SóProvas


ID
5286028
Banca
UFMG
Órgão
UFMG
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

INSTRUÇÃO: A questão refere-se ao Texto , a seguir. Leia-o com atenção, antes de respondê-la.


TEXTO

   Quem passou por alguma praia recentemente talvez tenha se deparado com um fenômeno comum, mesmo nas regiões mais remotas do litoral brasileiro: o lixo. Em uma caminhada de uns dez minutos que fiz no litoral de Santa Catarina no começo de janeiro, por exemplo, encontrei garrafas pet, latinhas de cerveja e de energéticos, canudinhos, plásticos de picolé. Fui recolhendo o que achei até que, sozinha, eu não tinha mais braços suficientes para tanto lixo acumulado.

   O problema é que quando a maré sobe, ou quando chove, tudo aquilo que se acumula na areia vai para o mar – e causa um estrago danado. Já há, inclusive, estudos que mostram que até 2050 os Oceanos terão mais plásticos do que peixes.

   Por que as pessoas jogam lixo na praia? Fiz essa pergunta alto para quem estava lá comigo entre latinhas e pacotes de batata frita e tive como resposta o mesmo que você deve ter pensado: “as pessoas não têm educação”. Ok. Então vamos entender o que isso significa.

   “Não ter educação” e, por causa disso, jogar lixo na praia, na rua e nos espaços públicos, pode ser entendido como falta de conhecimento. Não aprendi algo, por isso tenho uma determinada atitude por desconhecimento dos impactos do que eu faço. As pessoas, em tese, não saberiam que aquele lixo plástico jogado na areia inevitavelmente vai parar no mar. Tampouco saberiam que o peixe pode ingerir esse plástico, então você “come o plástico” simplesmente porque come o peixe. É a ideia de “cadeia alimentar”, que aparece na escola no ensino fundamental e pode ser tema até de vestibular. Não me parece, no entanto, que o lixo naquela praia seja um caso de falta de conhecimento. Chuto dizer que a maioria das pessoas que estava lá em Santa Catarina – e que jogou latinha de cerveja por onde passou – tinha passado pelas aulas de biologia da escola. Aquelas pessoas provavelmente tinham diploma de ensino superior – ou até alguma pós-graduação. Cruzei com gente opinando sobre política e ostentando um português elegante – ou falando outras línguas, como espanhol e alemão.

   O problema pode estar no formato da nossa educação. Aprendemos conceitos importantes de maneira muito teórica e temos aulas expositivas focadas em livros didáticos com pouca experimentação. Pode ser que aquelas pessoas da praia tenham conhecimento ambiental, mas não internalizaram os conceitos aprendidos. Trocando em miúdos: quem joga uma sacola plástica na areia da praia pode até acertar uma questão do Enem sobre poluição ou cadeia alimentar, por exemplo, mas talvez não compreenda completamente que aquele seu próprio lixo interfere no ecossistema do qual faz parte.

    Mais: pessoas altamente instruídas no Brasil podem ter baixíssima noção de cidadania, do que é ser cidadão, de regras de divisão de espaços públicos. Talvez porque estejam viciadas pelos hábitos de gerações anteriores, que jogavam lixo na praia, as pessoas seguem fazendo o mesmo. Ou então aquelas pessoas estão mais acostumadas a ambientes privados e controlados, e acreditam que sempre haverá alguém para limpar o rastro que se deixa por aí.

   Aqui, vamos das aulas de ciências à sociologia. Será que estamos discutindo o suficiente, na escola, sobre a formação sociocultural brasileira, que é impregnada pela ideia de “ser servido”? E debatemos o quanto isso afeta, inclusive, o nosso próprio ecossistema?


RIGHETTI, Sabine. Disponível em:

<http://abecedario.blogfolha.uol.com.br/2018/01/31/lixo-na-praiamostra-que-precisamos-muito-mais-do-que-educacao/>. Acesso em: 1 fev. 2018.

Em relação à construção linguística do texto, assinale a alternativa INCORRETA.

Alternativas
Comentários
  • Já não sei mais o que fazer para não incorrer no erro de : Marque a incorreta, aí o candidato toupeira aqui marca a correta ... Francamente tá ficando preocupante.

  • pronome interrogativo
  • A resposta correta é a A, pois está errada e a questão pede a incorreta. O quem na questão não se trata de pronome pessoal, como afirmado, mas indefinido, pois não sabemos a quem se refere, é empregado de forma vaga, imprecisa e invariável.

    Mais sobre pronomes indefinidos:

    https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/pronomes-indefinidos-e-interrogativos-nenhum-outro-qualquer-quem-quanto-qual.htm

  • CUIDADO COM OS COMENTÁRIOS SIMPLISTAS

    Não é consenso entre os autores nem entre as bancas (nunca vi uma cobrar especificamente isto) a classificação morfológica daquele quem em início de frase. Há três interpretações: 1) pronome indefinido, defendida, por exemplo, por Said Ali; 2) pronome relativo sem antecedente, defendida, por exemplo, por Celso Cunha; 3) pronome relativo indefinido, defendida por Evanildo Bechara. Mas se esta m* tiver a audácia de aparecer em sua prova, fique com a análise do Cunha, o qual as bancas respeitam mais, e ignore o comentário de Amanda V.

  • Ivan Lucas, amiguinho Ivan Lucas, será que o pernicioso sou eu mesmo?

    Mesmo com meu comentário deixando claro que não é esse o assunto abordado pela questão e que ele sequer cai em prova, você aparece, incomodado com o que ele diz. Você, sendo o troll que é, apenas é enviesado contra mim e sabe disso. Também acho engraçado falar que x ou y é consenso sem nunca citar nomes. Fico mais com o comentário sábio da Débora Oliveira ☕.

  • Fui uma das que solicitou comentário do Ivan Lucas, que prontamente me explicou a questão, tanto aqui quanto em privado. Não é a primeira vez que os comentários confusos do colega Orlando me fazem achar que desaprendi a matéria.

    E ainda se acha no direito de chamar os professores que estão aqui para nos ajudar de "troll". O Ivan Lucas não é o primeiro que eu vejo ele ofendendo de graça, isso quando não xinga os próprios alunos que respondem os comentários dele. Quando os professores não estiverem mais aqui, mandem a conta para esse tipo de usuário.

  • rsrsrs, Gabarito A, não entendi a treta dos caras nos comentários.

  • André Clash, nem vai entender. São todos doidos.