SóProvas


ID
1835035
Banca
IDECAN
Órgão
SEARH - RN
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                        Arte e natureza

      A natureza é uma grande musa. É por ela, e por meio dela, que sentimos a força criadora do entusiasmo – energia maior da inspiração que nos permite registrar, com prazer, a experiência da beleza refletida na harmonia das formas e no delicado equilíbrio das cores naturais. Para os antigos gregos, o entusiasmo (em + theos) nascia do encontro com o daimon, um gênio bondoso que seria o nosso guia pela vida inteira. Essa experiência nos permite também ter uma simpatia especial com o natural. E desperta a nossa criança interior, que estaria ansiosa para continuar brincando.

      Esse é o momento em que o fotógrafo de natureza pega sua câmera, pois escuta a voz interior da inspiração falar: “Vá, exercite suas asas, faça o registro, descubra sua luz e espalhe sua voz pelos quatro cantos do mundo!" O desejo começará a fazer as pazes com o coração para que todos possam aprender, apreciar e amar a natureza. Conjugar o natural com o artístico, fazer da imagem um ornamento, um texto atraente – eis as primeiras condições de uma estética do natural.

      O belo natural é a matriz primeira do belo artístico. Essa é a expressão mimética mais convincente da beleza ideal como tanto defendia Kant. É por isso que a arte ecológica tanto nos seduz, porque estimula o olhar na ampliação desse grande mistério que é ser. O artista é o que intui melhor esse sentimento e busca compulsivamente exprimi‐lo por meio do seu trabalho. O artista ecológico vive dessa temperatura e é por meio da natureza que ele fala, ou melhor, é por ela que ele aprende a falar com sua própria voz. E o momento da criação surge quando, levados por aquela força inspiradora, a intuição e a experiência racional se abraçam numa feliz alquimia. Fiat lux! É o instante em que esse encontro torna‐se obra, registro e documentação.

      Se o artista foi tocado pela musa, desse momento em diante será sempre favorecido por esse impulso. Essa força não é apenas a expressão passageira de uma vontade, mas uma busca pela vida toda na direção de algo ansioso por se tornar imagem. Esse algo é a obra de arte cuja função não vai ser apenas a de agradar, mas a de transmitir a mensagem daquela conivência.

      Quando o homem está inspirado, nada o detém. Se o sofrimento e toda sorte de obstáculos o atingem, ele cria na dor; e esse sacrifício (sacro‐ofício), ao término da obra, se tornaria um exemplo de persistência e de nobreza de espírito. Se está feliz, ele expressa sua felicidade no trabalho. Nesse instante, por exemplo, o fotógrafo da natureza, no sozinho da sua alma, poderá dizer: “Translúcida inspiração, eu a vejo em brilho com seu sorriso pintado em azul. Deixe‐me por um momento desenhar seu vulto na alquimia luminosa da minha lente!"

      Podemos concluir que o brilho de uma obra de arte nunca se apaga, isto é, ela nunca termina de dizer. No sentido de que, enquanto houver espectador para avaliar, apreciar, cuidar, guardar e restaurar, haverá obra e, assim, ela estará sempre acima do tempo. Desse tempo que destrói, desfigura e mata. O quadro “Guernica", do pintor espanhol Pablo Picasso, por exemplo, devolve ao avaliador uma mensagem tão poderosa que aquela obra provocará surpresa e admiração enquanto existir um olhar que a contemple e avalie.

      E é esse olhar que faz da obra do tempo histórico uma surpreendente permanência, a despeito da perda do efêmero e do fugidio. No final, o artista, o espectador, a obra e o tempo se congratulam. É essa junção de forças que mantém vivo todo trabalho artístico. Ainda bem que a natureza sabe escolher com paciência seus artesãos. Isto é, aqueles que vão dizê‐la com suas próprias vozes, como o fotógrafo, o escultor, o desenhista, o músico e o pintor.

(Alfeu Trancoso – Ambientalista e professor de Filosofia da PUC/ Minas.)

A expressão sublinhada que exerce uma função sintática DIFERENTE das demais por ser considerada um adjunto e não um complemento é

Alternativas
Comentários
  • fotógrafo da natureza.


    Da natureza - Adjunto adnominal

    Fotógrafo - SUBSTANTIVO CONCRETO


    Quanto as demais são Complemento Nominal

  • ADJUNTO ADNOMINAL                           X                 COMPLEMENTO NOMINAL
    - Liga-se a substantivos concretos                                - Liga-se a substantivos abstratos, adjetivos ou advérbios.
    - Tem sentido ATIVO                                                    - Tem sentido PASSIVO
    - Indica ideia de posse                                                  - Não expressa ideia de posse

  • Complemento Nominal (Completa o sentido do nome):

    Sempre terá preposição, completando nomes transitivos, seja um adjetivo, um advérbio ou um substantivo.

