- ID
- 5040076
- Banca
- IDCAP
- Órgão
- Prefeitura de Santa Leopoldina - ES
- Ano
- 2021
- Provas
- Disciplina
- Português
- Assuntos
-
- Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo)
- Pronomes Indefinidos
- Flexão verbal de número (singular, plural)
- Flexão verbal de pessoa (1ª, 2ª, 3ª pessoa)
- Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro)
- Morfologia - Pronomes
- Morfologia - Verbos
- Sintaxe
- Termos essenciais da oração: Sujeito e Predicado
TEXTO
O texto abaixo servirá de base para responder a questão.
O HÍFEN NO DIVÃ
(1º§) Sempre fui incompreendido. Apesar de ser tão
importante fui, muitas vezes, desprezado. Mesmo
quando tinha que unir palavras que não poderiam
prescindir de mim. Poucas pessoas prestavam
atenção às regras. Colocavam-me a seu bel-prazer,
achando que estavam até mesmo me fazendo um
favor. Isso foi me causando desde um delírio de
grandeza até um complexo muito forte de
inferioridade. Tentei a indiferença, a prepotência,
formas de me proteger. Passei a considerar
ignorantes todos aqueles que me desprezavam
conscientemente ou não.
(2º§) Minha crise de identidade me levou ao analista.
Aliás, pseudo analista. Faço questão de separar
essas duas palavras, para mostrar a diferença entre
o falso e o legítimo. Não me conformo com a nova
ortografia. Estou numa crise existencial ao extremo.
Vejo palavras bem à vontade sem a minha presença.
(3º§) Tenho observado pessoas confusas querendo
simplesmente me extinguir como fizeram com o
trema. Sei que ele foi perdendo importância no
nosso país, mas pode se refugiar na Alemanha. Pedi
ajuda à reticência, dizendo que ela poderia ser a
próxima. Nem me ouviu. Considera-se muito
importante, num mundo onde muitos evitam dizer
tudo o que pensam. Afirma que é necessária, jamais
será extinta, pois existem até mesmo pessoas
reticentes, mesmo sem a presença dos três pontos.
(4º§) Tentam simplificar o meu caso, dizendo, muitas
vezes, que vale a regra anterior. Como se todos
conhecessem e soubessem aplicar regras. Ao invés
de simplificar, complicaram tudo. E eu fico vagando
entre algumas palavras e querendo permanecer
entre outras que não me aceitam mais. O pseudo
analista disse que preciso me adaptar.
Simplesmente assim. Adaptação. Como se fosse
fácil. Pensei que me entenderia, que estaria ao meu
lado, lutando por minha posição. Não, acho que está
a serviço da Academia Brasileira de Letras.
(5º§) Agora, estou também com mania de
perseguição. Completamente perdido. As pessoas
evitam palavras antes separadas por mim, por não
saberem mais como escrevê-las.
(6º§) Sinto-me abandonado, desprezado, humilhado,
vejo palavras deformadas, como: motosserra,
autoestima, antirracismo, antissocial, ultrassom.
Permaneço entre as cores (azul-marinho,
azul-esverdeado, por exemplo), no guarda-roupa
(que deprimente), mas não me conformo.
(7º§) Pedi ajuda ao ponto e vírgula para a minha
causa. Ele não se importa de não ser bem usado. O
acento indicativo de crase simplesmente me ignorou.
Tem vários casos e a certeza de que, sendo
polêmico, enquanto existirem concursos e
vestibulares estará garantido.
(8º§) Preciso encontrar um analista que me entenda,
saiba realmente como me sinto. Talvez eu fique
morando no seu divã (mesmo que não haja lugar
para mim nessa palavra).
(Geni Oliveira - Professora aposentada e escritora.) - (Adaptado)
Sobre os componentes textuais, marque a alternativa INCORRETA.