SóProvas


ID
3245899
Banca
FEPESE
Órgão
SJC-SC
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 2


Investir em educação ‘fecha’ prisões

Entrevista da BBC News Brasil com Clara Grisot.


Clara Grisot, formada em ciências políticas e sociologia, é cofundadora da associação francesa Prison Insider, que coleta informações sobre as condições das prisões no mundo.

BBC News Brasil Pesquisas no Brasil indicam que a maioria concorda com a afirmação de que “bandido bom é bandido morto”. Qual seria a reação em outros países desenvolvidos?

Grisot – Esse tipo de discurso não é algo específico do Brasil. É uma visão comum no mundo. Vemos que a sociedade tem uma real falta de empatia em relação [……] pessoas encarceradas. O tratamento dado aos presidiários não interessa [……] quase ninguém, mas constatamos que isso é ainda mais forte nos países com grandes desigualdades sociais.

BBC News Brasil De que forma a violência no Brasil, que afeta a população diariamente, influencia o olhar dos brasileiros sobre a situação nos presídios?

Grisot – O que acontece dentro das prisões em países com muita violência é a exacerbação do que acontece nas ruas. Isso explica [……] violência que surge regularmente no sistema carcerário brasileiro e, certamente, o olhar dos brasileiros sobre a situação do sistema prisional do país. Já é tão violento fora (nas ruas) que o que acontece dentro das prisões é praticamente algo que não lhes diz respeito.

BBC News BrasilNo Brasil e em outros países, prevalece a visão de que penas mais severas reduziriam os riscos da pessoa cometer um crime. Você concorda com isso?

Grisot – Com base nas informações que pudemos obter em todos os países do mundo, percebemos que a prisão não funciona. Quanto mais as penas forem longas e os prisioneiros forem tratados como um nada, menos preparamos seu retorno [……] sociedade. A prisão destrói. Estudos mostram que quanto menos a pessoa ficar presa, menos ela ficará dessocializada e menores serão as chances de reincidência. Se ela não voltar [……] praticar um delito, não haverá novas vítimas. Todo esse discurso de repressão produz efeitos contrários ao desejado. É paradoxal. Se as pessoas realmente estivessem ao lado das vítimas, elas seriam favoráveis a penas alternativas.

BBC News BrasilMuitos no Brasil acham que um país sem recursos suficientes para a educação não deveria investir em presídios. Qual é a sua avaliação?

Grisot – A corrida para o aprisionamento e a construção de prisões têm um custo extremamente alto tanto economicamente quanto socialmente. O Brasil dá continuidade a uma política repressiva que fracassou, sobretudo nos Estados Unidos, onde certos Estados gastam mais com prisões do que com universidades. Isso tem efeitos devastadores, com consequências sobre comunidades e gerações inteiras. Alguns têm recuado em razão dos estragos constatados. A educação é uma das primeiras muralhas contra a pobreza. São os pobres que são presos em massa e isso em todos os lugares. Construir presídios em detrimento da educação é uma escolha infeliz porque apostar na educação significa fechar prisões.

BBC News BrasilNo Brasil, difundiu-se a ideia de que os direitos humanos são os “direitos dos manos”, dos bandidos. O que explica isso?

Grisot – Isso faz parte de uma retórica clássica que chamamos de populismo penal que quer dividir os direitos humanos. Nós dizemos que os direitos humanos são indivisíveis e não podem ser negociados. Todos devem ser tratados com dignidade. Seria um grande retrocesso pensar o contrário.

FERNANDES, Daniela. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48445684 Acesso em 18 out.2019. [Adaptado]

Analise as afirmativas abaixo em relação ao texto 2.


1. Clara Grisot, cofundadora da associação francesa Prison Insider, recebe, na entrevista, o tratamento formal de Vossa Senhoria, o que se infere da formulação “Qual é a sua avaliação?” (4ª pergunta).

2. Quanto ao sinal indicativo de crase, a grafia correta dos cinco vocábulos, na sequência das lacunas [……] nas respostas da entrevista, é: às • à • a • à • à.

3. Em “constatamos que isso é ainda mais forte nos países com grandes desigualdades sociais” (1° resposta), o pronome sublinhado faz referência ao desinteresse pelo tratamento dado aos presidiários.

4. Em “Quanto mais as penas forem longas e os prisioneiros forem tratados como um nada, menos preparamos seu retorno [……] sociedade” (3ª resposta), as formas verbais sublinhadas estão, respectivamente, na voz passiva e ativa.

5. Em “não haverá novas vítimas” (3ª resposta), o verbo haver é impessoal e pode ser substituído por “existirá”, sem prejuízo de significado e sem desvio da norma culta da língua escrita.


Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    → 1. Clara Grisot, cofundadora da associação francesa Prison Insider, recebe, na entrevista, o tratamento formal de Vossa Senhoria, o que se infere da formulação “Qual é a sua avaliação?” → incorreto, na terceira pergunta observamos o uso do pronome "você", ou seja, foi feito um tratamento mais informalizado (=No Brasil e em outros países, prevalece a visão de que penas mais severas reduziriam os riscos da pessoa cometer um crime. Você concorda com isso?).

    → 2. Quanto ao sinal indicativo de crase, a grafia correta dos cinco vocábulos, na sequência das lacunas [……] nas respostas da entrevista, é: às • à • a • à • à → segunda lacuna "O tratamento dado aos presidiários não interessa [a] quase ninguém → interessa a alguém "preposição a", mas não temos o artigo definido "a" para que se forme a crase.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Complementando a questão da crase: "Se ela não voltar [......] praticar um delito, não haverá novas vítimas". Não se usa crase antes do verbo.

  • 4) Correta!

    Voz passiva: Sujeito sofre a ação do verbo

    Voz ativa: sujeito prática a ação do verbo

    5) Errada!

    Haver= OD

    Existir= sujeito ( terá que concordar.)

    O correto seria : não existirão novas vítimas.

  • CUIDADO: a alternativa 2. está errada pois:

     Vemos que a sociedade tem uma real falta de empatia em relação às pessoas encarceradas (substantivo feminino no plural, se fosse "falta de empatia em relação a pessoas encarceradas" não iria crase

    O tratamento dado aos presidiários não interessa a quase ninguém.... (não vai crase antes de pronome indefinido)

    Isso explica a violência que surge regularmente no sistema carcerário brasileiro e..... (aqui o "a" é simples artigo, pois o verbo explicar é transitivo direto, não exige preposição à/ao)

    Quanto mais as penas forem longas e os prisioneiros forem tratados como um nada, menos preparamos seu retorno à sociedade (substitui sociedade por um substantivo masculino e vê se o verbo exige a preposição "ao", por exemplo, "seu retorno ao trabalho", logo vai crase)

    Se ela não voltar a praticar um delito, não haverá novas vítimas. (nunca se usa crase antes de verbo)

    Ou seja, a sequência ficou às, a, a, à, a

  • COLABORANDO

    Percebendo que a NÃO PODE VIR CRASE antes de verbo, na propositura do item (2), já se conseguiria eliminar as letras (C), (D), (E).

    Gabarito letra (B)

    Bons estudos.