para evitar a repetição de outro verbo expresso anteriormente”.

     

    Como se depreende, a definição de vicário é simples: substituto.

    Evidentemente, não apenas o verbo “fazer” desempenha essa função, mas também pronomes, as formas de tratamentos, diversos advérbios, outros verbos etc.

     

    fonte >> gazetadopovo.com.br

     

    Logo, na frase 

     

    “Não divulgarei falsas notícias, como fazem alguns”, o verbo FAZER atua como vicario, mas na frase você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, nao.

     


     

     

  • Resposta:
    a) Sendo certo que a forma simples do gerúndio expressa uma ação em curso, que pode ser imediatamente anterior ou posterior à do verbo da oração principal, ou simultânea a ela, é reconhecível, na frase acima transcrita, a simultaneidade.

    Parecia certa, mas deu um nó no cérebro 

  • A) Gab. - Note que de fato ele respondeu ao deputado que estava censurando (= censurava) a solenidade (as duas ações ocorreram simultaneamente - enquanto um censurava, o outro começou a respondê-lo).


    B) O desenvolvimento da oração reduzida respondendo a um deputado socialista deve gerar a forma “ao responder”. (também é um forma reduzida, mas agora no infinitivo)


    C) O verbo “censurar” está empregado com adequada regência, assim como estaria se houvesse a forma “que lhe censurava à comunhão solene da filha”. (dois Ob. Indiretos não)


    D) O emprego de você exemplifica a forma linguística usada para interpelação ao interlocutor, como vocativo, no discurso direto. (no período, o vocativo é "Meu caro colega")


    E) Em você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, o verbo destacado está empregado como vicário, uso exemplificado em “Não divulgarei falsas notícias, como fazem alguns”. (no período, não retomada/substituição de nenhum outro verbo)


  • não vi simultaniedade aí não , até porque duas pesoas falando ao mesmo tempo não dá pra entender nada , parece mais raciocínio lógico isso 

  • Wesley Saraiva e Erick Martiliano, a simultaneidade a que se refere a alternativa NÃO se dá entre a resposta de Juarès e a censura do deputado. Como expresso na alternativa, a simultaneidade do gerúndio é com o verbo da ORAÇÃO PRINCIPAL, e a oração principal neste caso é Juarès marcava com grande precisão a fronteira entre sua existência de político e sua vida privada. Ou seja, enquanto Juarès respondia ao deputado ele também marcava a fronteira entre sua existência de político e sua vida privada. Atos simultâneos.

  • Verbos vicários são aqueles que substituem outros verbos, evitando a repetição. Normalmente são vicários os verbos ser e fazer. Normalmente vêm acompanhados de um pronome demonstrativo o. Ex:


    – João vinha muito aqui, mas há anos que não o faz. (o faz = vem aqui)
    – Se você não luta é porque tem medo. (é = não luta)
     

  • a) Sendo certo que a forma simples do gerúndio expressa uma ação em curso, que pode ser imediatamente anterior ou posterior à do verbo da oração principal, ou simultânea a ela, é reconhecível, na frase acima transcrita, a simultaneidade.

    CORRETO. “Jaurès, respondendo a um deputado (...), marcava a fronteira (...)” ou “Jaurès marcava a fronteira (...), respondendo a um deputado (...)”. Ou seja, Jaurès está realizando dois atos simultaneamente.

     

    b) O desenvolvimento da oração reduzida respondendo a um deputado socialista deve gerar a forma “ao responder”.

    ERRADO. A mudança de “respondendo” para “ao responder” não altera a natureza reduzida da oração, pois continua sendo subordinada em relação à oração “marcava a fronteira (...)”. O que muda é a forma reduzida da oração, que passa de reduzida de gerúndio para reduzida de infinitivo.

     

    c) O verbo “censurar” está empregado com adequada regência, assim como estaria se houvesse a forma “que lhe censurava à comunhão solene da filha”.

    ERRADO, pois na segunda forma citada o verbo “censurar” está ligado a duas preposições, quais sejam: LHE (correspondente a A (preposição) + ELE (pronome)) e “À” (correspondente a A (preposição) + A (artigo)), o que não é permitido. O correto seria “que lhe censurava a comunhão solene da filha”.

     

    d) O emprego de você exemplifica a forma linguística usada para interpelação ao interlocutor, como vocativo, no discurso direto.

    ERRADO, pois o vocativo é “meu caro colega”, não “você”. Este é o sujeito da oração.

