A questão compreende várias temáticas, a saber:
→ Função do pronome "lhe", que normalmente é adjunto adnominal ou objeto indireto;
→ Colocação pronominal, que diz respeito à colocação do pronome. Este pode achar-se anteposto ao verbo, em próclise (p.ex. não se realiza trabalho voluntário), interposto entre o radical e a desinência, em mesóclise (p.ex. realizar-se-á trabalho voluntário) e posposto ao verbo, em ênclise (p.ex. realiza-se trabalho voluntário).
→ Pontuação, especialmente uso de vírgula;
→ Função sintática, ou seja, o papel desempenhado na estrutura por certo segmento;
→ Regência verbal, que trata da transitividade de verbo, que pode ser intransitivo (dispensa complementos verbais), transitivo direto (requer complemento verbal direto), transitivo indireto (requer complemento verbal indireto) ou ainda bitransitivo (requer concomitantemente um complemento verbal direto e outro indireto). Nestas duas últimas, o verbo reclama preposição (a, de, em, por, sobre, etc.)
Adotemos as siglas:
VTI: Verbo Transitivo Indireto
VTDI: Verbo Transitivo Direto e Indireto
a) O pronome lhe em “agradeceu-lhe” e “obedecia-lhe” apresenta a mesma classificação sintática.
Correto. Ambos os verbos, "agradecer" e "obedecer", no contexto em tela, são respectivamente VTDI e VI e reclamam objeto indireto. Nos dois verbos, essa função é desempenhada pelo pronome "lhe";
b) O trecho “que me estimava” poderia também ser escrito “que estimava-me” sem violar a norma culta.
Incorreto. Ferir-se-ia a norma culta, tendo em vista a partícula "que" reclamar para perto de si, em próclise, o pronome "me";
c) O uso da vírgula em “que me tinha, e ele respondeu” está incorreto.
Incorreto. O uso está correto. Veja: "Minha mãe agradeceu-lhe a amizade que me tinha, e ele respondeu com muita polidez (...)". Note que a vírgula antes da conjunção "e" demarca a existência de sujeitos diferentes, cada qual pertencente a uma oração. Em casos análogos a esse, deve-se inserir o sinal de pontuação;
d) A expressão “de palavra pronta” é complemento nominal.
Incorreto. É objeto indireto do verbo "carecer", que é VTI e rege preposição "de". Veja: "(...) como se carecesse de palavra pronta";
e) O me em “que me tinha” é objeto direto.
Incorreto. O pronome "me", assim como outros oblíquos átonos, podem exercer as seguintes funções: sujeito acusativo, objeto direto, objeto indireto, adjunto adnominal, complemento nominal, parte integrante de verbo e partícula expletiva. Na passagem citada, desempenha a função de complemento nominal. Leia: "Minha mãe agradeceu-lhe a amizade que me tinha".
Letra A
Comentário do professor:
A questão compreende várias temáticas, a saber:
→ Função do pronome "lhe", que normalmente é adjunto adnominal ou objeto indireto;
→ Colocação pronominal, que diz respeito à colocação do pronome. Este pode achar-se anteposto ao verbo, em próclise (p.ex. não se realiza trabalho voluntário), interposto entre o radical e a desinência, em mesóclise (p.ex. realizar-se-á trabalho voluntário) e posposto ao verbo, em ênclise (p.ex. realiza-se trabalho voluntário).
→ Pontuação, especialmente uso de vírgula;
→ Função sintática, ou seja, o papel desempenhado na estrutura por certo segmento;
→ Regência verbal, que trata da transitividade de verbo, que pode ser intransitivo (dispensa complementos verbais), transitivo direto (requer complemento verbal direto), transitivo indireto (requer complemento verbal indireto) ou ainda bitransitivo (requer concomitantemente um complemento verbal direto e outro indireto). Nestas duas últimas, o verbo reclama preposição (a, de, em, por, sobre, etc.)
Adotemos as siglas:
VTI: Verbo Transitivo Indireto
VTDI: Verbo Transitivo Direto e Indireto
a) O pronome lhe em “agradeceu-lhe” e “obedecia-lhe” apresenta a mesma classificação sintática.
Correto. Ambos os verbos, "agradecer" e "obedecer", no contexto em tela, são respectivamente VTDI e VI e reclamam objeto indireto. Nos dois verbos, essa função é desempenhada pelo pronome "lhe";
b) O trecho “que me estimava” poderia também ser escrito “que estimava-me” sem violar a norma culta.
Incorreto. Ferir-se-ia a norma culta, tendo em vista a partícula "que" reclamar para perto de si, em próclise, o pronome "me";
c) O uso da vírgula em “que me tinha, e ele respondeu” está incorreto.
Incorreto. O uso está correto. Veja: "Minha mãe agradeceu-lhe a amizade que me tinha, e ele respondeu com muita polidez (...)". Note que a vírgula antes da conjunção "e" demarca a existência de sujeitos diferentes, cada qual pertencente a uma oração. Em casos análogos a esse, deve-se inserir o sinal de pontuação;
d) A expressão “de palavra pronta” é complemento nominal.
Incorreto. É objeto indireto do verbo "carecer", que é VTI e rege preposição "de". Veja: "(...) como se carecesse de palavra pronta";
e) O me em “que me tinha” é objeto direto.
Incorreto. O pronome "me", assim como outros oblíquos átonos, podem exercer as seguintes funções: sujeito acusativo, objeto direto, objeto indireto, adjunto adnominal, complemento nominal, parte integrante de verbo e partícula expletiva. Na passagem citada, desempenha a função de complemento nominal. Leia: "Minha mãe agradeceu-lhe a amizade que me tinha".
Letra A