SóProvas


ID
2274283
Banca
FUNCAB
Órgão
PC-PA
Ano
2016
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

  Não raro as palavras “moral” e “ética” aparecem num mesmo contexto e, às vezes, são erroneamente entendidas como sinônimos. A primeira tem caráter prático, relativo e restrito a determinada circunstância. Já a segunda é a reflexão filosófica sobre a moral, busca compreender sua lógica e justificá-la. É necessário reconhecer que a própria etimologia dos termos favorece dúvidas. [...] Podemos pensar que moral são as normas que devem ser seguidas e tem como objetivo regular o comportamento [...]. Já a ética expressa um conjunto de valores que orientam as ações com o fim de preservar o bem-estar coletivo.

   É possível dizer que, enquanto a ética é teórica, “filosófica”, a moral está associada à prática, ao cotidiano, à maneira como vivemos os princípios éticos. Subjacente aos dois conceitos há uma questão básica: a oposição entre o bem e o mal. Para a psiquiatria, a psicanálise e a maioria das abordagens psicológicas, porém , a visão maniqueísta é insuficiente diante da complexidade humana. Muitas vezes, as supostas maldades - ou o que a priori seriam considerados gestos de bondade - surgem como sintomas de alguma patologia ou emergem de quadros psíquicos alterados. Além disso, se levarmos em conta a existência de uma instância psíquica inconsciente, que constantemente sabota nossas boas intenções (e quanto menos nos conhecemos mais o faz), fica ainda mais difícil estabelecer uma separação objetiva entre bons e maus.

   Friedrich Nietzsche (1844-1900), por exemplo, propõe pensarmos “para além do bem e do mal”. Escreve: “Pergunte aos escravos 'quem é o mau', e eles apontarão o personagem que a moral aristocrática considera 'bom', isto é, o poderoso, o dominador”. O filósofo alemão faz uma colocação muito pertinente: há sempre a perspectiva de quem julga, suas experiências e seus interesses. Como então lidar com essa multiplicidade de olhares possíveis sobre um mesmo objeto? Uma saída talvez seja lançar mão de um recurso bastante simples, a empatia, e fazermos o exercício (nem sempre cômodo ou fácil) de nos colocarmos no lugar do outro, procurando compreender seu ponto de vista - e sua dor. Buscando esse ponto que nos coloca em contato com o outro, tão diferente e ao mesmo tempo tão próximo, talvez seja mais fácil buscar em nós mesmos espaços psíquicos que comportem escolhas menos nocivas.

Rev. mentecérebro. Abril de 2011, p. 22.

No texto, em relação ao segmento “e quanto menos nos conhecemos mais o faz" (§ 2), constitui um equívoco de leitura entender que:

Alternativas
Comentários
  • Gabarito letra A

     

    A questão diz que é um equívoco de leitura entender que:

     

     a)a primeira das orações correlacionadas exprime ideia de comparação. 

     

    e quanto menos nos conhecemos mais o faz. 

    De fato, aqui NÃO HÁ relalação de comparação e sim ao meu ver proporcionalidade. 

  • Justificativa da banda: Em relação ao segmento em destaque, constitui evidente equívoco de leitura entender que a primeira das orações correlacionadas (“quanto menos nos conhecemos”) exprime comparação. Ela exprime, sim, proporção (“quanto menos... mais”, “quanto mais... menos”, “quanto mais... mais”, etc.), como se pode ver em qualquer gramática. O Gabarito, pois, está correto. Infelizmente, porém, a questão admite como correta uma segunda alternativa. O pronome “o” (= isso), empregado na oração principal (“mais o faz”), refere-se, anaforicamente, não a “nossas boas intenções”, mas a “sabota nossas boas intenções”. (“Nossas boas intenções”) seria o referente de “sabota”, fazendo-se a permuta de “faz” por esse verbo. Para tanto, porém, seria necessário alterar também a forma do pronome (“mais as sabota”), coisa que não se explicitou na questão, comprometendo-a.

    http://ww4.funcab.org/arquivos/PCPADEL2016/recurso/gabarito/L%C3%ADngua%20Portuguesa.pdf

  • Os caras REAPLICARAM uma prova e mesmo assim teve questão anulada. Deus tenha misericórdia!