A partir das ações do sujeito sobre os objetos, a experiência de tocar, mover-se, pegar, traz a possibilidade de uma organização do pensamento, da construção de esquemas e de estruturas cognitivas cada vez mais elaboradas. Se o sujeito não vivencia estas experiências com os objetos, isto é, com o meio físico, pode encontrar dificuldades na organização de sua inteligência.
Ao considerar-se, então, que o sujeito aprende, constrói um conhecimento a partir de sua ação sobre o objeto, sobre o meio, o que implica que a inteligência (estruturas cognitivas) mostra-se em um corpo, que aprende, pensa, sofre e age, um corpo que interfere na aprendizagem, um corpo que não se confunde com organismo; o organismo, constituído pelos sistemas respiratório, nervoso, digestivo, etc., é a base neurofisiológica das coordenações possíveis, enquanto o corpo é construído pelas experiências do sujeito.
É a partir da aprendizagem que o ser humano torna-se humano, sendo que o ensinante é quem indicará, inicialmente, o significado a um dado conhecimento, quem representará este conhecimento a ser apropriado pelo aprendente. Assim, pode-se dizer que é na relação com o meio social e físico que o sujeito construirá sua modalidade de aprendizagem, isto é, seu esquema de operar utilizado nas diferentes situações de aprendizagem.
Investigar as significações dadas ao corpo na ação de aprender traz a possibilidade de se refletir sobre as relações entre ensinante e aprendente e entre o sujeito e o objeto de conhecimento, considerando-se não apenas um corpo estético, mas um corpo construído a partir das experiências deste sujeito que age e interage com o meio, com o outro; um corpo capaz de perceber a realidade externa e transformar a realidade interna, provocando o desenvolvimento de estruturas sejam elas afetivas, cognitivas ou motoras.
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