SóProvas


ID
5360524
Banca
CEV-URCA
Órgão
Prefeitura de Crato - CE
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

"Tudo em ’Torto arado’ é presente no mundo rural do Brasil. Há pessoas em condições análogas à escravidão"


     Quando Bibiana e Belonísia nasceram, tinham outros nomes. O baiano Itamar Vieira Junior tinha 16 anos quando começou a escrever Torto arado (Todavia), que ganhou nesta quinta-feira o Prêmio Jabuti de melhor romance, e suas protagonistas tinham outras identidades. A essência da narrativa, no entanto, permaneceu inalterada: a história de duas irmãs, contada a partir de sua relação com o pai e com a terra onde viviam. O título, retirado do poema Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, tampouco mudou. O que veio depois foi a vontade de levar a história para o sertão da Chapada Diamantina, longe da capital ou do Recôncavo Baiano, onde a maioria dos seus conterrâneos ambientam suas narrativas. "A gente fala do sertão, do semiárido, parece que se trata de uma coisa só, mas o sertão da Chapada tem uma regularidade de chuva, uma diversidade de paisagem, de mato, que salta aos olhos", conta Vieira Junior, hoje com 41 anos, ao EL PAÍS, por telefone.

    

    Profundamente influenciado pelas leituras de Graciliano Ramos, Jorge Amado e Rachel de Queiroz, ele escreveu as primeiras 80 páginas da obra, mas o manuscrito se perdeu durante uma mudança da família. Vieira Junior só retomaria a história vinte anos depois, quando, formado geógrafo e funcionário público do INCRA, conheceu as realidades de indígenas, quilombolas, ribeirinhos e assentados no sertão baiano e maranhense. "Ao longo de 15 anos, aprendi muito sobre a vida no campo e vi um Brasil muito diverso do que vivemos cotidianamente nas cidades. Existe uma vida muito pulsante no campo, uma vida que está em risco, porque essas pessoas vivem em constante conflito na defesa de seus territórios. Tudo isso reacendeu a chama de escrever Torto arado", conta o escritor, que lembra que o Brasil é um dos países com maiores índices de violência no campo. No ano passado, foram registrados 1.883 conflitos, incluindo 32 assassinatos, de acordo com o levantamento anual realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).

    

    Em 2017, quando escrevia a segunda - e definitiva - versão do romance, nove trabalhadores rurais com os quais Vieira Junior teve contato foram assassinados, seis deles em uma chacina. "Foi um ano brutal", lembra. São as vidas e lutas dessa gente que estão contadas em sua obra, que acompanha a família das irmãs Bibiana e Belonísia no cotidiano de Água Negra, uma fazenda onde os trabalhadores aram a terra sem receber salário, tendo apenas o direito de construir casebres de barro que precisam ser reconstruídos a cada chuva, pois o fazendeiro não autoriza construções de alvenaria. Quando não estão plantando e colhendo nas terras do patrão, cultivam roças nos próprios quintais para comer e ganhar um pouco dinheiro vendendo abóbora, feijão e batata na feira. São quase todos negros, descendentes de escravizados libertos havia poucas décadas, como é o próprio autor. Descendente de negros escravizados vindos de Serra Leoa e da Nigéria e de indígenas Tupinambás, Vieira Junior construiu um sertão real, que tem vida e verde, graças, em parte, às histórias dos avós paternos, que viveram no campo, na região de Coqueiros do Paraguaçu, no Recôncavo Baiano.

    

    O torto arado que dá nome ao livro é um objeto que, usado pelos antepassados das protagonistas na lida com a terra, atravessa o tempo para representar essa herança escravocrata de tantas desigualdades. Narrado primeiramente por Bibiana, depois por Belonísia e, na terceira parte, por outra personagem, o romance já começa com o clímax de um acidente: crianças, as duas irmãs ? filhas de Zeca Chapéu Grande, um líder comunitário e espiritual encontram uma faca da avó Donana. A partir daí, a linguagem, central na narrativa desde a prosa melodiosa com que o autor escreve, torna-se ainda mais importante. O não dito é tão importante quanto o que está impresso no papel. Uma irmã torna-se a voz da outra, e, como estão descritos os gestos, mas não as palavras das personagens, o leitor não sabe quem foi mutilada até chegar a um terço do romance. 


