SóProvas


ID
3484462
Banca
AOCP
Órgão
Prefeitura de Marilena - PR
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O cérebro imoral – Mentes corrompidas

DANIEL MARTINS DE BARROS


      As decisões morais, como todo tipo de decisão, passam por nosso cérebro. Se não sabemos ao certo todos os elementos que levam alguém a se corromper, conhecemos pelo menos algumas áreas cerebrais que falham na tentativa de impedir tais decisões.

      As mentes corruptas podem ser influenciadas pelo poder – o sujeito passa a se achar menos condenável que os outros por ser poderoso (hipocrisia moral) – e também pelas atitudes – depois de se corromper as pessoas se convencem que não era errado, para fugir da dissonância ética. Mas o que será que acontece no cérebro corrompido?

      A corrupção é uma atitude que resulta de um cálculo no qual pesam dois principais fatores: a importância que se dá às normas sociais e o risco de ser pego. Outras variáveis podem influir na decisão, como a quantidade roubada, quem será prejudicado, por quanto tempo durará o crime, o meio de perpetrálo etc., mas de uma maneira ou outra estão todas atreladas aos dois primeiros. Quanto mais se consideram os valores da sociedade, menor a chance de violá-los. Como menor também é a chance de fazer algo errado na proporção que cresce a chance de ser flagrado. Essa tomada de decisão moral, como todas as outras, no fim das contas, depende de um cérebro bem afinado. Sobretudo no componente emocional.

      Um dos modelos usados para compreender a relação entre cérebro e comportamento moral é o da psicopatia. Embora não exista uma causa para ela, nem um exame cerebral que a diagnostique, sabese que, de forma geral, o cérebro dos psicopatas funciona de forma diferente do das outras pessoas. Sua frieza, baixa reação emocional, ausência de medo devem-se – ao menos em parte – a um menor funcionamento das estruturas cerebrais chamadas amígdalas (nada a ver com as da garganta). Elas captam sinais de perigo, de ameaças, e disparam reações físicas automáticas, como aceleração do coração e sudorese, reações que os psicopatas não apresentam (daí serem literalmente frios). Tais reações não se devem apenas ao que vemos e ouvimos, mas também à forma como interpretamos as situações com base em memórias, conhecimento e raciocínio – o que ocorre numa outra região com o longo nome de córtex pré-frontal ventromedial (VMPFC, na sigla em inglês). É nessa região que ocorre a deliberação, onde os aspectos emocionais e racionais são calculados e a decisão é tomada. Pacientes que sofrem lesões neurológicas nessa área mudam seu comportamento e tornam-se mais indiferentes aos outros, egoístas, decidindo de forma mais imediatista e irresponsável – não por acaso, tal condição é por vezes chamada de “psicopatia adquirida”.

      Se muitas vezes deixamos de fazer o que queríamos é por conta desses freios emocionais que faltam aos psicopatas. Não falo só de sermos capazes de resistir àquela vontade de avançar no pescoço de alguém, mas também de não trapacear no trabalho para conseguir uma promoção; não prejudicar um amigo por dinheiro; não pegar da geladeira o último pedaço de doce que não é nosso. Imaginamos que as pessoas afetadas irão sofrer, o que nos faz pensar duas vezes. O medo de ser pego também nos segura. Esses dois breques comportamentais faltam absolutamente nos psicopatas e parcialmente nos corruptos. Como a corrupção é sempre lesiva para alguém, para se corromper a pessoa tem que superar os sentimentos negativos que seu ato gera, além de passar por cima do medo.

      Claro que nem todo corrupto tem o diagnóstico de psicopatia (a maioria não deve ter), mas fica evidente que corromper-se é, em alguma medida, pensar como um psicopata, é buscar o máximo de ganho com o mínimo de esforço, pagando por isso apenas o preço de lesar os outros. E é o tamanho desse “apenas” que diferencia o cidadão que opta por não roubar, o corrupto que supera sua culpa e o psicopata incapaz de empatia.

