SóProvas


ID
2612308
Banca
CONSULPLAN
Órgão
Câmara de Belo Horizonte - MG
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Texto para responder à questão.

O despreparo da geração mais preparada

    A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada ___ criar _____ partir da dor.

    Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

    Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

    Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles que: viver é para os insistentes.

    Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

    Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

    Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

(Eliane Brum. Disponível em: http://www.portalraizes.com/28-2/. Fragmento.)

E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste. (3º§) No trecho destacado anteriormente, o uso de aspas tem por objetivo

Alternativas
Comentários
  • Essa questão precisa ser urgentemente anulada. Trata-se, EVIDENTEMENTE, de uma ironia. 

  • GABARITO DA BANCA: D

    Mas cabe perfeitamente a letra "C" aqui.

     

    O jumento do examinador não sabe o que é ironia não? 

     Porque, cara... se isso não for ironia, já nem sei mais o que é. ¯\_(ツ)_/¯

     

    Leiam o trecho todo:

    Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a "injustiça" e boa parte se emburra e desiste.

     

     

    Esquece essa porqueira e segue o baile. 

  • É inadmissível o gabarito ser a letra D. É óbvio que é a C. Gostaria de ver uma justificatível plausível para esta resposta absurda.

  • Consulplan não deveria nem existir!
  • Na boa, se não fosse a vontade/ sonho de me tornar servidor logo, juro que nunca mais faria qualquer coisa dessa banca! Deveriam ser processados só de existirem! ¬¬

  • Alguém que tenha assinatura viu o comentário dos professores?

     

  • Deisi Gonçalves, ainda não tem comentário de professor.

  • Ate eu que nao sou muito boa em português,marquei a letra c

  • Ninguém entrou com recurso nessa questão ?
    Jesus é mais!

  • Que absurdo esse gabarito!

    O examinador quis dar uma de justiceiro social, por isso essa cagada fenomenal.

  • Indiquei para comentário, pois também concordo que a resposta correta deveria ser a letra C.

  • Já pulem para próxima, quebrar a cabeça é perda de tempo.

  • As orações "sentem-se traídos, revoltam-se... " e a continuação da frase "boa parte se emburra e desiste." são provas cabais de que se trata de ironia ao usar aspas em "injustiça".

    Gabarito deveria ser alterado.

  • Deixando aqui meu comentário para poder acompanhar os comentários (não consigo mais apenas clicando no botão de acompanhar comentários)

  • Gente, que tiro foi esse? Se isso não é ironia... aff tá fácil pra ninguém mesmo

  • Pessoal, há dias tive aula particular com um professor de português e levei essa questão para ele analisar. Ele então confirmou o gabarito da banca e que, de fato, esse trecho entre aspas, assim como os outros trechos do texto, não indica ironia. Percebe-se que a autora do texto está acentuando o valor significativo de acordo com o contexto, pois ela se mostra preocupada com a situação dos jovens no texto e isso é percepitível analisando os outros trechos com aspas do texto (uma dica que ele me deu é de analisar todas os trechos com aspas pois, geralmente o autor utiliza as aspas pra uma só função no texto, pois isso é uma estratégia linguística pra poder se posicionar) e assim você consegue saber qual o sentido de determinado trecho e o que ele quer passar.

    Acho que o problema de nós concurseiros, em geral, é que nós acostumamos com certas abordagens de questões, como por exemplo o uso das Aspas. Sempre cai questões em provas de que as aspas servem para marcar citações, destacar ironias e nós acostumamos com isso, e por isso excluímos outras possibilidades de emprego das aspas, porque na verdade, a maioria dos candidatos, assim como eu, estudam por questões e tendências de prova, ou seja, muitas coisas não sabemos porque não aparecem em concurso e por isso questionamos os gabaritos incomuns.

    Depois da aula, vi que não é bom ficarmos apenas nas tendências de prova, pois questões como essa podem nos dar a tão sonhada aprovação. Espero que tenham entendido, muito obrigado!!

  • Muito mal elaborada, pode criar uma nova língua portuguesa. Pra entender o que o examinador quer..

  • Justificativa da banca:

     

    A alternativa “D) acentuar o valor significativo de acordo com o contexto em que o termo foi empregado. ” foi considerada correta, pois, no contexto, o termo “injustiça” demonstra o que os jovens sentem, é o ponto de vista deles, mas não a realidade. A alternativa “C) realçar a ironia da autora em relação à desistência dos jovens diante dos obstáculos. ” não pode ser considerada correta. Ironia trata-se de uma figura de linguagem por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a  entender; uso de palavra ou frase de sentido diverso ou oposto ao que deveria para definir ou denominar algo, no caso do emprego das aspas em “injustiça” não é o que ocorre. Não há referência ao sentido de “justiça” como em “Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão! ”

     

    No meu ponto de vista a banca se valeu de apenas uma das formas de emprego de ironia para justificar o gabarito. Com o intuito de dificultar para o candidato criou questões polêmicas como esta.

     

     

     
  • cara, não deixa de ser ironia. O problema é que isso é muito subjetivo. Como disse o Mateus, tem que criar uma nova disciplina pra entender o que passa na cabeça da banca.

     

  • Entendi a questão e a letra D infelizmente é a correta!