SóProvas


ID
3719848
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
UFFS
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Sinais da velhice
Quando a moça dá lugar no ônibus
Juremir Machado da Silva

    Ando de ônibus. É o meu meio de transporte favorito. Aprendo nas viagens. Leio. Não preciso de tecnologia para encontrar um ônibus que me leve ao destino. Tenho falado muito do tempo que passa e me torna idoso. Escrevi, no passado, sobre a crise dos 40. Hoje, trato da chegada dos 60. Os sinais da velhice são claros. Outrora, quando jovem, eu não usava palavras como outrora. Depois, alunas passaram a me chamar de “senhor” e de “seu Juremir”. No ônibus, começaram a levantar para me dar o lugar”. Meninos também. Agora, ficou pior.
            Conto a história. Eu estava em pé no ônibus. Sem aperto. Confortável. A menina viu e levantou-se. Cavalheirescamente eu fiz sinal com a mão de que ela podia continuar sentada. Não deu certo. Ela insistiu. Nada podia detêla. Estava determinada a me ceder o lugar. Um furacão. Tentei demovê-la com elegância. Não queria falar para não demonstrar ressentimento ou humilhação. [...] 
        Eu já gritava interiormente: “Não quero esse lugar de maneira alguma”. A menina não se intimidava. Ela estava certa de cumprir o seu dever moral. Ceder o lugar para o velhinho. Rebatia: “Aceite a sua condição, reconheça a sua idade, cumpra o seu dever: sente-se”. Temi que começássemos a falar em voz alta. Era um confronto de gerações. Por um momento, refleti: por que essa situação me incomoda tanto? Não respondi. A menina já estava no corredor. O lugar vago se oferecia. A moça, sentada ao lado, continuava com as pernas no corredor abrindo passagem para a minha instalação no banco da janela. Eu me recusava a capitular. A plateia aguardava ansiosamente o desfecho. Qual seria?
       Por alguns minutos, ficamos os dois em pé, a menina e eu, sem nos olharmos. Foi um longo breve momento de tensão. [...] 
      O acaso entrou em campo para resolver o impasse. Alguém se levantou noutro lugar para descer. Corri para o novo banco disponível. Era uma questão de honra. Fui salvo pela sorte. 
A menina ficou em pé. Não voltou para o seu lugar. O banco permaneceu vazio até que uma jovem senhora o ocupou. O tempo passou. Meus cabelos brancos me denunciam. O menino que eu sinto dentro de mim já não convence. Visto de fora, sou um velho. Preciso urgentemente me acostumar com essa ideia. O tempo de viajar em pé no ônibus passou para mim. Salvo em casos de falta de educação. O meu problema, porém, é o contrário.
Adaptado de: : <https://www.correiodopovo.com.br/blogs/juremirmachado/
cr%C3%B4nica-sinais-da-velhice-1.343355>.. Acesso em: 24 jun. 2019.

Em relação ao texto, é correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: A

    Os verbos que estão no tempo presente, no último parágrafo, são utilizados para indicar ações e sentimentos que o narrador vive no momento atual.

    ➥  A menina ficou em pé. Não voltou para o seu lugar. O banco permaneceu vazio até que uma jovem senhora o ocupou. O tempo passou. Meus cabelos brancos me denunciam. O menino que eu sinto dentro de mim já não convence. Visto de fora, sou um velho. Preciso urgentemente me acostumar com essa ideia. O tempo de viajar em pé no ônibus passou para mim. Salvo em casos de falta de educação. O meu problema, porém, é o contrário.

    ➥ Ambos verbos estão conjugados no presente do indicativo e passam a ideia da não aceitação do homem, ele não aceita que a idade tenha chegado.

    ➥ FORÇA, GUERREIROS(AS)!!

  • Ao meu ver cabe anulação pois Não é no momento atual e sim no momento da fala.

  • Verbo "ser" indicando ação?

  • Não há verbos no presente que denotam ação , apenas sentimentos.
  • errei...

  • Questão p anular, hein

  • Alguém saberia explicar com propriedade a letra B?

  • Olá, Perito! O erro da questão está neste ponto: os quais não são comumente utilizados em crônicas.

    As conjunções Além disso e Também são de valor aditivo sim, mas são muito usadas em crônicas.

  • Olá, Perito! O erro da questão está neste ponto: os quais não são comumente utilizados em crônicas.

    as conjunções Além disso e Também são de valor aditivo sim, mas são muito usadas em crônicas.

  • Olá, Perito! O erro da questão está neste ponto: os quais não são comumente utilizados em crônicas.

    as conjunções Além disso e Também são de valor aditivo sim, mas são muito usadas em crônicas.

  • Olá, Perito! O erro da questão está neste ponto: os quais não são comumente utilizados em crônicas.

    as conjunções Além disso e Também são de valor aditivo sim, mas são muito usadas em crônicas.

  • Olá, Perito! O erro da questão está neste ponto: os quais não são comumente utilizados em crônicas.

    as conjunções Além disso e Também são de valor aditivo sim, mas são muito usadas em crônicas.

