SóProvas


ID
4165447
Banca
COPEVE-UFAL
Órgão
Prefeitura de Barra de São Miguel - AL
Ano
2017
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

    Minha mãe agradeceu-lhe a amizade que me tinha, e ele respondeu com muita polidez, ainda que um tanto atado, como se carecesse de palavra pronta. Já viste não era assim, a palavra obedecia-lhe, mas o homem não é sempre o mesmo em todos os instantes. O que ele disse foi que me estimava pelas minhas qualidades e aprimorada educação; no seminário todos me queriam bem, nem podia deixar de ser assim.

ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Rio de Janeiro: Ediouro, 1997. p. 173. 

Quanto aos aspectos da estrutura gramatical do texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • A questão compreende várias temáticas, a saber:

    → Função do pronome "lhe", que normalmente é adjunto adnominal ou objeto indireto;

    → Colocação pronominal, que diz respeito à colocação do pronome. Este pode achar-se anteposto ao verbo, em próclise (p.ex. não se realiza trabalho voluntário), interposto entre o radical e a desinência, em mesóclise (p.ex. realizar-se-á trabalho voluntário) e posposto ao verbo, em ênclise (p.ex. realiza-se trabalho voluntário).

    → Pontuação, especialmente uso de vírgula;

    → Função sintática, ou seja, o papel desempenhado na estrutura por certo segmento;

    → Regência verbal, que trata da transitividade de verbo, que pode ser intransitivo (dispensa complementos verbais), transitivo direto (requer complemento verbal direto), transitivo indireto (requer complemento verbal indireto) ou ainda bitransitivo (requer concomitantemente um complemento verbal direto e outro indireto). Nestas duas últimas, o verbo reclama preposição (a, de, em, por, sobre, etc.)

    Adotemos as siglas:

    VTI: Verbo Transitivo Indireto

    VTDI: Verbo Transitivo Direto e Indireto

    a) O pronome lhe em “agradeceu-lhe” e “obedecia-lhe” apresenta a mesma classificação sintática.

    Correto. Ambos os verbos, "agradecer" e "obedecer", no contexto em tela, são respectivamente VTDI e VI e reclamam objeto indireto. Nos dois verbos, essa função é desempenhada pelo pronome "lhe";

    b) O trecho “que me estimava” poderia também ser escrito “que estimava-me” sem violar a norma culta.

    Incorreto. Ferir-se-ia a norma culta, tendo em vista a partícula "que" reclamar para perto de si, em próclise, o pronome "me";

    c) O uso da vírgula em “que me tinha, e ele respondeu” está incorreto.

    Incorreto. O uso está correto. Veja: "Minha mãe agradeceu-lhe a amizade que me tinha, e ele respondeu com muita polidez (...)". Note que a vírgula antes da conjunção "e" demarca a existência de sujeitos diferentes, cada qual pertencente a uma oração. Em casos análogos a esse, deve-se inserir o sinal de pontuação;

    d) A expressão “de palavra pronta” é complemento nominal.

    Incorreto. É objeto indireto do verbo "carecer", que é VTI e rege preposição "de". Veja: "(...) como se carecesse de palavra pronta";

    e) O me em “que me tinha” é objeto direto.

    Incorreto. O pronome "me", assim como outros oblíquos átonos, podem exercer as seguintes funções: sujeito acusativo, objeto direto, objeto indireto, adjunto adnominal, complemento nominal, parte integrante de verbo e partícula expletiva. Na passagem citada, desempenha a função de complemento nominal. Leia: "Minha mãe agradeceu-lhe a amizade que me tinha".

    Letra A

  • Isso pode ajudar na resolução:

    Substituem Objetos diretos

    O (s) , A (S)

    NO (S) , NA (S)- Verbos terminados em som nasal

    LO (S) , L A (S) - Verbos terminados em R, S, Z

    Substitui O objeto indireto

    Lhe ( s)

    ------------------------------

    Minha mãe agradeceu-lhe a amizade 

    Agradeceu ( a ) alguém.

    obedecia-lhe/ O verbo obedecer é VTI (A)

  • CUIDADO COM OS COMENTÁRIOS ERRADOS

    A E não é tão óbvia como entendem Sr. Shelking e Felipe PM-PR. Note que Sr. Shelking diz complemento nominal e não diz a que nome o complemento supostamente se refere, porque dizer isso mostraria que a interpretação não procede. No sentido gramatical, os únicos nomes da frase são mãe e amizade, e o me não se refere a nenhum deles. A análise crítica revela que o homem tinha amizade com o narrador, motivo pelo qual a mãe do narrador lhe agradece. O me, portanto, como está proclítico ao verbo tinha, equivale a comigo (ou por mim, que no contexto geraria ambiguidade), funcionando como complemento deste verbo, ou seja, é um complemento verbal - a amizade que ele tinha comigo -; Felipe PM-PR trocou a frase por tinha amizade por mim e consequentemente também trocou o termo regente tinha por amizade. Devido à preposição com, este complemento verbal já não pode ser classificado como objeto direto (nem como objeto direto preposicionado ou complemento relativo), o que prova que a E está errada.

