SóProvas


ID
5177176
Banca
GS Assessoria e Concursos
Órgão
Prefeitura de Irati - PR
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

TEXTO 01


O texto abaixo servirá de base para responder a questão.


PENETRANDO NO TEXTO DO ACORDO ORTOGRÁFICO


(1º§) Neste primeiro contato com esses leitores, acreditamos que não seria de todo descabido mostrar-lhes as dificuldades inerentes com que tiveram de lutar os ortógrafos anteriores, num espaço de quase cem anos até a elaboração do atual texto objeto de nossas conversas. Isto sem contar os desafios dos escribas medievais para pôr em escrito as palavras utilizadas no seu tempo contando com um alfabeto herdado dos romanos e que se mostrava inadequado a reproduzir sons da nova língua que o latim não conhecia.
(2º§) Toda essa maravilhosa aventura vai ser aqui posta de lado por fugir ao propósito imediato de nossas considerações. Interessa-nos mais de perto o esforço desenvolvido no final do século 19 até o livro seminal do foneticista português Gonçalves Viana, Ortografia Nacional, saído em Lisboa em 1904, obra que pôs a questão ortográfica nos trilhos da ciência linguístico-filológica do seu tempo. O subtítulo do livro anunciava claramente a intenção que movia seu autor: simplificação e uniformização sistemática das ortografias portuguesas.
(3º§) O plural "ortografias" alude às bases dos dois sistemas que presidiam cada corrente apontada como digna de ser seguida: a etimológica e a sônica ou fonética; segundo esta última, as palavras deviam ser escritas como se pronunciam. A escrita etimológica era a que se atribuía ares de ciência, por seguir a tradição greco-latina, com suas letras dobradas e com os dígrafos ph (phosphoro), th (theoria), sc (sciencia), etc. Ambas tiveram de buscar ajuda de diacríticos desconhecidos das duas línguas clássicas: os acentos agudo (´), grave (`) e circunflexo (^), o apóstrofo ('), o til (~), o hífen (-), a cedilha (,) sotoposta ao c e poucos outros, no que já eram dispositivos que seriam aproveitados nos formulários ortográficos oficiais elaborados pelas comissões acadêmicas a partir do século 20. A utilização dos acentos gráficos tem por objetivo indicar a correta sílaba tônica para os falantes nativos e estrangeiros que não desejam ou não podem cometer erros de pronúncia. Línguas há que dispensam o recurso aos sinais gráficos, como é o caso do latim clássico e dos idiomas germânicos, pelo fato de terem estruturalmente marcada a posição da sílaba tônica. No grego antigo a necessidade do uso dos acentos gráficos se deu no Egito em virtude de a língua da Hélade ter passado a ser veículo de comunicação falada entre estrangeiros que desejavam acertar na posição da sílaba tônica. Entre portugueses e brasileiros a acentuação gráfica também visava a um expediente didático.
(4º§) Se os acentos tinham funções bem demarcadas entre os timbres aberto e fechado da vogal da sílaba tônica, desde cedo os ortógrafos variaram as funções do hífen e das iniciais maiúsculas e minúsculas, concedendo-lhes aspectos objetivos e subjetivos, criando aos utentes perplexidades de emprego que não puderam ser disciplinadas inteligentemente pelas técnicas e postas em prática pelo homem comum na hora de registrar por escrito esses sinais ortográficos, perplexidades que chegam até ao acordo de 1990 que os signatários tentaram disciplinar e simplificar.
(5º§) Cabe, hoje, aos representantes das duas Academias e aos especialistas estudar-lhes as normas aprovadas e dar-lhes condições técnicas para que seja alcançado o propósito dos signatários do acordo, qual seja "um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional". (...)


(Evanildo Bechara é filólogo e gramático, membro da Academia Brasileira de Letras e Coordenador da Comissão de Lexicologia e Lexicografia da instituição.)

Marque a alternativa com enunciação INCORRETA.

Alternativas
Comentários
  • Paradoxo: argumentos, posições que contrariam algo, há lógica diferente de antítese.

  • Questão B também esta incorreta. A alternativa afirma "respectivamente", porém as palavras estão em outra ordem. Banca capenga é assim mesmo.

  • Meu Pai eterno!!! Que banca é essa, onde na ALTERNATIVA B tem um par de termos com hiato respectivamente. Na minha opinião, questão passível de anulação.

  • gab. D

    Deusulivre dessa banca.

    Coisa louca.

    A gente acerta na raça, mas é duro.

    a) correta

    quem acha que a B está errada, acredito que esteja certíssima.

    b) correta

    Na série: "escriba", "mostrava", "desafios", "saído", "poucos", "oficiais" - temos respectivamente: um par de termos com encontro consonantal, um par de termos com hiato, um par de termos com encontro vocálico.

    encontro consonantal: "es-cri-ba", "mos-tra-va"

    HIATO: quando duas vogais estão juntas na mesma palavra, mas em sílabas diferentes. → "de-sa-fi-os", "sa-í-do"

    encontro vocálico: "pou-cos", "o-fi-ci-ais"

    c) correta

    d) ERRADA

    Entre as palavras da série: "leitores", "textos", "sons", "ortógrafos", "latim", "linguístico-filológica", temos exemplos de paradoxos

    Nada a ver.

    Paradoxo ou Oxímoro é uma figura de linguagem que representa contradição.