      E nós, com que tipo de cérebro queremos pensar nosso país?

Texto adaptado de: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/o-cerebro-imoral-mentes-corrompidas-parte-3/ Acesso em 23 de março de 2016.

Em relação ao trecho “A corrupção é uma atitude que resulta de um cálculo no qual pesam dois principais fatores: a importância que se dá às normas sociais e o risco de ser pego.”, é correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA E

    “A corrupção é uma atitude que resulta de um cálculo no qual pesam dois principais fatores: a importância que se dá às normas sociais e o risco de ser pego.”

     a) os dois-pontos marcam a pausa antes da introdução de justificativas → incorreto, os dois-pontos marcam o início de uma explicação.
     b) “uma atitude” é um objeto direto → incorreto, "uma atitude" é o predicativo do sujeito (vem logo após o verbo de ligação "é").
     c) “dá” possui um sujeito oculto → incorreto, o sujeito é o pronome relativo "que", o qual retoma o substantivo "importância".
     d) em “correto” há um encontro vocálico → incorreto, temos um dígrafo consonantal (duas consoantes com somente um som).
     e) “às” introduz um complemento de objeto indireto → correto, a importância que se dá a algo (às normas socias → objeto indireto; trata-se de um complemento verbal preposicionado).

    ☛ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • No breve trecho do enunciado, dever-se-á, com bases nas afirmativas, reconhecer funções sintáticas, além de um assunto atinente à fonética e fonologia. Vejamos:

    “A corrupção é uma atitude que resulta de um cálculo no qual pesam dois principais fatores: a importância que se dá às normas sociais e o risco de ser pego.”

    a) os dois-pontos marcam a pausa antes da introdução de justificativas.

    Incorreto. Introduz um aposto oracional cuja função se limita a fazer exposição, e não justificar;

    b) “uma atitude” é um objeto direto.

    Incorreto. É predicativo do sujeito;

    c) “dá” possui um sujeito oculto.

    Incorreto. O sujeito está expresso: "a importância";

    d) em “correto” há um encontro vocálico.

    Incorreto. Há dígrafo consonantal (-rr);

    e) “às” introduz um complemento de objeto indireto.

    Correto. O verbo "dar" demanda um complemento verbal indireto (às normas).

    Letra E

  • Mal redigida essa letra E. Pela redação dá-se a entender que o objeto indireto tem complemento, mas o que a banca quis dizer é o que o objeto indireto é o próprio complemento.

  • Entendo que na letra A os dois pontos marcam uma pausa que antecede uma enumeração e não explicação como colocado pelo Arthur Carvalho.

  • Isso mesmo, Lucas. questão mal elaborada.
  • Repetindo a resposta do Arthur Carvalho

    GABARITO: LETRA E

    “A corrupção é uma atitude que resulta de um cálculo no qual pesam dois principais fatores: a importância que se dá às normas sociais e o risco de ser pego.”

     a) os dois-pontos marcam a pausa antes da introdução de justificativas → incorreto, os dois-pontos marcam o início de uma explicação.

     b) “uma atitude” é um objeto direto → incorreto, "uma atitude" é o predicativo do sujeito (vem logo após o verbo de ligação "é").

     c) “dá” possui um sujeito oculto → incorreto, o sujeito é o pronome relativo "que", o qual retoma o substantivo "importância".

     d) em “correto” há um encontro vocálico → incorreto, temos um dígrafo consonantal (duas consoantes com somente um som).

     e) “às” introduz um complemento de objeto indireto → correto, a importância que se dá a algo (às normas socias → objeto indireto; trata-se de um complemento verbal preposicionado).

  • Não vi que era o próprio objeto indireto, achei que era o complemento do objeto indireto!!!! mais atenção.

  • Marquei B achando que era um OD e não me liguei que "é" é um verbo de ligação!

    (OD sempre vem dps de um VTD)