(FONTE: El País. Texto de Joana Oliveira. Disponível em https://brasil.elpais.com/cultura/2020-12- 02/tudo-em-torto-arado-ainda-e-presente-no-mundo-rural-brasileiro-ha-pessoas-em-condicoes-analogas-a-escravidao.html)

No trecho "O que veio depois foi a vontade de levar a história para o sertão da Chapada Diamantina, longe da capital ou do Recôncavo Baiano, onde a maioria dos seus conterrâneos ambientam suas narrativas.", as palavras destacadas devem ser corretamente classificadas como:

Alternativas
Comentários
  • Artigo sempre antecede substantivo;

    Pronome relativo da para trocar sempre pelo o qual.

    Gab. A

  • Gab. A

    O que = Aquilo = pronome demonstrativo.

    O que veio depois foi a vontade(...)

    Aquilo que veio depois foi a vontade(...)

    Att.

  • O que veio- substitua o ''O'' por aquilo e temos um pronome demonstrativo.

    Os pronomes relativos são: que, quem, o qual (a qual, os quais, as quais), onde (equivalendo a em que), quanto (quanta, quantos, quantas) e cujo (cuja, cujos, cujas) e podem ser precedidos ou não por preposições.

    Pronome Possessivo: minha, tua, sua, nossa.

    Gabarito letra ''A''.

  • Olá!

    Gabarito: A

    Bons estudos!

    -Estude como se a prova fosse amanhã.

  • O = aquilo (pronome demonstrativo);

    Onde = pronome relativo (refere-se ao antecedente "Sertão da Chapada Diamantina);

    Suas = pronome possessivo de 3a pessoa.

    GABARITO: A

  • Esta questão cobra conhecimentos acerca do uso dos pronomes, que são as palavras que substituem o substantivo (nome) e têm a finalidade de indicar a pessoa do discurso ou de situar no tempo e no espaço sem que, para isso, o nome seja repetido.

     

     

    Alguns tipos de pronome:

    Pronomes substantivos: exercem a função de substantivo, como na frase “Ele é meu amigo".

     

    Pronomes adjetivos: acompanham ou modificam o substantivo, como nas frases “Meu carro é azul" / “Aqueles carros são vermelhos".

     

    Vejamos agora outros tipos de pronome:

     

    De tratamento: Você, Senhor / Senhora (Sr. / Srª), Vossa Senhoria (V.S.ª), Vossa Excelência (V. Ex.ª), Vossa Magnificência (V.Mag.ª), Vossa Santidade, Vossa Reverendíssima (V.Rev.ª), Vossa Eminência: (V.Em.ª).

     

    Relativos: O qual / a qual, os quais / as quais, cujo / cuja, cujos / cujas, quanto/ quanta, quantos / quantas, onde.

     

    Pessoais: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas
    me, mim, comigo, nos, conosco; te, ti, contigo, vos, convosco; o, a, lhe, se, si, consigo, os, as, lhes.

     

    Demonstrativos: Este, estes, esta, estas, isto
    Esse, esses, essa, essas, isso
    Aquele, aqueles, aquela, aquelas, aquilo.

     

    Possessivos: meu / minha, teu / tua, seu / sua, nosso / nossa, vosso / vossa.

     

    Indefinidos: algum, alguns, alguma, algumas, alguém
    nenhum, nenhuns, nenhuma, nenhumas, ninguém
    todo, todos, toda, todas, tudo
    outro, outros, outra, outras, outrem
    muito, muitos, muita, muitas, nada
    pouco, poucos, pouca, poucas, cada
    certo, certos, certa, certas, algo
    vário, vários, vária, várias
    tanto, tantos, tanta, tantas
    quanto, quantos, quanta, quantas
    qualquer, quaisquer.

