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ID
3364003
Banca
IBADE
Órgão
IPM - JP
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

                                              O gato preto


      Não espero nem peço que acreditem na narrativa tão estranha e ainda assim tão doméstica que estou começando a escrever. Louco, de fato, eu seria se esperasse por isso, num caso em que até os meus sentidos rejeitam seu próprio testemunho. No entanto, louco eu não sou - e com toda certeza eu não estou sonhando. Mas se morro amanhã, hoje alivio minha alma. O meu objetivo imediato é apresentar ao mundo, sucintamente e sem comentários, uma série de eventos meramente domésticos. Em suas consequências, tais fatos aterrorizaram - torturaram - destruíram minha pessoa. No entanto, não vou tentar explicá-los. Para mim representam apenas horror - para muitos vão parecer menos terríveis do que barrocos. No futuro, talvez, algum intelecto será capaz de reduzir meu fantasma ao lugar-comum - algum intelecto mais calmo, mais lógico, e muito menos excitável que o meu, que vai perceber, nas circunstâncias que detalho com pasmo, nada mais que uma habitual de causas e efeitos muito naturais.

      Desde criança que eu era conhecido pela docilidade e humanidade do meu caráter. O meu coração era tão terno que fez de mim um objeto de escárnio dos meus camaradas. Gostava particularmente de animais e os meus pais autorizavam-me a ter uma grande variedade de bichos de estimação. Com eles passava a maior parte do tempo e nunca me sentia tão feliz como quando os alimentava e acarinhava. Esta peculiaridade do meu caráter cresceu comigo e em adulto derivava daí uma das minhas principais fontes de prazer. Para quem já alguma vez amou um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou intensidade da satisfação daí emanada. Algo existe no amor desinteressado e generoso de uma besta que vai direito ao coração daquele que teve frequentemente a ocasião de avaliar a fraca amizade e a evanescente fidelidade do homem vulgar.

POE, Edgar Allan (1978) “O gato preto". In _____ . Histórias extraordinárias. Trad. Breno da Silveira e outros. São Paulo: Abril Cultural, p.39-51. 

Sobre os elementos destacados do fragmento “No entanto, louco eu não sou - e com toda certeza eu não estou sonhando.”, leia as afirmativas e assinale a correta.

Alternativas
Comentários
  • Gabarito D.

    Sendo ''no entanto'' uma conjunção adversativa, pode ser substituída por ''todavia'' que também é adversativa. (algumas mais cobradas: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto).

    Erro das demais:

    A) Verbos significativos são verbos que indicam uma ação, o que não é o caso dos verbos ''ser'' e ''estar''. (exemplos de verbos significativos: pensar,gostar,querer,estudar).

    B) ''Com toda certeza'' transmite ideia de afirmação, certeza, já ''provavelmente'', dúvida, incerteza.

    C) Louco é um adjetivo. Aposto, normalmente vem entre vírgulas especificando algum termo.

    E) ''Sonhando'' está na forma nominal gerúndio.

    Sonhar = infinitivo (-ar,-er,-ir)

    Sonhando = gerúndio (-ando,-endo,-indo)

    Sonhado = particípio (-ado,-ido)

    Qualquer erro, mande mensagem!

  • GABARITO: LETRA D

    ? ?No entanto, louco eu não sou - e com toda certeza eu não estou sonhando.?

    ? Temos uma conjunção coordenativa adversativa, ela pode ser substituída perfeitamente pela conjunção "todavia" (=ambas conjunções possuem a mesma classificação).

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    ? FORÇA, GUERREIROS(AS)!! 

  • Gabarito letra D. Conjunções Coordenadas Adversativas: Mas, porém, todavia, no entanto, entretanto, contudo,  não obstante.

  • Adversativas: Mas, porém, todavia, no entanto, entretanto, contudo,  não obstante.