SóProvas


ID
5448784
Banca
Instituto Consulplan
Órgão
Prefeitura de Formiga - MG
Ano
2020
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

O poder da juventude

    Em janeiro de 1942, o escritor Mário de Andrade (1893- 1945) respondeu a uma carta que recebera de Fernando Tavares Sabino (1923-2004), a quem de chofre sugeriu que assinasse apenas Fernando Sabino. “Antes de mais nada: eu achava que os estreantes deviam pôr nos seus livros a idade que têm. Que idade tem você? Isso importa extraordinariamente nesse caso como o seu, por causa justamente das possibilidades fartas. Se você está rodeando os vinte anos, de vinte a vinte e cinco como imagino, lhe garanto que o seu caso é bem interessante, que você promete muito. E o livro, neste caso, é bom. Mas se você já tem trinta ou trinta e cinco anos, já estudou muito (você parece de fato se preocupar com a expressão linguística) e está homem-feito, não lhe posso dar aplauso que valha.” Sabino tinha 18 anos e era mais conhecido em Belo Horizonte pelas vitórias nos campeonatos de natação do que por sua disposição de mergulhar fundo na literatura. O resto é história, um encontro marcado com a boa ficção e a crônica de excelência. Que idade boa de ter, 20 anos — embora Paul Nizan, em Áden, Arábia (1931), um clássico das letras francesas do século XX, tenha alertado, um tanto derrotista: “Não me venham dizer que é a mais bela idade da vida. Tudo ameaça um jovem de destruição: o amor, as ideias, o afastamento da família, o ingresso no meio dos adultos. Custa-lhe aprender o seu lugar no mundo”.
     Ter 20 anos é poder sonhar, poder errar e intuir que haverá muito tempo ainda para correções e aprendizado — é saber que o mundo, de um jeito ou de outro, conseguirá, sim, um lugarzinho para a juventude e sua inesgotável força transformadora. [...]
(Por “Da Redação”. Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020. Edição nº 2668. Adaptado.)

Considerando-se os aspectos linguísticos e semânticos do texto, analise as afirmativas a seguir.

I. A correção seria mantida caso a expressão “a uma carta” fosse substituída por “por uma carta”.
II. Os dois trechos no texto delimitados pelas aspas demonstram diferentes funções para este sinal de pontuação.
III. A forma verbal “recebera” promove uma localização temporal anterior à ação igualmente concluída indicada por “respondeu”.
IV. A expressão “Custa-lhe” teria sua correspondência, de acordo com a adequação da norma padrão da língua, em “Custa a ele”.

Estão corretas apenas as afirmativas

Alternativas
Comentários
  • Gabarito na alternativa C

    Solicita-se julgamento das assertivas abaixo:

    I. A correção seria mantida caso a expressão “a uma carta” fosse substituída por “por uma carta”. 

    Incorreta. Seria possível a substituição em um contexto especifico no qual a preposição "por" seja equivalente semântico da locução "por meio de", indicativa de modo ou meio. No contexto em tela o termo preposicionado é complemento verbal de "responder", não sendo admitida a substituição.

    "...respondeu a uma carta que recebera..."

    II. Os dois trechos no texto delimitados pelas aspas demonstram diferentes funções para este sinal de pontuação.

    Incorreta. A primeira passagem demarcada por aspas destaca o conteúdo, ou parte do conteúdo, da carta que Mário de Andrade enviou como resposta a Fernando Sabino. A segunda passagem é transcrição de trecho do livro citado pelo autor.

    Não há que se falar em "diferentes funções" do uso das aspas, de sorte que são empregadas, nos dois casos, para citar diretamente a produção ortográfica de outrem.

    III. A forma verbal “recebera” promove uma localização temporal anterior à ação igualmente concluída indicada por “respondeu”. 

    Correta. O verbo "percebera" está em forma de pretérito mais-que-perfeito do indicativo, indicando ação passada anterior a outra ação também passada.

    IV. A expressão “Custa-lhe” teria sua correspondência, de acordo com a adequação da norma padrão da língua, em “Custa a ele”.

    Correta. O pronominal oblíquo ligado ao verbo faz as vezes de objeto indireto e é substituível pela forma preposicionada "a ele".

    "Custa a ele aprender o seu lugar no mundo."