  • Olá, Perito! O erro da questão está neste ponto: os quais não são comumente utilizados em crônicas.

    as conjunções Além disso e Também são de valor aditivo sim, mas são muito usadas em crônicas.

  • Acertei na segunda vez essa questão e, realmente, a A está correta, basta analisarmos os verbos empregados no último parágrafo, eles estão no presente do indicativo.

  • Quem desejar entrar no grupo de Concurseiros do Qc solicite o link via caixa de mensagens, obrigada :)

  • Na trave.

  • não consegui identificar o modo presente do indicativo no último parágrafo. apenas sentimentos.

  • Em 03/07/20 às 01:17, você respondeu a opção B.

    Você errou!

    Em 20/05/21 às 00:04, você respondeu a opção A.

    Você acertou!

    O final do caminho da persistência é o êxito! 

  • pra banca AOCP eu preciso adquirir o hábito de responder a alternativa mais louca que tiver kkkkkkkkk

  • Aff! não tem uma análise! :/

  • Breve análise

    os verbos que estão no tempo presente, no último parágrafo, são utilizados para indicar ações e sentimentos que o narrador vive no momento atual.

    gabarito.

    Ele usa o presente do indicativo a pretexto de enfatizar fatos ocorridos em um tempo aparente, que dá a ideia de passado, porém é vivenciado no momento atual.

    a utilização de períodos mais curtos, como na sequência “Era uma questão de honra. Fui salvo pela sorte. A menina ficou em pé. Não voltou para o seu lugar.”, serviram para evitar o uso de conectivos de adição, tais como “Além disso” e “Também”, os quais não são comumente utilizados em crônicas.

    Não há uma regra acerca do uso ou não de conectivos em crônicas narrativas. Pelo contrário, o seu aproveitamento dá maior coerência lógica e coesão ao texto, o qual guardará com isso pressupostos de tempo e espaço, típicas da narração, com maior clareza.

    a linguagem não pertence ao padrão culto na maior parte do texto.

    Não há desvios da norma culta. Pode haver alguns erros, mas o autor resguarda as regras da gramática.

    o eu lírico não considera o ato de ceder o lugar no ônibus algo educado, tanto que isso o aborreceu.

    Não há no texto um trecho se quer que isso tenha ocorrido. Ocorre que o eu lírico compreende que o ato de ceder o lugar no ônibus contrapõe a ideia que ele tem de si mesmo (que se sente como um menino), do que as pessoas enxergam. É natural, por educação, darmos o lugar para uma pessoa idosa em filas, bancos, transporte etc; mas não percebemos realmente qual o sentimento que a pessoa carrega em relação a isso. No caso do autor, ele sente-se como se fosse um menino, embora as pessoas não o enxerguem dessa maneira.

    trata-se de um texto com sequências argumentativas, a fim de promover uma crítica social sobre a forma de tratamento de idosos.

    Não se trata de um texto argumentativo. É uma narrativa (tipo) do gênero (crônico). Uma narrativa crônica. Só por esse motivo a alternativa já está incorreta. No entanto, o item vai além e afirma que se trata de uma crítica social sobre a forma de tratamento de idosos. Como se pode ver, não é um crítica com sequências argumentativas, mas sim uma experiência vivenciada pelo eu lírico, que descreve um fato social a partir de sua vivência interior.

  • Para responder esta questão, exige-se conhecimento em interpretação textual e uso da língua padrão. O candidato deve indicar a assertiva correta. Vejamos:

    a) Correta.

    De fato, os verbos na passagem “A menina ficou em pé. Não voltou para o seu lugar. O banco permaneceu vazio até que uma jovem senhora o ocupou. O tempo passou. Meus cabelos brancos me denunciam. O menino que eu sinto dentro de mim já não convence. Visto de fora, sou um velho. Preciso urgentemente me acostumar com essa ideia. O tempo de viajar em pé no ônibus passou para mim. Salvo em casos de falta de educação. O meu problema, porém, é o contrário.”, servem para indicar ações e sentimentos que o autor sente no momento em que vive, pois sente-se um menino por dentro, mas a sua idade já está avançada e não acostumou-se com a sua idade real.

    b) Incorreta.

    Não há nenhum impedimento de usar conectivos em crônicas, apenas o autor que enviou o uso por opção.

    c) Incorreta.

    A linguagem culta é a utilizada seguindo os padrões da língua portuguesa. O texto utiliza essa linguagem, pois está perfeitamente dentro das normalidades.

    d) Incorreta.

    Do eu lírico na verdade, na verdade, apenas, sentiu-se mais velho ao ter o lugar oferecido. No entanto, não nos passa a ideia que ele ache que seja falta de educação ter o lugar cedido para os mais velhos.

    e) Incorreta.

    O texto é narrativo, pois acontece em um determinado lugar e possui personagens e um narrador.

    Gabarito: A

  • "O menino que eu sinto dentro de mim"

    Então o autor do texto é?