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ID
2641279
Banca
COMPERVE
Órgão
SESAP-RN
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

        A entrevista clínica não é uma conversa como outra qualquer!

                                                                                         Celmo Celeno Porto


      Entende-se qualquer entrevista como uma técnica de trabalho, durante a qual duas pessoas, em concordância formal ou implícita, encontram -se para uma conversa, cuja característica principal é estar relacionada com os objetivos de ambos.

      É tão especial a entrevista clínica que ela tem nome diferente – anamnese. O papel de uma dessas pessoas – no caso, o médico ou o estudante de medicina – é coletar informações, enquanto o da outra – o paciente – é de fornecê-las. Diferentemente de outras entrevistas, no caso da médica, o objetivo não fica restrito a obter informações. Outro objetivo é estabelecer um bom relacionamento entre o médico e o paciente, condição fundamental para uma boa prática médica.

      Há muitas maneiras de se fazer uma entrevista; melhor dizendo, há diferentes técnicas , mas em todas devem ser destacadas a arte do relacionamento e o processo comunicacional. Primeiramente, deve ficar claro que uma entrevista médica não é uma conversa como qualquer outra! Além da capacidade de dialogar – falar e ouvir, mais ouvir do que falar –, o médico precisa saber ler nas entrelinhas, observar gestos, para compreender todos os significados contidos nas respostas.

      Roteiros são úteis, mas é necessário saber usá-los com a flexibilidade exigida pelas peculiaridades de cada paciente. Raciocínio clínico é a técnica e a arte de organizar os dados que vão surgindo, alguns significativos por si mesmos, outros a exigir novas indagações, que vão tornando compreensível o relato do paciente.

     Não se nasce sabendo fazer uma entrevista médica. O que se aprende espontaneamente é conversar. Entrevistar um paciente exige conhecimentos específicos e intenso treinamento, tal como o aprendizado de qualquer habilidade. Os estudantes, às vezes, confundem ser "bom de conversa" com saber realizar uma anamnese. Facilidade para entabular uma conversação pode até ajudar, mas não é tudo.

   Uma questão relevante, mas nem sempre considerada, é o registro dos dados obtidos durante a entrevista. Anotações, do próprio punho, das informações mais importantes é a maneira habitual. Contudo, cresce cada vez mais a utilização de computadores. A gravação de entrevistas, que esteve em moda há alguns anos, praticamente está abolida na prática médica, tornando-se restrita a alguns tipos de pesquisa. Não é proibido "digitar" as informações obtidas na anamnese; no entanto, a atenção exagerada ao computador é nociva. Não foram poucos os pacientes que me disseram ter abandonado um médico porque "ele tinha sua atenção inteiramente voltada para o computador".

     Não há necessidade de descrição minuciosa de todas as informações, a não ser na fase em que o estudante está fazendo seu treinamento inicial. É conveniente registrar reações imprevistas, informações não verbais, gestos ou expressões faciais. Basta uma palavra ou uma frase, como "olhos lacrimejaram", "expressão de espanto", "gestos de impaciência", para registrar uma informação, sem necessidade de descrevê-la, fato que pode se revelar um dos mais importantes de uma entrevista. Ao final da anamnese, é interessante que se faça para o paciente um resumo das informações obtidas, criando oportunidade para correções ou acréscimos.

     Portanto, fazer entrevista é uma arte que se aprimora com o tempo e à medida que se ganha experiência, mas ela só floresce verdadeiramente quando há um verdadeiro interesse em estabelecer uma boa comunicação com paciente.

      Em uma entrevista clínica, parte das regras sociais de etiqueta não é aplicada. A conversa é centrada no paciente e, por isso, além de outros motivos, é considerada uma relação assimétrica, com características próprias: ausência de intimidade – uma condição que é essencial –, objetivos específicos, limite de tempo, locais preestabelecidos. Além disso, a frequência dos encontros é muito variável, podendo restringir-se a uma única vez ou repetidas vezes ao longo dos anos.

      O primeiro encontro tem um significado especial e dele pode depender o sucesso ou o fracasso de um tratamento. O primeiro olhar, as primeiras palavras, os primeiros gestos podem ser decisivos na relação do médico com o paciente. Tanto pode ser uma ponte entre eles, por meio da qual vão transitar informações e emoções, como um muro que obstrui completamente a comunicação entre um e outro. Essa é uma das características mais evidentes de uma medicina de má qualidade.

