SóProvas


ID
1385992
Banca
FCC
Órgão
TRF - 1ª REGIÃO
Ano
2014
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

DEPOIMENTO

Fernando Morais (jornalista)

O que mais me surpreendia, na Ouro Preto da infância, não era o ouro dos altares das igrejas. Nem o casario português recortado contra a montanha. Isso eu tinha de sobra na minha própria cidade, Mariana, a uma légua dali. O espantoso em Ouro Preto era o Grande Hotel - um prédio limpo, reto, liso, um monólito branco que contrastava com o barroco sem violentá-lo. Era “o Hotel do Niemeyer”, diziam. Deslumbrado com a construção, eu acreditava que seu criador (que supunha chamar-se “Nei Maia”) fosse mineiro - um marianense, quem sabe?

A suspeita aumentou quando, ainda de calças curtas, mudei-me para Belo Horizonte. Era tanto Niemeyer que ele só podia mesmo ser mineiro. No bairro de Santo Antônio ficava o Colégio Estadual (a caixa d’água era o lápis, o prédio das classes tinha a forma de uma régua, o auditório era um mata- borrão). Numa das pontas da vetusta Praça da Liberdade, Niemeyer fez pousar suavemente uma escultura de vinte andares de discos brancos superpostos, um edifício de apartamentos cujo nome não me vem à memória. E, claro, tinha a Pampulha: o cassino, a casa do baile, mas principalmente a igreja.

Com o tempo cresceram as calças e a barba, e saí batendo perna pelo mundo. E não parei de ver Niemeyer. Vi na França, na Itália, em Israel, na Argélia, nos Estados Unidos, na Alemanha. Tanto Niemeyer espalhado pelo planeta aumentou minha confusão sobre sua verdadeira origem. E hoje, quase meio século depois do alumbramento produzido pela visão do “Hotel do Nei Maia”, continuo sem saber onde ele nasceu. Mesmo tendo visto um papel que prova que foi na Rua Passos Manuel número 26, no Rio de Janeiro, estou convencido de que lá pode ter nascido o corpo dele. A alma de Oscar Niemeyer, não tenham dúvidas, é mineira.

(Adaptado de: MORAIS, Fernando. Depoimento. In: SCHARLACH, Cecília (coord.). Niemeyer 90 anos: poemas testemunhos cartas. São Paulo: Fundação Memorial da América Latina, 1998. p. 29)

No contexto do texto, o autor utiliza os pronomes seu (no primeiro parágrafo) e sua (no último) para se referir, respectivamente, a:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito: B.

    Observe que o pronome seu reporta-se à construção do Grande Hotel:

    O espantoso em Ouro Preto era o Grande Hotel (...). Deslumbrado com a construção, eu acreditava que seu criador (o criador do Grande Hotel).

    Já o pronome sua refere-se ao ilustre arquiteto:

    Tanto Niemeyer espalhado pelo planeta aumentou minha confusão sobre sua verdadeira origem (a origem de Oscar Niemeyer).

    Bons estudos!


  • Errei por falta de atenção. =/

  • era o Grande Hotel - um prédio limpo, reto, liso, um monólito branco que contrastava com o barroco sem violentá-lo. Era “o Hotel do Niemeyer”, diziam. Deslumbrado com a construção, eu acreditava que seu criador 



    Tanto Niemeyer espalhado pelo planeta aumentou minha confusão sobre sua verdadeira origem.
  • É só fazer as seguintes perguntas:

    Seu criador: criador de quem? Do grande hotel!

    Sua verdadeira origem: origem de quem? De Niemeyer!

  • Pronomes: sua, ela, a, eu, tu, ele, nós, vós...

    "Pró-nome" ->

     pró = no lugar de

    nome= substantivo

    Então podemos afirmar que os pronomes seu/ sua estão no lugar (substituindo) de quais nomes? Grande Hotel e Niemeyer!

  • Na língua portuguesa, os pronomes possessivos concordam com a coisa possuída e não com o possuidor. Daí "sua" referir-se a "Oscar Niemeyer" (possuidor) no último parágrafo, conquanto concorde com "origem" (coisa possuída).

  • Pronome possessivo é CRUEL!

    Pois concorda o substantivo que vem depois mais se refere ao antecendente.

    ex: João saiu com sua mãe.

    O sua se refere a "João" mas concorda com "mãe".

  • Quando se usa “seu”

    (1) “seu” é pronome possessivo e se refere à terceira pessoa do singular (ele/ela). O feminino e o plural são: sua, suas, seus.

    (2) é usado para indicar que algo ou alguém pertence ou diz respeito à pessoa de que se fala (ele/ela, no caso).

    Exemplo:

    A garçonete me deu seu telefone.
    [O telefone pertence à pessoa da qual o locutor fala, que está na terceira pessoa do singular (ela)

    http://dicasdiariasdeportugues.com.br/aprenda-a-empregar-os-pronomes-teu-e-seu/