Texto para a questão.
Língua é produto do meio social e, uma vez constituída, tem um papel ativo no processo de conhecimento e comportamento do homem. A língua não é uma nomenclatura, que se sobrepõe a uma realidade pré‐categorizada, ela é que classifica a realidade. Tomemos um exemplo: em português, chama‐se de posse a investidura, por exemplo, na presidência da República; em inglês, inauguration; em francês, investiture. A palavra portuguesa dá ideia de assenhorear‐se de alguma coisa, de domínio; a inglesa indica apenas começo; a francesa diz respeito ao recebimento de uma função. Esses termos têm, sem dúvida, relação com a maneira como concebemos o poder do Estado.
A língua desenvolve‐se historicamente e, uma vez constituída, impõe aos falantes uma maneira de organizar o mundo. Quando Wilhelm von Stock traduzia Antero de Quental para o alemão, escreveu ao poeta português sobre a dificuldade de verter para o alemão o soneto Mors‐Amor, porque as duas figuras alegóricas – o Amor e a Morte – têm gêneros diferentes nas duas línguas (o amor/ die Liebe – a morte/der Tod). Responde Antero que “esse é um caso interessante de influência da língua sobre a imaginação”, pois representam a morte como mulher os falantes de uma língua em que a palavra para designá‐la é feminina e como homem aqueles que falam um idioma em que o termo é masculino.
José Luiz Fiorin. Língua, discurso e política. In: Alea: Estudos
Neolatinos, v. 11, n.º 1, p. 148‐165, 2009.
A respeito dos aspectos linguísticos do trecho “‘esse é um caso interessante de influência da língua sobre a imaginação’, pois representam a morte como mulher os falantes de uma língua em que a palavra para designá‐la é feminina e como homem aqueles que falam um idioma em que o termo é masculino.”, é correto afirmar que