   Por fim, é essencial saber considerar a entrevista como principal elemento que estabelece o relacionamento entre duas pessoas. O sucesso de uma entrevista depende justamente da qualidade do relacionamento que o médico é capaz de estabelecer com o paciente. Em outras palavras: o que precisa ser compartilhado é o sentimento de compreensão e confiança mútua. 

Disponível em: <http://www.rmmg.or> . Acesso em: 21 dez. 2017. [Adaptado]

Considerando a relação com o título, predomina, no texto, a

Alternativas
Comentários
  • gab: C

     

    Em sua maioria é apresentado dados, informações sobre o próprio título.

    Em sua maioria ele explica e detalha sobre a entrevista clínica.

  • preste atenção na pergunta "predomina", ou seja, o geral. fique atente com a COMPERVE, pois em alguns parágrafos ela coloca uma argumentação, descrição, narração e nos demais explicação. só para confundir a candidato. CUIDADO!

  • Verifica-se que há no texto a predominância da tipologia textual dissertativa-expositiva, também chamada de explicativa. O autor do texto buscou oferecer uma explicação acerca do que vem a ser anamnese ou entrevista clínica. Não há oferecimento de argumentos, nem defesa de teses, portanto, não é um texto dissertativo-argumentativo. Gabarito: alternativa C.

     

  • Textos dissertativos-expositivos (explicativos) ADMITEM O PONTO DE VISTA DO AUTOR!!! Cuidado! 

    A diferença entre os dissertativos-expositivos e os argumentativos às vezes fica mais clara na linguagem - mais persuasiva no segundo -, bem como no grau de insistência do autor em se colocar no texto mediante a sustentação de uma tese. Os explicativos são mais flúidos e percebe-se a intenção do autor de preencher lacunas explicativas sobre o tema geral, em vez de tentar preencher lacunas DA TESE que sustenta (argumentação).

  • Texto Dissertativo
    Antes de mais nada, o texto dissertativo pode ser expositivo ou argumentativo.
    Dissertação Expositiva
    Este tipo de texto é caracterizado por esclarecer um assunto de maneira atemporal com o objetivo de explicá-lo de maneira clara, sem intenção de convencer o leitor ou criar debate.

    Características principais:
    • Apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão.
    • O objetivo não é persuadir, mas meramente explicar, informar.
    • Normalmente a marca da dissertação é o verbo no presente.
    • Amplia-se a ideia central, mas sem subjetividade ou defesa de ponto de vista.
    • Apresenta linguagem clara e imparcial.

    Dissertação Argumentativa
    Este tipo de texto – muito frequente nas provas de concursos! – apresenta posicionamentos pessoais e exposição de ideias apresentadas de forma lógica. Com razoável grau de objetividade, clareza, respeito pelo registro formal da língua e coerência, seu intuito é a defesa de um ponto de vista que convença o interlocutor (leitor ou ouvinte).

    Presença de estrutura básica (introdução, desenvolvimento e conclusão): ideia principal
    do texto (tese); argumentos (estratégias argumentativas: causa-efeito, dados estatísticos, testemunho de autoridade, citações, confronto, comparação, fatoexemplo, enumeração...); conclusão (síntese dos pontos principais com sugestão/solução).
    • Principais gêneros textuais em que se observam características desse tipo de texto: redação de concursos, artigos de opinião, cartas de leitor, discursos de defesa/acusação, resenhas...
    • Utiliza verbos na 1a pessoa (normalmente nas argumentações informais) e na 3a pessoa do presente do indicativo (normalmente nas argumentações formais) para imprimir uma atemporalidade e um caráter de verdade ao que está sendo dito.
    • Constitui-se de linguagem cuidada, com estruturas lexicais e sintáticas claras, simples e adequadas ao registro culto.
    • Privilegiam-se as estruturas impessoais, com certas modalizações discursivas (indicando noções de possibilidade, certeza ou probabilidade) em vez de juízos de valor ou sentimentos exaltados.
    • Há um cuidado com a progressão temática, isto é, com o desenvolvimento coerente da
    ideia principal, evitando-se rodeios.
    • Às vezes, usam-se elementos de primeira pessoa como recurso retórico para envolver o
    leitor no pensamento do autor do texto.
    • Os verbos normalmente se encontram no presente do indicativo ou no futuro do presente.

     

    Fonte: A gramática para concursos públicos

  • Correta C