SóProvas


ID
3107185
Banca
VUNESP
Órgão
Semae de Piracicaba - SP
Ano
2019
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                   Estado de coma


      1902 – Subitamente – nenhuma doença antes, nenhuma febre, nenhum golpe na cabeça, nenhum desgosto – o menino Jorge Henrique Kuntz, de treze anos, residente no bairro da Floresta, em Porto Alegre, entra em coma. Ao menos este é o diagnóstico que formula o Doutor Schultz, médico da família, perplexo diante do estranho caso desse rapazinho que, nunca tendo tido uma doença grave, deitou-se e não mais acordou, apesar dos gritos, das súplicas, das cautelosas picadas de alfinete. É coma, diz o médico, e a família recusa-se a acreditar: o rosto rubicundo, o leve sorriso, a respiração tranquila – isto é coma? Isto é coma, doutor? – pergunta indignado Ignacio José Kuntz, marceneiro e faz-tudo, pai do menino. A mãe, Augusta Joaquina Kuntz, não pergunta nada, não diz nada; chora, abraçada aos outros filhos: as gêmeas, Suzana e Marlene, dois anos mais velhas que Jorge Henrique; e Ernesto Carlos, o caçula. O médico, confuso, apanha a maleta e se retira.

      1938 – Morre o Doutor Schultz. Encontram entre seus papéis um caderno contendo uma descrição detalhada do caso de Jorge Henrique. As inúmeras interrogações dão prova da angústia do velho médico: até o fim, pesquisou, sem êxito, um diagnóstico.

      1944 – Augusta Joaquina completa setenta e cinco anos. As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa: não vê motivos para celebrações. Prefere ficar só, com seu filho. É que vê a morte se aproximar.

      Vê a morte se aproximar e nada pode fazer. Mas não se preocupa: há meses vê, junto à cama de Jorge Henrique, um vulto de contornos indistintos, envolto numa aura de suave esplendor. É a este ser, ao anjo da guarda, que confiará o seu filho quando enfim partir.

      Uma madrugada acorda sufocada, estertorando; é, reconhece, o velho coração que fraqueja. Soergue-se no catre, volta os olhos arregalados para o filho.

      – Filho!

      Não consegue levantar-se. Pega os cabelos dele com as mãos, trêmulas, leva-os ao rosto. Filho, murmura, vou para o céu, vou pedir por ti...

      Morre.

      Não fosse isto – a morte – teria visto Jorge Henrique abrir os olhos, sorrir, espreguiçar-se, dizer numa vozinha fraca de nenê: ai, gente, dormi um bocado.

                                                     (Moacyr Scliar, Os melhores contos. Adaptado)

Eliminando-se o sinal de dois-pontos no trecho – As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa: não vê motivos para celebrações. –, explicita-se corretamente a relação de sentido entre as orações com a seguinte reescrita:

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    ?  As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa: não vê motivos para celebrações. ? temos uma ideia explicativa, explicando o porquê da recusa da festa.

    A) As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa, pois não vê motivos para celebrações. ? correto, conjunção coordenativa explicativa, sendo a nossa resposta.

    B) As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa, entretanto não vê motivos para celebrações. ? incorreto, conjunção coordenativa adversativa, não é o que queremos.

    C) As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa; não vê, portanto, motivos para celebrações. ? incorreto, conjunção coordenativa conclusiva, não é o que queremos.

    D) As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa, à medida que não vê motivos para celebrações. ? locução conjuntiva subordinativa proporcional, não é o que queremos.

    E) As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa, caso não veja motivos para celebrações. ? conjunção subordinativa condicional, não é o que queremos.

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    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! Estuda o passado se queres prognosticar o futuro.

  • Assertiva A

    : = Pois .

  • Letra A , sentido de explicação.

  • O verbo ver está no singular, "vê", ou seja, ela não vê motivo por isso... se o mesmo verbo estivesse no plural, retomando vizinhas, aí sim teríamos uma ideia de adversidade...

    Bem é assim que eu penso...

  • Jardel, teu pensamento está errado. Os dois pontos servem para explicar o porquê da vizinha recusar a festa. Não teria a possibilidade de retomar "as vizinhas".

  • Não esqueça:

    Na medida em que= causal.

    à medida que= proporcional

    à medida que estuda evolui no conteúdo.

    não existem as formas: na medida que e à medida em que

    Sucesso, Bons estudos,Nãodesista!

  • Letra a) Uma Oração Coordenada Sindética Explicativa (o pois está iniciando a oração)

  • NESTE CASO, OS DOIS PONTOS SERVE PARA EVIDENCIAR UMA EXPLICAÇÃO.

    POIS, ELA NÃO VÊ MOTIVOS

    GABARITO= A

    AVANTE GUERREIROS

  • Gabarito: A

    Oração coordenada explicativa.

    → As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa, pois não vê motivos para celebrações.

  • Gabarito: A.

    Os dois pontos serviram para indicar uma explicação do anteriormente dito. Desta forma, o correto é a substituição pela conjunção subordinativa explicativa "pois". (:

  • As vizinhas querem homenageá-la com uma festa, que ela recusa, pois não vê motivos para celebrações.

    ,que ela recusa, é oração subordinada adjetiva explicativa. (explica) entre vírgula e começa com o pronome ''que'' podendo ser substituído pelo ''a qual''.

    pois não vê motivos para celebrações.oração subordinada adverbial causal -> iniciando com a conjunção pois.''

  • Sem perder tempo: letra A!

    Dois pontos pode ser utilizado para introduzir uma explicação, desta forma, substitui uma conjunção explicativa.

  • GAB -->(A)

    [...], que ela recusa: não vê motivos para celebrações

    ela recusa ( ISTO / ISSO )

    Aqui estamos diante de uma O.S.Subs. APOSITIVA

    Logo, a pontução pode ser substituida por uma conjunção explicativa.

    ALTERNATIVAS:

    A) POIS = EXPLICATIVO --> CORRETO

    B) ENTRETANTO = ADVERSATIVO --> INCORRETO

    C) PORTANTO = CONCLUSIVO --> INCORRETO

    D) À MEDIDA QUE = PROPORCIONAL --> INCORRETO

    E) CASO = CONDICIONAL --> INCORRETO

    OBS: Qualquer objeção estou sujeito à correção.

    Foco no objetivo Guerreiros!

  • Cuidado com o POIS (causa x explicação).

  • Nas orações subordinadas adverbiais causais e orações coordenadas sindéticas explicativas, é possível a utilização do dois-pontos como recurso estilístico, omitindo assim a conjunção. (No eixo argumentativo, toda causa é uma explicação).

  • COLABORANDO

    Erros crassos: à medida EM que (errado) = à medida que (correto)

    na medida QUE (errado) = na medida EM que (correto)

    Bons estudos.

  • PC-PR 2021

  • Explicativas = explicação é o mesmo que justificativa ou dizer o mesmo com outras palavras

    porque, pois(anteposto ao verbo = inicio da oração), porquanto, que, ou seja

    venha para casa , pois está começando a chover

    OBS: Oração anterior a maioria vem com verbo no imperativo, Quando não vier no imperativo pode ter dúvida com causa nesse caso só o contexto salva.