Dióxido de carbono (CO2 )
O CO2 é um gás anestésico e tem sido utilizado em uma grande gama de espécies animais, desde pequenos animais de laboratório (ratos e camundongos) até animais de criação (como suínos, aves, cobaias e coelhos). Os efeitos produzidos pelo CO2 são concentração-dependente, assim, de 5 a 8% promovem sedação, de 10 a 12% causam estupor, e de 25 a 30% produzem completa anestesia. Desse modo, concentrações superiores de CO2 resultam em morte, por depressão excessiva do SNC e hipóxia, devido ao deslocamento do oxigênio durante a troca gasosa alveolar.
O CO2 pode ser empregado em câmaras na concentração de até 40% para a eutanásia da maioria dos animais de laboratório, cães e gatos recém-nascidos. Devese atentar que o óbito em animais imaturos com o CO2 é mais demorado devido ao metabolismo e às características de suas hemácias. Algumas espécies debatem-se durante a eutanásia com esse gás e a administração prévia de tranquilizantes pode minimizar esse efeito. A concentração de CO2 recomendada para insensibilização de suínos é de 70%; e de 30% para aves, segundo o “Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue”, do Ministério da Agricultura, Pecuária e do Abastecimento (MAPA, IN 3, de 24 de janeiro de 2000). Os suínos, em particular, são colocados em grupos (fator que contribui para reduzir o estresse) e encaminhados para uma câmara, onde recebem o CO2 .
Há vantagens no emprego do CO2 como agente anestésico para eutanásia, a saber: rápido efeito depressor, analgésico e anestésico, de fácil obtenção, sem necessidade de prescrição de medicamentos controlados para a sua aquisição, baixo custo e ausência de resíduos nos tecidos (o que, por exemplo, é interessante para suínos que serão consumidos).
Por outro lado, existem várias desvantagens, como: a dificuldade de uso em alguns animais como peixes, répteis e anfíbios; animais maiores podem não ter acesso suficiente ao CO2 , devido ao seu depósito no fundo da caixa, já que ele é mais pesado que o ar. Além disso, a eutanásia por CO2, de maneira geral, leva um tempo maior que a maioria de outros agentes empregados para essa finalidade e a alta concentração de CO2 pode ser estressante para algumas espécies animais.
O uso do CO2 para eutanásia tem suscitado controvérsias quanto ao sofrimento dos animais. As dificuldades de utilização e as características peculiares de várias espécies limitam bastante o seu uso. Portanto, a utilização deste gás anestésico deve ser restrita a situações controladas e na total impossibilidade de métodos mais seguros.
FONTE: http://portal.cfmv.gov.br/uploads/files/Guia%20de%20Boas%20Pr%C3%A1ticas%20para%20Eutanasia.pdf.pdf