SóProvas


ID
2243812
Banca
IDECAN
Órgão
SEARH - RN
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Arte e natureza

      A natureza é uma grande musa. É por ela, e por meio dela, que sentimos a força criadora do entusiasmo – energia maior da inspiração que nos permite registrar, com prazer, a experiência da beleza refletida na harmonia das formas e no delicado equilíbrio das cores naturais. Para os antigos gregos, o entusiasmo (em + theos) nascia do encontro com o daimon, um gênio bondoso que seria o nosso guia pela vida inteira. Essa experiência nos permite também ter uma simpatia especial com o natural. E desperta a nossa criança interior, que estaria ansiosa para continuar brincando.

      Esse é o momento em que o fotógrafo de natureza pega sua câmera, pois escuta a voz interior da inspiração falar: “Vá, exercite suas asas, faça o registro, descubra sua luz e espalhe sua voz pelos quatro cantos do mundo!” O desejo começará a fazer as pazes com o coração para que todos possam aprender, apreciar e amar a natureza. Conjugar o natural com o artístico, fazer da imagem um ornamento, um texto atraente – eis as primeiras condições de uma estética do natural.

      O belo natural é a matriz primeira do belo artístico. Essa é a expressão mimética mais convincente da beleza ideal como tanto defendia Kant. É por isso que a arte ecológica tanto nos seduz, porque estimula o olhar na ampliação desse grande mistério que é ser. O artista é o que intui melhor esse sentimento e busca compulsivamente exprimi‐lo por meio do seu trabalho. O artista ecológico vive dessa temperatura e é por meio da natureza que ele fala, ou melhor, é por ela que ele aprende a falar com sua própria voz. E o momento da criação surge quando, levados por aquela força inspiradora, a intuição e a experiência racional se abraçam numa feliz alquimia. Fiat lux! É o instante em que esse encontro torna‐se obra, registro e documentação.

      Se o artista foi tocado pela musa, desse momento em diante será sempre favorecido por esse impulso. Essa força não é apenas a expressão passageira de uma vontade, mas uma busca pela vida toda na direção de algo ansioso por se tornar imagem. Esse algo é a obra de arte cuja função não vai ser apenas a de agradar, mas a de transmitir a mensagem daquela conivência.

      Quando o homem está inspirado, nada o detém. Se o sofrimento e toda sorte de obstáculos o atingem, ele cria na dor; e esse sacrifício (sacro‐ofício), ao término da obra, se tornaria um exemplo de persistência e de nobreza de espírito. Se está feliz, ele expressa sua felicidade no trabalho. Nesse instante, por exemplo, o fotógrafo da natureza, no sozinho da sua alma, poderá dizer: “Translúcida inspiração, eu a vejo em brilho com seu sorriso pintado em azul. Deixe‐me por um momento desenhar seu vulto na alquimia luminosa da minha lente!”

      Podemos concluir que o brilho de uma obra de arte nunca se apaga, isto é, ela nunca termina de dizer. No sentido de que, enquanto houver espectador para avaliar, apreciar, cuidar, guardar e restaurar, haverá obra e, assim, ela estará sempre acima do tempo. Desse tempo que destrói, desfigura e mata. O quadro “Guernica”, do pintor espanhol Pablo Picasso, por exemplo, devolve ao avaliador uma mensagem tão poderosa que aquela obra provocará surpresa e admiração enquanto existir um olhar que a contemple e avalie.

      E é esse olhar que faz da obra do tempo histórico uma surpreendente permanência, a despeito da perda do efêmero e do fugidio. No final, o artista, o espectador, a obra e o tempo se congratulam. É essa junção de forças que mantém vivo todo trabalho artístico. Ainda bem que a natureza sabe escolher com paciência seus artesãos. Isto é, aqueles que vão dizê‐la com suas próprias vozes, como o fotógrafo, o escultor, o desenhista, o músico e o pintor.

     (Alfeu Trancoso – Ambientalista e professor de Filosofia da PUC/ Minas.)

