SóProvas


ID
5507812
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Prefeitura de João Pessoa - PB
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Borderline: o transtorno que faz pessoas irem do "céu ao inferno" em horas


Tatiana Pronin


Uma alegria contagiante pode se transformar em tristeza profunda em um piscar de olhos porque alguém "pisou na bola". O amor intenso vira ódio profundo, porque a atitude foi interpretada como traição; o sentimento sai de controle e se traduz em gritos, palavrões e até socos. E, então, bate uma culpa enorme e o medo de ser abandonado, como sempre. Dá vontade de se cortar, de beber e até de morrer, porque a dor, o vazio e a raiva de si mesmo são insuportáveis. As emoções e comportamentos exaltados podem dar uma ideia do que vive alguém com transtorno de personalidade borderline (ou "limítrofe"). 

Reconhecido como um dos transtornos mais lesivos, leva a episódios de automutilação, abuso de substâncias e agressões físicas. Além disso, cerca de 10% dos pacientes cometem suicídio. Além da montanha-russa emocional e da dificuldade em controlar os impulsos, o borderline tende a enxergar a si mesmo e aos outros na base do "tudo ou nada", o que torna as relações familiares, amorosas, de amizade e até mesmo a com o médico ou terapeuta extremamente desgastantes.

Muitos comportamentos do "border" (apelido usado pelos especialistas) lembram os de um jovem rebelde sem tolerância à frustração. Mas, enquanto um adolescente problemático pode melhorar com o tempo ou depois de uma boa terapia, o adulto com o transtorno parece alguém cujo lado afetivo não amadurece nunca.

Ainda que seja inteligente, talentoso e brilhante no que faz, reage como uma criança ao se relacionar com os outros e com as próprias emoções — o que os psicanalistas chamam de "ego imaturo". Em muitos casos, o transtorno fica camuflado entre outros, como o bipolar, a depressão e o uso abusivo de álcool, remédios e drogas ilícitas. 

De forma resumida, um transtorno de personalidade pode ser descrito como um jeito de ser, de sentir, se perceber e se relacionar com os outros que foge do padrão considerado "normal" ou saudável. Ou seja, causa sofrimento para a própria pessoa e/ou para os outros. Enquadrar um indivíduo em uma categoria não é fácil — cada pessoa é um universo, com características próprias. [...]

O diagnóstico é bem mais frequente entre as mulheres, mas estudos sugerem que a incidência seja igual em ambos os sexos. O que acontece é que elas tendem a pedir mais socorro, enquanto os homens são mais propensos a se meter em encrencas, ir para a cadeira ou até morrer mais precocemente por causa de comportamentos de risco. Quase sempre o transtorno é identificado em adultos jovens e os sintomas tendem a se tornar atenuados com o passar da idade.

Transtornos de personalidade são diferentes de transtornos mentais (como depressão, ansiedade, transtorno bipolar, psicose etc.), embora seja difícil para leigos e desafiante até para especialistas fazer essa distinção, já que sobreposições ou comorbidades (existência de duas ou mais condições ao mesmo tempo) são muito frequentes. Não é raro que o borderline desenvolva transtorno bipolar, depressão, transtornos alimentares (em especial a bulimia), estresse pós-traumático, déficit de atenção/hiperatividade e transtorno por abuso de substâncias, entre outros. [...]

O paciente borderline sofre os períodos de instabilidade mais intensos no início da vida adulta. Há situações de crise, ou maior descontrole, que podem até resultar em internações porque o paciente coloca sua própria vida ou a dos outros em risco. Por volta dos 40 ou 50 anos, a maioria dos "borders" melhora bastante, probabilidade que aumenta se o paciente se engaja no tratamento. [...] 

Medicamentos ajudam a aliviar os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado, e são ainda mais importantes quando existe um transtorno mental associado. Os fármacos mais utilizados são os antidepressivos (flluoxetina, escitalopram, venlafaxina etc.), os estabilizadores de humor (lítio, lamotrigina, ácido valproico etc.), os antipsicóticos (olanzapina, risperidona, quietiapina etc.) e, em situações pontuais, sedativos ou remédios para dormir (clonazepan, diazepan, alprazolan etc.). Esses últimos costumam ser até solicitados pelos pacientes, mas devem ser evitados ao máximo, porque podem afrouxar o controle dos impulsos, assim como o álcool, além de causarem dependência. [...] 


Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2018/04/16/borderline-a-doenca-que-faz-10-dos-diagnosticados-cometerem-suicidio.htm. Acesso em: 04 jan. 2021.


Analise o trecho que segue.

“Medicamentos ajudam a aliviar os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado, e são ainda mais importantes quando existe um transtorno mental associado. Os fármacos mais utilizados são os antidepressivos (flluoxetina, escitalopram, venlafaxina etc), os estabilizadores de humor (lítio, lamotrigina, ácido valproico etc), os antipsicóticos (olanzapina, risperidona, quietiapina etc) e, em situações pontuais, sedativos ou remédios para dormir (clonazepan, diazepan, alprazolan etc). Esses últimos costumam ser até solicitados pelos pacientes, mas devem ser evitados ao máximo, porque podem afrouxar o controle dos impulsos, assim como o álcool, além de causarem dependência. [...]”.

Em relação, sobretudo, aos componentes destacados nesse segmento do texto, é correto afirmar que

Alternativas
Comentários
  • GABARITO:B.

    A) o verbo “são” em destaque tem como sujeito os elementos “os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado”. ERRADO: O sujeito é "medicamentos".

    B) a conjunção “quando”, tradicionalmente indicadora de tempo, em certos contextos, pode também expressar valor de condição, como ocorre nesse caso. CERTO: "Quando" é uma conjunção condicional que indica condição necessária para que seja realizada o fato ou não. Conectores coesivos: Se, caso, quando, conquanto que, salvo se, sem que, dado que, desde que, a menos que, a não ser que.

    C) o uso de “antidepressivos”, em destaque, exemplifica um caso de substantivo transformado em adjetivo. ERRADO: o termo é um adjetivo por si só na sentença, ou seja, não transforma em adjetivo.

    D) a preposição “para” expressa a relação lógico-semântica de causa. ERRADO: "para" é uma preposição que tem o valor de finalidade.

    E) o pronome demonstrativo “esses” retoma os medicamentos “clonazepan, diazepan, alprazolan” e poderia ser substituído por “estes” sem nenhum dano gramatical. ERRADO:

    Ambos possuem funções coesivas diferentes, ou seja, "estes" é catafórico, por outro lado, "esses" é anafórico.

    Faça das dificuldades sua motivação!

  • Gabarito na alternativa B

    Solicita-se julgamento das assertivas:

    A) o verbo “são” em destaque tem como sujeito os elementos “os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado”.

    Incorreta. O sujeito da forma verbal destacada é o substantivos "medicamentos".

    B) a conjunção “quando”, tradicionalmente indicadora de tempo, em certos contextos, pode também expressar valor de condição, como ocorre nesse caso.

    Correta. A conjunção "quando", embora normalmente empregada em valoração temporal, pode assumir função condicional quando a ideia de condição for mais abrangente que a ideia de tempo.

    "...ainda mais importantes quando existe um transtorno mental associado." - O momento não é importante, mas a ocorrência do fato, sendo o termo nitidamente condicional.

    C) o uso de “antidepressivos”, em destaque, exemplifica um caso de substantivo transformado em adjetivo.

    Incorreta. O termo "antidepressivos" é classificado pelo VOLP como adjetivo e substantivo masculino, a depender do contexto de uso. No caso em tela é aplicado como substantivo.

    "Pedro usa diversos antidepressivos." - Substantivo masculino plural.

    "O laboratório apresentou novos medicamentos antidepressivos." - Adjetivo concordando em número com o substantivo.

    O comentário que afirma ser o termo, no contexto, adjetivo está incorreto.

    D) a preposição “para” expressa a relação lógico-semântica de causa.

    Incorreta. A preposição "para" traz ideia de finalidade à construção.

    "remédios para dormir"

    E) o pronome demonstrativo “esses” retoma os medicamentos “clonazepan, diazepan, alprazolan” e poderia ser substituído por “estes” sem nenhum dano gramatical. 

    Incorreta. O termo é elemento anafórico, retomando os termos destacados na assertiva. Sua substituição por elemento catafórico (estes), salvo em um contexto de referênciação espacial, é incorreta.

  • A questão requer conhecimento acerca das funções sintáticas dos termos, o papel das classes gramaticais, valor semântico dos conectivos e coesão referencial: anáfora e catáfora.