    Adjunto Adnominal: (Qualifica/ Especifica):

    Modifica um substantivo, qualificando-o, especificando-o. Seja através:

    Adjetivos: As casas (antigas).

    Artigo: (As) estrelas.

    Numerais: (Três) ávores caíram.

    Pronomes adjetivos: (Aqueles) pratos estão quebrados.

     

  • a) perda do efêmero. (perda -> substantivo abstrato, logo, do efêmero -> complemento nominal)

     

    b) meio da natureza. (meio -> substantivo abstrato, logo, da natureza -> complemento nominal)

     

    c) momento da criação. (momento -> substantivo abstrato, logo, da criação -> complemento nominal)

     

    d) fotógrafo da natureza. (fotografo -> substantivo concreto, logo, da natureza -> adjunto adnominal)

  • A letra D e a alternativa mais correta
  • Eu acho uma coisa mega dificil essa diferença! 

    Meio da natureza - meio natural, qdo vc pode transformar em adjetivo num se torna adjunto adnominal?

    Fotografo natural - esse tb poderia se enquadrar nisso.

    Esse argumento de substantivo abstrato e concreto, sinceramente, acho uma droga! Sei que é ensinado pela gramática, mas essa direnciaação não é 100%. Abstrato é ação, sentimento, estado e qualidade. Meio é o que dentro desta classificação? E qto a ativo e passivo o meio é passivo pq?

     

    Porra, tinha na lista negra abolir hífen, mas agora é com todas as minhas forças essa coisas nem lá nem cá desses dois infelizes: complemento nominal e adjunto adnominal. 

    Vão-te! 

  • A natureza fotografa ou é fotografada?

    Nesse caso ela tem sentido passivo.

    mas sera adjunto por causa que fotografo é subst. concreto

  • O enunciado pede um adjunto e não um complemento.

    Vejamos:

    A. Pelo efêmero é perdido? sim (CN)

    B. A natureza depende de um meio (sinônimo de ambiente/lugar) para existir? sim (CN)

    C. A criação depende de um momento para existir? sim. (CN)

    D. O fotografo depende da natureza para existir? Não (AA)

    Vamos as considerações:

    1.No complemento nominal há sempre relação de dependência ou passividade diferentemente do Adjunto Adnominal.

    2.Na letra A tanto o substantivo "perda" quanto o adjetivo "efêmero" possuem caráter abstrato por se tratar de ação/qualidade.

    3. Ainda na letra A é possível passar da voz ativa para passiva.

    4. Na letra D é notório que a palavra "fotógrafo" é concreto e daria para matar de cara!

    5. Todas as alternativas possuem uma relação de dependência entre os substantivos, menos a letra D.

    Espero ter ajudado!

  • fotografo ser concreto

    #PartiuPosse!

  • ADJUNTO ADNOMINAL              X          COMPLEMENTO NOMINAL

    Primeiramente, nós devemos ficar ligado que o COMPLEMENTO NOMINAL é um termo integrante da oração, ou seja, ele vem pra completar o sentido de um substantivo abstrato, adjetivo, advérbio. Caso ele seja retirado do período, prejudicará o sentido do mesmo. Por outro lado, o ADJUNTO ADNOMINAL é um termo assessório da oração e, por esse motivo, pode ser retirado sem prejudicar o sentido, pois, ele apenas modifica o sentido de um substantivo abstrato ou concreto.

  • GABARITO - D

    Ajuda na resolução:

    Fotógrafo da natureza.

    Fotógrafo Natural

    Em alguns casos, é possível trocar o adjunto adnominal por um adjetivo correspondente.

    Bons estudos!

  • Diferenças entre Adj. Adnominal e Complemento Nominal.

    1º - Se o substantivo for concreto, teremos Adj. Ad.; caso o substantivo seja abstrato, use o próximo passo.

    2º - Se a preposição for diferente de DE, teremos complemento nominal; se a preposição for igual a DE, use o próximo passo.

    3º - Se o termo preposicionado for agente (praticar a ação), teremos adj. adnominal; caso o termo preposicionado seja paciente (sofrer a ação), teremos complemento nominal.

    OBS: A ordem deve ser seguida.

    "Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições melhores, para fazer melhor ainda."