     

    Interrogativos: que, quem, qual, quais, quanto, quanta, quantos, quantas.

     

     

    Agora que já refrescamos a memória e vimos os principais tipos de pronome, vejamos o que nos diz o enunciado:

     

    No trecho "O que veio depois foi a vontade de levar a história para o sertão da Chapada Diamantina, longe da capital ou do Recôncavo Baiano, onde a maioria dos seus conterrâneos ambientam suas narrativas.", as palavras destacadas devem ser corretamente classificadas como:

     

    A) pronome demonstrativo - pronome relativo - pronome possessivo.

     

    Correto. O primeiro pronome que aparece no fragmento em questão (o) é um pronome demonstrativo, isto é, ele indica a posição de algo (no caso, a posição daquilo que veio depois). Já onde é um pronome relativo, cuja função é a de ligar a oração subordinada adjetiva - que se inicia exatamente com o uso do pronome - à oração principal. Por fim, o pronome suas é um pronome demonstrativo, isto é, indica uma ideia de posse.

     

    B) pronome pessoal do caso oblíquo - pronome demonstrativo - pronome relativo.

     

    Incorreta. O pronome o, no fragmento em questão, não é um pronome pessoal do caso oblíquo. Tais pronomes são aqueles que se referem às pessoas do discurso, exercendo a função de complemento. Eles se dividem em átonos, sem preposição (me, te, se, lhe, o, a, se – singular – nos, vos, lhes, os, as, se – plural) e tônicos, com preposição (mim, comigo, ti, contigo, ele, ela, si, consigo – singular – nós, conosco, vós, convosco, eles, elas, si, consigo – plural). Outra justificativa é que no fragmento do texto em questão o pronome o não exerce a função de complemento, uma vez que ele indica a posição de algo. Além disso, o onde não é um pronome demonstrativo, pois não indica a posição de nada. Por fim, suas indica posse, não sendo, portanto, um pronome relativo.

     

    C) pronome pessoal do caso reto - pronome relativo - pronome demonstrativo.

     

    Incorreta. O primeiro pronome (o) não é um pronome pessoal do caso reto, pois não exerce a função de complemento. Além disso, o onde até é um pronome relativo, mas o suas é um pronome que indica posse, sendo, portanto, um pronome possessivo.

     

    D) pronome relativo - pronome demonstrativo - pronome possessivo.

     

    Incorreta. O é um pronome demonstrativo, isto é, indica a posição de algo. Já onde é um pronome relativo. A única coisa correta, aqui, é a classificação de suas, mas, para ser marcada como correta, a alternativa toda deve estar certa.

     

    E) artigo - advérbio de lugar - pronome possessivo.

     

    Incorreta. O é um pronome demonstrativo e onde é um pronome relativo.

     

    Gabarito do Professor: Letra A.

  • No trecho "O que veio depois foi a vontade de levar a história para o sertão da Chapada Diamantina, longe da capital ou do Recôncavo Baiano, onde a maioria dos seus conterrâneos ambientam suas narrativas.", as palavras destacadas devem ser corretamente classificadas como:

    A primeira expressão representa um pronome demonstrativo. Aquilo que veio depois,,,

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    A segunda expressão representa um pronome relativo retomando o termo sertão.

    O pronome relativo "onde" aparece apenas no período composto, para substituir um termo da oração principal numa oração subordinada.

    Na língua culta, escrita ou falada, "onde" deve ser limitado aos casos em que há indicação de lugar físico, espacial. Quando não houver essa indicação, deve-se preferir o uso de em queno qual (e suas flexões na qual, nos quais, nas quais) e nos casos da ideia de causa / efeito ou de conclusão.

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    A terceira expressão representa um pronome possessivo.

  • A maioria das pessoas responderam a letra E

  • "o que" = pronome demonstrativo

  • o ``O"" seria artigo caso tivesse acento no quÊ.