    Alternativa (A) incorreta - O sujeito do verbo “são", em destaque, é “medicamentos". Os elementos “os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado" exercem a função sintática de objeto direto do verbo “aliviar".

    Alternativa (B) correta - A ideia é de condição. “Caso exista um transtorno mental associado, os medicamentos que aliviam os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado são ainda mais importantes."

    Alternativa (C) incorreta - “Antidepressivos" é substantivo acompanhado do artigo “os", seu papel é nomear os fármacos e não os caracterizar.

    Alternativa (D) incorreta - Expressa valor de finalidade, podendo ser substituído por “com o intuito de", “a fim de", “com o objetivo de".

    Alternativa (E) incorreta - O pronome “esses" faz referência ao que já fora mencionado, e “estes" ao que ainda será citado.

    Gabarito da Professora: Letra B.

  • São ainda mais importantes quando existe um transtorno mental associado. 

    São ainda mais importantes SE existe um transtorno mental associado. 

    São ainda mais importantes CASO  exista um transtorno mental associado. 

    Quando, nesse contexto, expressa condição.

  • Analise o trecho que segue.

    “Medicamentos ajudam a aliviar os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado, e são ainda mais importantes quando existe um transtorno mental associado. Os fármacos mais utilizados são os antidepressivos (flluoxetina, escitalopram, venlafaxina etc), os estabilizadores de humor (lítio, lamotrigina, ácido valproico etc), os antipsicóticos (olanzapina, risperidona, quietiapina etc) e, em situações pontuais, sedativos ou remédios para dormir (clonazepan, diazepan, alprazolan etc). Esses últimos costumam ser até solicitados pelos pacientes, mas devem ser evitados ao máximo, porque podem afrouxar o controle dos impulsos, assim como o álcool, além de causarem dependência. [...]”.

    Em relação, sobretudo, aos componentes destacados nesse segmento do texto, é correto afirmar que

    Xo verbo “são” em destaque tem como sujeito os elementos “os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado”.

    Não, O verbo faz referência aos medicamentos. Pergunte ao verbo, o que são? Os medicamentos são.

    a conjunção “quando”, tradicionalmente indicadora de tempo, em certos contextos, pode também expressar valor de condição, como ocorre nesse caso.

    Substitua por a "não ser que" exista...

    Xo uso de “antidepressivos”, em destaque, exemplifica um caso de substantivo transformado em adjetivo.

    Todo determinante acompanhará os substantivos; podem ser artigos, pronomes ou numerais.

    Xa preposição “para” expressa a relação lógico-semântica de causa.

    Não, expressa finalidade podendo ser trocado por "com intuito de", "a fim de".

    Xo pronome demonstrativo “esses” retoma os medicamentos “clonazepan, diazepan, alprazolan” e poderia ser substituído por “estes” sem nenhum dano gramatical. 

    "Esse" anafórico , "Este" catafórico.

  • ()para dormir (clonazepan, diazepan, alprazolan etc). Esses últimos...

    A banca "DEVE" ter entendido assim: "este" passa a retomar "últimos"- cataforismo- e "ùltimos" retoma > clonazepan, diazepan, alprazolan etc

  • GABARITO: B

    COMENTÁRIO:

    Alternativa A: Sujeito é “medicamentos”.

    Alternativa B: “quando existe um transtorno mental associado” torna condição para que os medicamentos se tornem ainda mais importantes.

    Alternativa C: Substantivo nomeia coisas. Antidepressivo é um substantivo simples.

    Alternativa D: Expressa a relação lógico-semântica de finalidade.

    Alternativa E: A substituição provocaria alteração gramatical. O pronome “este” é usado quando a informação ainda será apresentada – catáfora. 

  • Um bizu que vi aqui no QC e pode te ajudar na letra e:

    sedativos ou remédios para dormir (clonazepan, diazepan, alprazolan etc). Esses últimos costumam ser até solicitados pelos pacientes.

    >> o pronome demonstrativo “esses” retoma os medicamentos “clonazepan, diazepan, alprazolan” e poderia ser substituído por “estes” sem nenhum dano gramatical. 

    Esses - atráss - Anáfora - Já foi apresentada, lá atrás.

    Estes - frente - Catáfora - Ainda será apresentada, lá na frente.

    Gabarito: letra B

    A vontade não permite indisciplina.