    No entanto, não se deve mecanicamente concluir que o me aí é objeto indireto, pois tal análise é controversa e até evitada em concursos públicos. Se a questão perguntasse especificamente a função do me aí, caberia anulação, porque, ao passo que o gramático Luiz Sacconi o enxerga como objeto indireto por extensão, o gramático Celso Cunha o enxerga como mero pronome de interesse sem função sintática alguma. Estamos diante de um caso dativo, em que não há consenso analítico.

  • Gente, pode ignorar o comentário do Orlando. Ele só quer atenção — aliás, qualquer um que ele faz se resume nisso. TODOS não ajudam em NADA. O comentário do Felipe e do Shelking estão corretos e bons!!

    Nesta questão aqui, tbm pensei q não fosse complemento nominal o pronome "me", mas é sim COMPLEMENTO NOMINAL. O pronome "me" remete a um pronome relativo que por sua vez remete ao substantivo "amizade". Verifiquei no grupo do próprio Pestana. Para mim, é muito fácil escolher quem ouvir: um estudante que não ajuda ninguém e ainda corrige o q não está errado ou um professor de língua portuguesa.

  • Caroline Gil, o seu comentário é ignorante e ofensivo e deve ser reportado.

  • que isso gente kaskaskaks

  • Sobre o verbo OBEDECER

    Obedecer Constrói-se, modernamente, com objeto indireto:

    Os filhos obedecem aos pais.....O filho obedece-lhes em tudo....Os corpos obedecem à lei da gravidade. "Os passeios sempre obedeciam a horários." (MARIA DE LOURDES TEIXEIRA) "Os coqueiros eram senhores a que os trabalhadores obedeciam."

    Observações: Embora transitivo indireto, admite a forma passiva: Os pais são obedecidos pelos filhos. v' O antônimo desobedecer tem o mesmo regime. Autores modernos constroem o verbo obedecer também como objeto direto: "Eu devia obedecer minha mãe em tudo."

  • CUIDADO

    O comentário do colega Orlando Guimarães está incorreto. A classificação apresentada pelo Sr. Shelking está correta.

    Na construção "...agradeceu-lhe a amizade que me tinha...", o termo "me" é de fato complemento nominal. Cabe observarmos as relações presentes na construção, tornando possível delimitar a qual termo o pronome está ligado. Para tanto, basta delimitarmos o complemento do verbo "ter".

    Na construção, a mãe agradece por algo que "ele" (-lhe) tinha. Cabe então perguntar ao verbo "o que ele tinha?"

    A resposta natural ao questionamento é "amizade por mim - comigo", ficando claro que o pronome "me" está ligado ao substantivo amizade. Como estamos diante de termo ligado a substantivo com uso de preposição, que não a preposição "de", o termo é classificado como complemento nominal.

    Orlando Guimarães. Bloquear-me não me impede de ver teus comentários.

  • Syd B. Sugiro mais embasamento e menos palpite. Eis o que diz Celso Cunha (Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª edição. 2016. Editora Lexicon. Rio de Janeiro. 762 páginas. ISBN 9788583000310. Página 317):

    "Pronome de interesse

    Em frases como as seguintes:

    Olhem-me para ela: é o espelho das donas de casa! (A. Ribeiro, M, 101.)

    Ânimo, Brás Cubas, não me sejas palerma. (Machado de Assis, OC, 1,534.)

    o pronome me não desempenha função sintática alguma. É apenas um recurso expressivo de que se serve a pessoa que fala para mostrar que está vivamente interessada no cumprimento da ordem emitida ou da exortação feita.

    Este PRONOME DE INTERESSE, também conhecido por DATIVO DE PROVEITO, é de uso frequente na linguagem coloquial, mas não raro aparece na pena de escritores".

    Só isso bastaria pra anular a questão se necessário.

  • Syd B fala de Fernando Pestana a esmo. Nunca leu o livro dele. Lá ele adverte sobre o assunto e mostra como isso já caiu em prova. Aos desavisados, vejam que a análise sintática da questão que o Pestana dá é bem diferente da desses palpiteiros daqui:

    "(CONCSEL – Pref. Sítio Novo/RN – Cargos Ensino Fundamental – 2009)

    Na frase: Não me ponha os pés no sofá nem me saia mais à rua hoje! Os termos destacados exercem função de:

    a) objeto direto preposicionado;

    b) objeto direto intrínseco;

    c) objeto indireto pleonástico;

    d) objeto indireto por extensão. (Gabarito)"

    Como o pessoal reage a isso? Escuta um professor falando besteira e se cala? Eu venho até aqui de boa vontade e provo com argumentos que eles estão errados. Os professores só reagem com blocks e retórica baixa. Ninguém argumenta nada. Só repetem um ao outro. Vocês deveriam ter vergonha desses professores.