     

    e) Em você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, o verbo destacado está empregado como vicário, uso exemplificado em “Não divulgarei falsas notícias, como fazem alguns”.

    ERRADO, pois, conquanto o verbo “fazer” possa ser usado como vicário, no primeiro trecho acima não o faz, pois não está substituindo qualquer outro verbo anterior.

  • Adoro seus comentários Dilma Concurseira!!

    pesquisei aqui porque eu tb nunca vi...

    vicário

    adjetivo - que substitui outra coisa ou pessoa.

  • Apanhei nessa!

  • acertei...

     

    não sou pokemmom, mas estou esvoluindo.

  • Meu cérebro fritou pra responder essa

  • Dessa forma, como há os elementos coesivos, os quais corroboram para a estética textual, evitando assim que o discurso não se torne repetitivo, há os verbos vicários, os quais substituem aqueles anteriormente mencionados, de modo a evitar, também, possíveis repetições. Nesse sentido, podemos dizer que o verbo em referência atua como sinônimo do qual faz as vezes, representado, normalmente, pelos verbos ser e fazer. Observemos, pois, alguns exemplos, de modo a tornar as elucidações ainda mais evidentes: 

    >Ele não viaja mais como viajava antigamente. 
    >Ele não viaja mais como fazia antigamente. Constatamos que o verbo “fazia” substitui o verbo “viajava”.

     

    fonte: https://portugues.uol.com.br/gramatica/verbo-vicario-definindo-conceitos.html

     

    bons estudos

  • Meus DEUS...QUE QUESTÃO É ESSA!

    Se vcs perceberem, cada alternativa equivale a uma questão! É como se fossem 5 questões em uma só! Completamente absurdas e desnecessárias as questões da FCC. Gosto da CESPE que sabe elaborar questões inteligentes e justas. 

  • "Se você não alimentar a serenidade, perderá a perícia e errará. o vencedor é um colecionador de cicatrizes e a dor revela a sua grandeza, a sua nobreza. Apenas, seja grato Deus, pois a gratidão é como perfume para ELE."

    Lembre-se de jó!!!!  Saiba que: "eu fui moço e hoje estou velho, nunca vi um justo desamparado nem a sua descendência mendiar um pão" salmista davi.

  • Acertei essa por causa do verbo "responder" que está no gerúndio. Mesmo assim, preciso trabalhar mais essas questóes.

  • Verbo vicário – definindo conceitos

    O verbo vicário atua como sinônimo de outro, anteriormente dito

     

    Possivelmente tal adjetivação (vicário) pode causar-lhe certa estranheza, mas não se preocupe, saiba que não estamos tratando de algo incomum, mas sim de algo que faz parte de nossa rotina, embora, às vezes, imperceptível. Assim, o termo vicário, semelhantemente a muitas outras palavras de nossa língua, deriva-se do latim: vicarius, cujo sentido se atém a “fazer as vezes de”, “que substitui”.

    Dessa forma, como há os elementos coesivos, os quais corroboram para a estética textual, evitando assim que o discurso não se torne repetitivo, há os verbos vicários, os quais substituem aqueles anteriormente mencionados, de modo a evitar, também, possíveis repetições. Nesse sentido, podemos dizer que o verbo em referência atua como sinônimo do qual faz as vezes, representado, normalmente, pelos verbos ser e fazer. Observemos, pois, alguns exemplos, de modo a tornar as elucidações ainda mais evidentes:

    Ele não viaja mais como viajava antigamente. 

    Ele não viaja mais como fazia antigamente. Constatamos que o verbo “fazia” substitui o verbo “viajava”.

     

    Fonte: https://portugues.uol.com.br/gramatica/verbo-vicario-definindo-conceitos.html

  • Demorei nessa questão pensando que a A tinha pegadinha, parecia muito fácil. Fiquei uns 5 minutos procurando pegadinha, as outras pareciam erradas, mas a E nao sabia o que era esse vicário. Marquei com medo a A, bom que acertei. Fcc está bem mais difícil que antigamente. Não subestimem ela, pessoal. Obrigado por explicarem o sentido, pessoal. Ps: Dilma Concurseira, você é ótima, rs.

  • Guan! "Você" não tá como vocativo? Ahhhhhhh

  • Acertei por eliminação

  • Gerúndio dá ideia de simultaniedade. Respondendo (simultâneo)

  • Nossa ! muito boas as explicações desta professora! Muito bom mesmo!!!

  • Professora mitou na explicação! Parabéns, top demais a profa.


  • Ô Glórias acertei.

