SóProvas


ID
1287118
Banca
FEPESE
Órgão
MPE-SC
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto 1


“Formação do Brasil no Atlântico Sul”: o leitor que  bateu o olho na capa do livro estará intrigado com o subtítulo. Quer dizer então que o Brasil se formou fora  do Brasil? É exatamente isso: tal é o paradoxo histórico  que pretendo demonstrar nas páginas seguintes.

Nossa história colonial não se confunde com a  continuidade do nosso território colonial. Sempre se pensou o Brasil fora do Brasil, mas de maneira incompleta: o país aparece no prolongamento da Europa.  Ora, a ideia exposta neste livro é diferente e relativamente simples: a colonização portuguesa, fundada no  escravismo, deu lugar a um espaço econômico e social  bipolar, englobando uma zona de produção escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona de  reprodução de escravos centrada em Angola. Desde o final do século XVI, surge um espaço aterritorial,  um arquipélago lusófono composto dos enclaves da   América portuguesa e das feitorias de Angola. É daí  que emerge o Brasil do século XVIII. Não se trata, ao  longo dos capítulos, de estudar de forma comparativa as colônias portuguesas no Atlântico. O que se quer,  ao contrário, é mostrar como essas duas partes unidas  pelo oceano se complementam num só sistema de  exploração colonial cuja  singularidade ainda marca profundamente o Brasil contemporâneo.

[…] 

A propósito do modo de escrever, é preciso notar que  o território do historiador da Colônia deve abranger  toda a extensão da lusofonia, da documentação ultra-marina onde estão registrados os contatos entre as  culturas que nos formaram. Além do mais, numa cultura tradicionalmente oral como a nossa, um meio privilegiado de patentear a presença do passado consiste  em dar relevo à perenidade das palavras. Das palavras,  dos coloquialismos – ainda vivos agora – grafados nos  textos, na linguagem das estradas, das ruelas e das  praias brasileiras. Por isso, da leitura dos documentos e dos textos seiscentistas, retomei expressões que  encadeiam a narrativa das oito partes do livro.

ALANCASTRO, Luiz Felipe. O trato dos viventes: formação do Brasil no 
Atlântico Sul. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. [prefácio]. 

Assinale a alternativa correta, considerando o texto 1.

Alternativas
Comentários
  • A letra B está correta. 

    A letra C é uma pegadinha e  está errada pois não se escreve "À cerca do" mas "Acerca  de/do". 



  • A letra B está correta. 

    A letra C é uma pegadinha e  está errada pois não se escreve "À cerca do" mas "Acerca  de/do". 



  • A letra B está correta. 

    A letra C é uma pegadinha e  está errada pois não se escreve "À cerca do" mas "Acerca  de/do". 



  • a)  No segundo parágrafo, o vocábulo “Ora” tem valor temporal e remete ao momento em que o livro mencionado no texto foi escrito.

    >> Ora = conjunção coordenativa conclusiva 

    b) Gabarito

    c)  Em “Sempre se pensou o Brasil fora do Brasil, mas de maneira incompleta” (segundo parágrafo), o vocábulo “mas” funciona como um articulador que contrapõe enunciados com orientações argumentativas contrárias.

    >> Mas = conjunção adversativa

    d) No terceiro parágrafo, a expressão “A propósito do” pode ser substituída por “À cerca do”, sem prejuízo de sentido e sem ferir a norma culta da língua.

    >> Grafia correta de "À cerca" = Acerca

    e) No terceiro parágrafo, em “[…] da documentação ultramarina onde estão registrados os contatos entre as culturas que nos formaram […]”, a locução verbal sublinhada poderia estar no singular, concordando com o local do registro.

    >> "estão registrados" concorda com contatos >> contatos registrados na documentação


  • b) No segundo parágrafo, o sinal de dois pontos é usado na segunda e na terceira frase para anunciar um esclarecimento ou detalhamento do que foi dito antes.

  • Danilo, o seu comentário sobre a alternativa C, na verdade é sobre a alternativa D.

  • Também não entendi por que a alternativa C está errada. A conjunção MAS não tem relação de adversidade, oposição? Isso não é ser contrária?

  • O erro da alternativa "C" está em afirmar que o vocábulo “mas” funciona como um articulador que contrapõe enunciados com orientações argumentativas contrárias, quando, em verdade, conecta uma ideia que ressalva (ou excepciona) a mensagem apresentada na oração principal, sem, no entanto, contradizê-la. Ao se colocar as duas orações lado a lado, fica claro que a segunda "pensar, de maneira incompleta, o Brasil fora do Brasil" não se opõe à primeira "pensar o Brasil fora do Brasil", mas, sim, expõe uma reserva a esta ideia principal, que continua válida, pois não fora contraditada. Com a reescrita do período, preservando-se a estrutura semântica, qualquer dúvida da inexistência de um antagonismo argumentativo se dissipa: "Sempre se pensou o Brasil fora do Brasil, só que de maneira incompleta”.

    Espero ter contribuído para a movimentação das ideias.
  • O "mas" da alternativa C tem o sentido de concessão.

  • Alguém pode me explicar a regra de concordância usada na alternativa E ? Quem seria o sujeito da oração? Alguém poderia reescrever na ordem direta?

  • Colega Marcos Nathalia, quanto à alternativa E:


    Ordem direta (com substituição do pronome relativo "onde" pelo termo a que se refere):


    "... os contatos entre as culturas que nos formaram estão registrados em toda a extensão da lusofonia, da documentação ultramarina."


    Dessa forma, fica claro que a locução verbal "estão registrados" não poderia estar no singular (nem concordar com o local de registro), pois tem como sujeito o núcleo plural "contatos".

  • Resposta: Letra B.

    Galera, ao meu ver, o erro da C é que ela expressa ideia de adição, fazendo papel de uma conjunção coordenativa aditiva. Para que você comprove o que estou dizendo, substitua o "mas" por "e" e veja se o sentido não continua o mesmo.

  • Na C elas não são contrárias. 

    Simples assim. ;p

  • Pensei o mesmo que o Lucas... conjunção aditiva.

  • Emprego dos dois pontos (:) 

    a) Separar o verbo de dizer do discurso direto (fala) da personagem;

    b) Enunciar uma enumeração;

    c) separar expressões que explicam ou completam o que foi dito anteriormente;

    d) Indicar uma citação, alheia ou própria;

    e) marcar a supressão de uma conjunção (conectivo)