SóProvas


ID
5151916
Banca
IDIB
Órgão
Prefeitura de Xinguara - PA
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO

Trecho do livro Modernidade Líquida

         “Indivíduos frágeis”, destinados a conduzir suas vidas numa “realidade porosa”, sentem-se como que patinando sobre gelo fino; e “ao patinar sobre gelo fino”, observou Ralph Waldo Emerson em seu ensaio Prudence, “nossa segurança está em nossa velocidade”. Indivíduos, frágeis ou não, precisam de segurança, anseiam por segurança, buscam a segurança e assim tentam, ao máximo, fazer o que fazem com a máxima velocidade. Estando entre os corredores rápidos, diminuir a velocidade significa ser deixado para trás; ao patinar em gelo fino, diminuir a velocidade também significa a ameaça real de afogar-se. Portanto, a velocidade sobe para o topo da lista dos valores de sobrevivência.
         A velocidade, no entanto, não é propícia ao pensamento, pelo menos ao pensamento de longo prazo. O pensamento demanda pausa e descanso, “tomar seu tempo”, recapitular os passos já dados, examinar mais de perto o ponto alcançado e a sabedoria (ou imprudência, se for o caso) de o ter alcançado.
         Pensar tira nossa mente da tarefa em curso, que requer sempre a corrida e a manutenção da velocidade. E na falta do pensamento, o patinar sobre o gelo fino que é uma fatalidade para todos os indivíduos frágeis na realidade porosa pode ser equivocadamente tomado como seu destino.
         Tomar a fatalidade por destino, como insistia Max Scheler em sua Ordo amoris, é um erro grave: “O destino do homem não é uma fatalidade… A suposição de que fatalidade e destino são a mesma coisa merece ser chamada de fatalismo”. O fatalismo é um erro do juízo, pois de fato a fatalidade “tem origem natural e basicamente compreensível”. Além disso, embora não seja uma questão de livre escolha, e particularmente de livre escolha individual, a fatalidade “tem origem na vida de um homem ou de um povo”. Para ver tudo isso, para notar a diferença e a distância entre fatalidade e destino, e escapar à armadilha do fatalismo, são necessários recursos difíceis de obter quando se patina sobre gelo fino: tempo para pensar, e distanciamento para uma visão de conjunto.
          (…) Tomar distância, tomar tempo – a fim de separar o destino e a fatalidade, de emancipar o destino da fatalidade, de torná-lo livre para confrontar a fatalidade e desafiá-la: essa é a vocação da sociologia. E é o que os sociólogos podem fazer caso se esforcem consciente, deliberada e honestamente para refundir a vocação a que atendem – sua fatalidade – em seu destino.
Zygmunt Bauman

Disponível em https://colunastortas.com.br/zygmunt-bauman-frases/. Acesso
em 25/06/2020.

Tomar distância, tomar tempo – a fim de separar o destino e a fatalidade, de emancipar o destino da fatalidade, de torná-lo¹ livre para confrontar a fatalidade e desafiá-la²:...” A referenciação é uma estratégia de coesão muito importante para se construir a progressão temática de um texto, evitando a exaustiva repetição de palavras. No trecho em destaque, essa estratégia foi empregada, por exemplo, nos verbos “torná-lo” e “desafiá-la”. Sobre esses recursos coesivos empregados, pode-se afirmar que

I. Houve a substituição de nomes ditos anteriormente por seus respectivos sinônimos.
II. A referenciação ocorreu por meio do uso de pronomes demonstrativos.
III. A referenciação ocorreu por meio do uso de pronomes pessoais do caso reto.
IV. Houve a substituição de nomes ditos anteriormente por meio de seus respectivos hiperônimos.
V. A referenciação ocorreu por meio do uso de pronomes pessoais do caso oblíquo.

É correto o que se afirma

Alternativas
Comentários
  • Pronomes Pessoais

    Pronomes pessoais retos - Eu, tu, ele/ela, nós. vós, eles/elas

    Pronomes pessoais oblíquos átonos - me, te, se/lhe/o/a, nos, vos. Substituem complementos verbais

    Pronomes pessoas oblíquos tônicos - mim/comigo, ti/contigo, si/ consigo, nós/conosco, vós, convosco. Tônicos são pronunciados com força e precedidos de preposição. Costumam ter função de complemento.

    Substituem apenas OD -> O, A, OS, AS

    Apenas OI -> LHE

    OD e OI -> ME, TE, SE, NOS, VOS

    Pronomes Demonstrativos

    Palavras: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s), aqueloutro(s), aqueloutra(s), isto, isso, aquilo, o, a, os, as; mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s), tal, tais, semelhante(s)...

  • Vai te ajudar nessa e noutras:

    Substituem Objetos diretos:

    Lo (S) La (S) - Verbos terminados em R, S, Z.

    No (S) , Na (S) - Verbos terminados em Som nasal.

    O (S) , A (S)

    Substituem Objetos Indiretos:

    Lhe (S)

    Bons estudos!

  • Hipônimo > especificação

    Ex: médico

    Hiperônimo > classe

    Ex: profissão

  • Ocorre uma coesão referencial pronominal e não substantiva por sinônimo.