Esse algo é a obra de arte cuja função não vai ser apenas a de agradar, mas a de transmitir a mensagem daquela conivência.” (4º§) Constituiria um ERRO se o autor substituísse o excerto grifado por:

Alternativas
Comentários
  • Regra clássica do cujo(s) ou cuja(s): Nunca  coloque artigo depois de cujo(s) ou cuja(s).

  • Acredito que esta questão deve ser anulada pois, a alternativa B também apresenta um erro: por falta de paralelismo ou por não seguir a regência do verbo RESPEITAR. Quem respeita, respeita algo ou alguém e NÃO "em" - "em cuja...".

  • LETRA: A

    Esse algo é a obra de arte cujas as funções precisam ser estabelecidas.

    Regra do cujo(s) ou cuja(s): Nunca coloque artigo depois de cujo(s) ou cuja(s).

  • Não há erro na Letra A, pois o artigo as se refere a funções. Mas na Letra E há erro, porque existe artigo A antes de cuja

    O que não pode acontecer. 

  • Lorena, na alternativa A há erro sim, pois o verbo precisar pede preposição DE (Quem precisa, precisa DE). Ou seja, a alternativa deveria estar:

    Esse algo é a obra de arte DE cujas as funções precisam ser estabelecidas.

    E a alternativa E está correta sim, visto que o verbo agradar pede preposição A (Quem agrada, agrada A ALGUEM)

  • DICA!

    CUJO(S)/CUJAS(S)

      - São variáveis.

      - Usado entre dois substantivos, estabelece uma ideia de posse.

      - Pode ser preposicionado.

     - Não existe cujo + verbo.

     - Refere ao termo antecedente mas concorda com o subsequente. 

     - O uso do artigo é proibido.

  • nao pode ter artigos sucedendo o cujo

  • O erro é grosseiro, vc ''bate a vista'' e já consegue identificar. É o artigo pós CUJAS.

  •  

     

    Nunca coloque artigo depois de cuja.

  • Cleyton, o verbo que pediu em na letra B não foi respeitar, e sim"crer", portanto está correta o uso da preposição.

  • a) Esse algo é a obra de arte cujas as funções precisam ser estabelecidas. - NÃO SE PODE ARTIGO DEPOIS DA PALAVRA CUJA(o)

  • NÃO SE USA ARTIGO APÓS CUJO!!!

     

    Cujo + o > CUJO

    Cujo + a > CUJA

    Cujo + os > CUJOS

    Cujo + as > CUJAS

  • ERNANI TERRA:

    O pronome relativo cujo (e flexões) é relativo possessivo, equivalendo a do qual (e flexões). Deve concordar com a coisa possuída e não admite a posposição de artigo.

  • Achei o enunciado bastante esquisito, mas enfim... Artigo após "cujas" é um erro gramatical.

  • Cujo

    Sentido de posse, fazendo referência ao tempo antecedente e ao subjuntivo subsequente.

    • O garoto cujo pai esteve aqui...

    Não se usa artigo definido entre o pronome "cujo" e o substantivo subsequente

    • O garoto cujo (o) pai esteve aqui (forma inadequada)

    Pronome deve aparecer antecedido de preposição sempre que a regência dos termos posteriores exigir.

    • Aquela é a família de cuja casa todos gostam
  • Questão comentada

    https://youtu.be/xl9udCyFkS8?t=14105

  • Cujo sempre terá que se encontrar entre substantivos. Admitindo-se preposições antes dele é o substantivo, mas nunca depois.

  • O cujo não admite artigo, logo a afirmativa A está inadequada.

  • Quanto esta Banca, é mais difícil entender o comando das questões do que encontrar a resposta!

  • Nada de cujo o, cujo a -- Esse pronome não admite artigo.

  • A presença do artigo após “cujas” constitui erro gramatical. Nas demais alternativas, a presença da preposição anteposta ao pronome relativo é exigida por verbos pospostos (na “b”, a preposição “em” é exigida pelo verbo “crer”; na “c”, a preposição “por” é exigida pelo verbo “passar”; na “d”, a preposição “a” é exigida pelo verbo “dar”).

    Fonte: Professor Elias Santana

  • Questão comentada pelo professor Elias Santana em 3 horas 55 minutos de vídeo

    https://youtu.be/xl9udCyFkS8?t=14105