  • Eu amo essas bancas, Por mais que eu continue errando, o ânimo de estudar acompanha o fracasso.

  • Verbo Vicário? Prazer... Raphael!!!!


  • b) oração com verbo no infinitivo continua a ser reduzida;

    c) sendo VTD, o verbo censurar não necessita de complemento com preposição;

    d) o vocativo é "meu caro colega";

    e) verbo vicário é aquele que, aliado a um pronome, substitui outro verbo para que o mesmo não se repita, o que não é o caso em questão;

     

    Quem escolheu a busca não pode recusar a travessia - Guimarães Rosa

    ------------------- 

    Gabarito: A

  • Gente, as pessoas não abrem os comentários pra saber por que vocês acertam, mas pra saber dos erros e acertos contidos na questão. Quem tiver precisando de confetes compre uma boneca que fala "Parabéns pra você" 200 vezes.

    #Menos_egocentrismo

  • To tonta com essa questão. Credinho! Parece até javanês.

  • A)

  • A Fcc dá um show em portugues 

     

    FGV deveria aprender com ela !!! Questão tão top que nem sei explicar , mas consegui acertar 

  • Essa Professora é SENSACIONAL! Enfrentou item por item de cada alternativa e com uma didática maravilhosa!

    Parabéns, QConcursos pela excelente profissional!

  • Professora comentou a questão com MAESTRIA! Adorei!

  • Realmente esta professora é ótima. Parabéns!!!

  • gerúndio indica uma ação que ainda está em curso ou que é prolongada no tempo. Transmite, assim, uma noção de duração e continuidade de ação verbal.

    fonte: https://www.conjugacao.com.br/verbos-no-gerundio/

  • GABARITO: A

    a) Sendo certo que a forma simples do gerúndio expressa uma ação em curso, que pode ser imediatamente anterior ou posterior à do verbo da oração principal, ou simultânea a ela, é reconhecível, na frase acima transcrita, a simultaneidade.

    → Correto. Veja que na frase ele censurou ao mesmo tempo que marcou a fronteira. Isso é uma das características do gerúndio:  "E Jaurès, respondendo a um deputado socialista (...), marcava com grande precisão a fronteira entre sua existência de político e sua vida privada.

    Alguns outros exemplos de gerúndio imediatamente anterior ou posterior à do verbo:

    Imediatamente anterior ao verbo: "andando pela rua tropecei"

    Imediatamente posterior ao verbo: "Mostrei meu trabalho impressionando a todos"

    .

    b) O desenvolvimento da oração reduzida respondendo a um deputado socialista deve gerar a forma “ao responder”.

    → Errado. Na oração "ao responder", temos um verbo no infinitivo, portanto não se trata de uma forma desenvolvida. A oração deixou de ser reduzida de gerúndio e passou a ser reduzida de infinitivo, mas continuou reduzida.

    A forma desenvolvida, com o verbo flexionado, seria a seguinte: quando respondia a um deputado...

    .

    c) O verbo “censurar” está empregado com adequada regência, assim como estaria se houvesse a forma “que lhe censurava à comunhão solene da filha”.

    → Errado. Quem censura, censura alguém. Não cabe o emprego da crase na oração (à filha)

    .

    d) O emprego de você exemplifica a forma linguística usada para interpelação ao interlocutor, como vocativo, no discurso direto.

    → Errado. O vocativo na frase é “Meu caro colega". Quando pudermos colocar um "ó", será vocativo. No caso, "você" é sujeito da oração. Veja: "Ó Meu caro colega (Vocativo), você (sujeito) sem dúvida faz o que quer de sua mulher (quem faz o que quer da mulher? Você), eu não”,

    .

    e) Em você sem dúvida faz o que quer de sua mulher, o verbo destacado está empregado como vicário, uso exemplificado em “Não divulgarei falsas notícias, como fazem alguns”.

    → Errado. Segundo Pestana: Verbos vicários são aqueles que substituem outros verbos, evitando a repetição. Normalmente são vicários os verbos ser e fazer. Normalmente vêm acompanhados de um pronome demonstrativo o. Veja um exemplo: João vinha muito aqui, mas há anos que não o faz (o faz = vem aqui)"

    Espero ter ajudado.

    Fontes: A Gramática Para Concursos Públicos, Fernando Pestana; 4ª edição; pág.362 e comentários de estudantes do TEC.

    Erros ou dúvidas, notifique-me.

    Bons estudos! :)

  • na B - O desenvolvimento da oração reduzida “respondendo a um deputado socialista” fica “enquanto respondia a um deputado socialista".