    EX.: O para sempre, sempre acaba.

    e) correta

    A cada dia produtivo, um degrau subido. HCCB

  • Misericórdia

  • Só Deus na causa

  • "desenvolvido" é trissílabo? VTNC!

  • Irmão, que banca é essa? kct...

  • Que banca zuada. Não sei como não existe órgão de fiscalização ainda pra essas aberrações. Deve ser lobby, certeza. Não é possível que ninguém vai fazer nada quanto a esses absurdos
  • GABARITO: D

    A alternativa B está correta? Não faz sentido.

  • A questão é de morfologia, fonologia e acentuação e quer que identifiquemos a alternativa INCORRETA. Vejamos:

     . 

    A) Todos os termos da série: "que", "em", "e", "com", "já" - são monossílabos invariáveis em gênero e em número.

    Certo. São todos monossílabos (só apresentam uma sílaba) que não variam em gênero (masculino / feminino) e em número (singular / plural).

     .

    B) Na série: "escriba", "mostrava", "desafios", "saído", "poucos", "oficiais" - temos respectivamente: um par de termos com encontro consonantal, um par de termos com hiato, um par de termos com encontro vocálico.

    Certo. Um par de termos com encontro consonantal: "es-cri-ba", "mos-tra-va"; um par de termos com hiato: "de-sa-fi-os", "sa-í-do", um par de termos com encontro vocálico (ditongos): "pou-cos", "o-fi-ci-ais".

    Encontro consonantal é a sequência de dois ou mais fonemas consonânticos numa palavra. Ou seja, é o encontro de duas ou mais consoantes numa palavra, sem existir uma vogal no meio delas. Ex.: brado, creme, plano, regra, ciclo, atleta, atrás, transtorno...

    O encontro consonantal pode ocorrer:

    • na mesma sílaba: cli-ma, flo-res, du-plo, bra-do, re-pre-sa, le-tra, czar, pseu-dô-ni-mo... (São encontros consonantais inseparáveis, mais frequentemente formados de consoante + ou r)
    • em sílabas diferentes: ad-ven-to, ob-tu-so, ap-to, pac-to, suc-ção, naf-ta, sub-lo-car...(São encontros consonantais separáveis. Ocorrem sempre no interior das palavras e geralmente são formados de duas consoantes)

     .

    Hiato é o encontro entre duas vogais que pertencem a sílabas diferentes. Devemos acentuar as vogais "i" e "u" tônicas dos hiatos, quando aparecem sozinhas na sílaba ou acompanhadas por "s". Ex.: sa-í-da, pa-ís, sa-ú-de, ba-ús.

     .

    Os encontros vocálicos são três: ditongo, tritongo e hiato.

     .

    C) No (1º§), temos exemplo de ênclise com verbo na forma nominal do infinitivo e exemplo de próclise de verbo de primeira conjugação no pretérito imperfeito (ação contínua) do indicativo.

    Certo. Ênclise (pronome APÓS o verbo) com verbo na forma nominal do infinitivo: "mostrar-lhes". Próclise (pronome ANTES do verbo) de verbo de primeira conjugação no pretérito imperfeito (ação contínua) do indicativo: "que se mostrava".

     .

    D) Entre as palavras da série: "leitores", "textos", "sons", "ortógrafos", "latim", "linguístico-filológica", temos exemplos de paradoxos.

    Errado. Não há que se falar em paradoxo (oposição) nesse caso. Todas essas palavras pertencem ao campo semântico das letras, da escrita.

    Paradoxo: consiste esta figura, também chamada oxímoro, em usar, intencionalmente, um contrassenso.

    Ex.: Valentia covarde assaltar e matar pessoas indefesas!

     .

    E) Na série: "posição", "condições", "desenvolvido", "elaborados", "subtítulo", "etimológica" - temos, respectivamente: um par de trissílabos oxítonos sem acento gráfico que justifique a tonicidade, um par de polissílabos paroxítonos da mesma classe gramatical, um par de polissílabos proparoxítonos.

    Certo. Um par de trissílabos (3 sílabas) oxítonos sem acento gráfico que justifique a tonicidade: "po-si-ção", "con-di-ções" (lembrando que til não é acento gráfico); um par de polissílabos (4 ou mais sílabas) paroxítonos da mesma classe gramatical: "de-sen-vol-vi-do", "e-la-bo-ra-dos", ambos adjetivos; um par de polissílabos proparoxítonos: "sub-tí-tu-lo", "e-ti-mo-ló-gi-ca".

     .

    Oxítonas: a sílaba tônica é a última. Acentuam-se as oxítonas terminadas em A, E, O (S), mesmo quando seguidas de LO(S), LA(S); e as terminadas em EM, ENS (com duas ou mais sílabas). Acentuam-se também as oxítonas terminadas com ditongos abertos ÉI, ÓI e ÉU, seguidas ou não de “s”.

    Paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima. Acentuam-se as paroxítonas terminadas em l, n, r, x, i(s), u(s), ps, ã(s), ão(s), ei(s), ons, um, uns, ditongo (crescente ou decrescente), seguido ou não de "s".

    Proparoxítonas: são palavras que têm a antepenúltima sílaba como sílaba tônica. TODAS as palavras proparoxítonas são acentuadas graficamente, segundo as regras de acentuação.

     .

    Gabarito: Letra D