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ID
2691103
Banca
FCC
Órgão
SABESP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Atenção: Leia o texto abaixo para responder a questão.


   O que há de mais evidente nas atitudes dos brasileiros diante do “preconceito de cor” é a tendência a considerá-lo como algo ultrajante (para quem o sofre) e degradante (para quem o pratique).

   Contudo, na situação imperante nos últimos 40 anos (de 1927 até hoje), tem prevalecido uma considerável ambiguidade axiológica. Os valores vinculados à ordem social tradicionalista são antes condenados no plano ideal que repelidos no plano da ação concreta e direta. Daí uma confusa combinação de atitudes e verbalizações ideais que nada têm a ver com as disposições efetivas de atuação social. Tudo se passa como se o “branco” assumisse maior consciência parcial de sua responsabilidade na degradação do “negro” e do “mulato” como pessoa mas, ao mesmo tempo, encontrasse sérias dificuldades em vencer-se a si próprio.

   O lado curioso dessa ambígua situação de transição aparece na saída espontânea que se deu a esse drama de consciência. Sem nenhuma espécie de farisaísmo consciente, tende-se a uma acomodação contraditória. O “preconceito de cor” é condenado sem reservas, como se constituísse um mal em si mesmo, mais degradante para quem o pratique do que para quem seja sua vítima. A liberdade de preservar os antigos ajustamentos discriminatórios e preconceituosos, porém, é tida como intocável, desde que se mantenha o decoro e suas manifestações possam ser encobertas ou dissimuladas.

   Do ponto de vista e em termos de posição sociocultural do “branco”, o que ganha o centro do palco não é o “preconceito de cor”, mas uma realidade moral reativa, que bem poderia ser designada como o “preconceito de não ter preconceito”.


(Adaptado de: FLORESTAN, Fernandes. O Negro no Mundo dos Brancos. São Paulo: Difel, 1972, pp. 23-25)

De acordo com o texto,

Alternativas
Comentários
  • GABARITO LETRA A

      

     

    a) em decorrência de uma dubiedade no plano dos valores, que separa o plano da efetividade de um outro plano, o ideal, o preconceito racial no Brasil ganha uma roupagem dissimulada, o que o autor chama de “preconceito de não ter preconceito”

       

    [...] na situação imperante nos últimos 40 anos (de 1927 até hoje), tem prevalecido uma considerável ambiguidade axiológica. Os valores vinculados à ordem social tradicionalista são antes condenados no plano ideal que repelidos no plano da ação concreta e direta. Daí uma confusa combinação de atitudes e verbalizações ideais que nada têm a ver com as disposições efetivas de atuação social

    Do ponto de vista e em termos de posição sociocultural do “branco”, o que ganha o centro do palco não é o “preconceito de cor”, mas uma realidade moral reativa, que bem poderia ser designada como o “preconceito de não ter preconceito”.

  • b. manifestamente errado. 

    c. em nenhum momento o autor diz que o racismo é mais sentido que manifestado.

    d. "o branco, ao tornar-se mais consciente de sua realidade social, passa a condenar as atitudes racistas, em consonância com seu pensamento". Segundo o autor, a dubiedade está justamente em haver dificuldades de o branco combater seus próprios pensamentos : "Tudo se passa como se o “branco” assumisse maior consciência parcial de sua responsabilidade na degradação do “negro” e do “mulato” como pessoa mas, ao mesmo tempo, encontrasse sérias dificuldades em vencer-se a si próprio.

    d. o autor não menciona nada disso no texto.

  • Nunca foi tão difícil cuidar do abastecimento e saneamento básico de São Paulo kkkkkk

  • TRT de SP não vem p menos!

  • Podiam bloquear esse perfil "Estudante Focado" 

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    Quase eliminei a alternativa por restringir ao Brasil, mas depois notei que todas falavam somente do Brasil. Não consegui enxergar isso no texto, já que fala em brasileiros, o que, na minha opinião, é mais abrangente.

  • Philip Fry, te amo! MUITO OBRIGADA!!! 

  • Alternativa A

    a)em decorrência de uma dubiedade no plano dos valores, que separa o plano da efetividade de um outro plano, o ideal, o preconceito racial no Brasil ganha uma roupagem dissimulada, o que o autor chama de “preconceito de não ter preconceito”

    Correto de acordo com os ultimos paragrafos do texto.

    O lado curioso dessa ambígua situação de transição aparece na saída espontânea que se deu a esse drama de consciência. 

    ....   Do ponto de vista e em termos de posição sociocultural do “branco”, o que ganha o centro do palco não é o “preconceito de cor”, mas uma realidade moral reativa, que bem poderia ser designada como o “preconceito de não ter preconceito”.

     b)o fato de se manter, no Brasil, a liberdade no plano das ideias, fez com que não se chegasse a extremos, como em outros países, e o “preconceito de cor”, como é referido pelo autor, não se tornasse efetivo, mas sim permanecesse encoberto.

    O autor não informa que o Brasil tem liberdade no plano de ideais como se fosse uma sociedade livre de preconceito. Há, na verdade, outros tipos de preconceito.

     c)o desdobramento de uma oposição – o caráter ultrajante da ação sofrida e o caráter degradante da ação praticada – confere ao Brasil uma posição singular em relação ao “preconceito de cor”, que é mais sentido do que manifestado, uma vez que em nenhum momento deixa de ser condenado de modo irrestrito.

    O texto deia bem claro que quem pratica sofre mais que a vítima. O “preconceito de cor” é condenado sem reservas, como se constituísse um mal em si mesmo, mais degradante para quem o pratique do que para quem seja sua vítima. 

     d)o branco, ao tornar-se mais consciente de sua realidade social, passa a condenar as atitudes racistas, em consonância com seu pensamento, com a liberdade e o decoro sociais, ainda que se esteja longe de resolver o problema da discriminação no Brasil.

    Errada. Não se trata de um pensamento ausente de preconceito e condenando quaisquer atitudes racistas. Trata-se, na verdade, de preconceito contra os preconceituosos.

     e)a herança colonial caracterizou um regime social, no Brasil, que se acomodou ao racismo, a ponto de apenas no fim da década de 1960, quando é escrito o texto, medidas resolutivas serem postas em prática, deixando o plano ideal e ganhando efetividade. 

    Errada. O texto informa que o plano ideais ganha mais força em detrimento da ação propriamente dita.

  • A passagem mais marcante para mim, que me fez assinalar o item A foi: " O lado curioso dessa ambígua situação de transição aparece na saída espontânea que se deu a esse drama de consciência. Sem nenhuma espécie de farisaísmo consciente, tende-se a uma acomodação contraditória. O “preconceito de cor” é condenado sem reservas, como se constituísse um mal em si mesmo, mais degradante para quem o pratique do que para quem seja sua vítima. A liberdade de preservar os antigos ajustamentos discriminatórios e preconceituosos, porém, é tida como intocável, desde que se mantenha o decoro e suas manifestações possam ser encobertas ou dissimuladas."  

  • Lembre-se da "Trindade Lógica":

    Axiológica: Valores

    Teleológica: Finalidade

    Ontológica: Natureza/existência/modo de ser

  • Mais uma para minha listinha de bloqueados: Susana Oliveira. 

  • Texto extremamente chato, leitura cansativa! Mas vai lendo as alternativas e já vai captando algumas extrapolações...mas o pior, sem dúvida, é no dia da prova! No conforto do lar, tudo fica menos difícil rsrsrs

  • Ela errou também em dizer que podem ser até 255 carac... quando podem ser 256. OBS-> Windows 10 -> 260

  • essa tava na cara.. linda alternativa