SóProvas


ID
4832656
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
MJSP
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Posfácio do livro Rio em Shamas (2016), de Anderson França, Dinho
Rafael Dragaud 

    NÃO PIRA! Foi com esse conselho, há cerca de seis anos, que começou minha história com o Dinho. Colaborávamos na mesma instituição social e vez ou outra nos esbarrávamos numa reunião, ele sempre ostensivamente calado. Por algum motivo da ordem do encosto, no sentido macumbeirístico mesmo, ou cumplicidade de gordos, vimos um no outro um elo possível de troca.
    Ele então começou a me enviar milhões de textos que eram uma mistura frenética de sonhos, pseudorroteiros cinematográficos, pedidos de desculpas, posts-denúncias, listas de exigências de sequestrador, tudo num fluxo insano de criação, que ele mesmo dizia que um dia iria sufocá-lo de vez — o que me fez proferir o dito conselho.
    O fato é que um dia passei em frente ao notebook dele e lá estava a tela quase inteiramente coberta de post-its, todos iguais, escritos: NÃO PIRA. E ele então me confidenciou: Cara, você resolveu minha vida. Eu só não posso pirar! É isso!
    Esse episódio obviamente fala muito mais sobre essa característica de esponja afetointelectual dele do que sobre alguma qualidade do meu conselho. E foi sendo assim, esponja que se enche e se comprime (deixando desaguar seus textos em redes sociais), que foi surgindo um escritor muito especial. Especial não pra mãe dele ou pra Su (a santa), mas para a cidade do Rio de Janeiro.
    Com uma voz e um estilo absolutamente singulares, Dinho flerta com a narrativa do fluxo do pensamento, o que poderia gerar textos apenas egoicos e herméticos, eventualmente mais valiosos pra ele do que para o leitor. Mas sei lá como, seus textos conciliam esse jeitão com uma relevância quase política, pois jogam luz sobre partes da cidade que merecem ser mais vistas, mais percebidas, e até mesmo mais problematizadas.
    Dinho “vê coisas”. E, consequentemente, tem o que dizer. Não só sobre o subúrbio, suas ruas, seus personagens e seus modos, numa linhagem Antônio Maria ou João do Rio, mas muitas vezes também sobre bairros já enjoativos, de tão submersos em clichês, como o tão adorado-odiado Leblon. Seu “olhar de estrangeiro” revela estranhas entranhas da Zona Sul do Rio de Janeiro. O fato é que, com este livro, a cidade fica muito maior, mais plural e consequentemente mais justa.
    Espero que este seja apenas o primeiro de uma série. Se é que posso dar mais algum conselho, o único que me ocorre ao vê-lo escrevendo hoje em dia é: NÃO PARE!

FRANÇA, Anderson. Rio em Shamas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2016.

Quanto ao excerto “Por algum motivo da ordem do encosto, no sentido macumbeirístico mesmo, ou cumplicidade de gordos [...]”, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito E

    A expressão está entre vírgulas para explicar o termo anterior.

  • a)ERRADO, encosto expressa geralmente um local físico utilizada para apoio. Pelo excerto seguinte, entre vírgulas, sabemos que está no campo semântico personificado, referindo-se a alguém, o próprio amigo ou mesmo alguma entidade que fez eles se aproximarem

    b)ERRADO, vide explicação acima.

    c)ERRADO, o prejuízo causado será no campo semântico e não sintático. O instituto AOCP costuma inverter tais conceitos; portanto grave - Semântica (sentido)/ Sintático - Gramátical. Ademais, se a ideia fosse retirar as vírgulas e não o excerto, teríamos também uma alteração semântica, passando do campo da explicação para restrição.

    d)ERRADO, na posição em que se encontra, o mesmo serve para ratificar a afirmação; se colocado anteposto ao período terá ideia de "Inclusive". (...)mesmo - inclusive - no sentido macumbeirístico(...)".

    e)CORRETO

  • GAB: E

    Trata-se de um aposto explicativo por estar entre virgulas que ao ser retirado do texto não irá influenciar, pois é um termo acessório da língua portuguesa.

  • Nas alternativas “A” e “B”, o examinador não tinha o que colocar. Kkkk

  • tão fácil que dá até medo de marcar kkkk

  • Na alternativa C alteraria o sentido semântico, não o sintático.

  • Foco na Missão Guerreiros, que aprovação é certa!

  • O oposto e um termo acessório que permite ampliar, explicar desenvolver ou resumir a ideia contida em um termo que exerça qualquer função sintática:

     Ontem, segunda feira, passei o dia mal-humorado.

    "Segunda-feira" é aposto do adjunto adverbial de tempo "ontem" O aposto e sintaticamente equivalente ao termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: 

     Segunda-feira passei o dia mal-humorado.

    O aposto pode ser classificado, de acordo com seu valor na oração, em:

    a) explicativo: A linguística, ciência das línguas humanas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o mundo.

    b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas coisas: amor, arte, ação

    c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho, tudo forma o carnaval.

    d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixaram-se por muito tempo na baía anoitecida.

    ✨Geralmente, a pausa entre um termo e outro vem separado dos demais termos da oração por vírgula, dois pontos, parênteses ou travessão.✨

  • que banca chata pelo amor de deus, só questão estranha, não que eu tenha errado, mas fica minha indignação, são questões que me estressam além de serem relativamentes difíceis de resolver com apenas uma leitura...

  • acertei por eliminação!

  • É um aposto explicativo... LETRA E

  • Encosto é um termo popular entre religiões afro-brasileiras, referindo-se à interferência de eguns (mortos) ou quiumbas causando, por exemplo, doenças, e entre neopentecostais; segundo a interpretação religiosa no imaginário cultural, é um fenómeno maligno provocado a alguém por uma entidade exterior ou nomeadamente. É um espírito perdido que “encosta” em uma pessoa para sugar sua energia. Segundo o espiritismo, são almas que não aceitaram que partiram deste mundo ou não têm consciência de que estão mortas.

  • Acertei porque bato um tambor.. :)

  • Eparrey Iansã!

  • PESSOAL, TODA VEZ QUE VOCÊS RESOLVEREM UMA QUESTÃO PEÇAM O COMENTÁRIO DO PROFESSOR.

  • Trata-se de um aposto explicativo.