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ID
1126864
Banca
FCC
Órgão
TRT - 15ª Região (SP)
Ano
2013
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

       Figuras históricas perdem seus contornos quando se tornam valores absolutos e até sua própria existência chega a ser posta em dúvida. Caso exemplar é o de William Shakespeare, cuja importância cresceu tanto que, a partir do século XVIII, começou-se a questionar se ele era realmente o autor de seus dramas.
       Algo semelhante aconteceu com o Renascimento. De início, o termo indicava a arte produzida na Itália entre os séculos XV e XVI, exemplar para todos os artistas que se seguiram. Em meados do XIX, quando começava a perder força como paradigma estético, assumiu um significado muito mais amplo e indeterminado. Historiadores, como Jules Michelet (1855) e o suíço Jacob Burckhardt (1860), defendem suas teorias, mas a periodização encontra dificuldades. Os limites de um período histórico costumam ser marcados por fatos concretos, de datação consensual. Em arte, as transições são muito mais fluidas. Com Renascimento e renascimentos na arte ocidental (1957) o historiador da arte alemão Erwin Panofsky tentou pôr ordem nessa proliferação de renascenças: o que distingue o Renascimento italiano das retomadas anteriores, segundo ele, é a consciência de que o antigo já não existe, da necessidade de recriá-lo.
       Afinal, o que faz da arte italiana dos séculos XV e XVI algo tão especial? Leon Battista Alberti, o teórico mais importante da primeira fase do Renascimento, identifica por nome, no prólogo de seu tratado Da pintura (1436), um grupo bem pequeno de artistas, todos florentinos. Foram eles, segundo o teórico, que fizeram reviver uma arte que, como a antiga, se inspirava diretamente na natureza. Mas, enquanto os antigos tiveram muitos mestres para imitar, eles precisaram reinventar. "Nós", diz Alberti, incluindo-se no grupo, "descobrimos artes e ciências jamais ouvidas e vistas."
       Outro teórico define esses inventores como "mestres de artes mistas e de engenho". Artes, na Florença da época, eram as corporações de artesãos e comerciantes que governavam a cidade desde o século XIV. Além delas, com maior prestígio (se não com maior poder) havia as artes liberais, que se aprendiam pelos livros e não pela experiência prática. Os "mestres de artes mistas" não eram uma coisa nem outra. Já não se identificavam com o saber artesanal de pai para filho; tampouco com o saber escolar dos acadêmicos. Buscavam conhecimentos empíricos, quando necessário (engenharia, fundição dos metais, fabricação de cores), embora não se restringissem a nenhuma das profissões tradicionais. Em sua maioria, não liam latim, mas dispunham de tratados de ótica e de geometria traduzidos e consultavam cientistas e matemáticos sempre que fosse preciso. Eram leitores vorazes da nova literatura em vulgar (Dante, Petrarca, Boccaccio) e estudavam história. A cultura deles se definia em função dos projetos em que estavam envolvidos - uma igreja, um monumento, um quadro. Enfim, não eram nem artesãos nem filósofos. Pela primeira vez na história, eram artistas.


                                                     (Adaptado de: Lorenzo Mammi. Bravo!, 191, julho de 2013, p. 16-21)

Artes, na Florença da época, eram as corporações de artesãos e comerciantes que governavam a cidade desde o século XIV. Além delas, com maior prestígio (se não com maior poder) havia as artes liberais, que se aprendiam pelos livros e não pela experiência prática. Os "mestres de artes mistas" não eram uma coisa nem outra. Já não se identificavam com o saber artesanal de pai para filho; tampouco com o saber escolar dos acadêmicos.

Considerando-se o parágrafo acima, o segmento grifado recebe redação alternativa em que se mantêm igualmente o sentido original e a coesão, com a devida correção, em:

Alternativas
Comentários
  • b) Os "mestres de artes mistas" se diferenciavam dos demais por não se enquadrarem no espírito das corporações, de saber artesanal, nem mesmo naquele das artes liberais, cujo saber era aprendido nos livros.


    Alguém saberia me dizer o motivo do emprego da vírgula depois de "corporações"?

  • Rafael, também fiquei com essa dúvida inicialmente. E foi até por causa dessa vírgula que errei a questão.

    Mas ao ler várias vezes percebi que existem as corporações de saber artesanal e as corporações das artes liberais. Acredito que de saber artesanal bem como nem mesmo naquele das artes liberais sejam termos explicativos, por isso estão entre vírgulas. 

    Alguém discorda? 


  • a) A nova classe de "mestres de artes mistas" não eram de nenhuma corporação ou das artes liberais, onde havia tanto o saber artesanal como o contido nos livros acadêmicos. Além do ONDE, o sentido também foi alterado, pois, a frase do comando da questão diz que as artes mista não são nem uma coisa e nem outra. 

    c)Nem o saber artesanal de pai para filho, nem o escolar dos acadêmicos, que se aprendiam nos livros, não personalizavam os "mestres de artes mistas", que não tinham nem um nem mesmo o outro. Restrição do saber escolar apenas aos livros.

    d)Quem não se identificava ainda mais com o saber artesanal ou com o saber escolar dos acadêmicos, sem ser uma coisa nem outra, chamados como "os mestres de artes mistas". Mudou o sentido da frase 

    E)Caso os chamados "mestres de artes mistas", que não eram uma coisa nem outra, que se identificavam com o conhecimento de pai para filho nem mesmo com os acadêmicos. Frase truncada.

  • Alguém sabe o erro da Letra C?

  • @Raphael Lacerda: talvez seja o "não" junto com o "nem isso e nem aquilo". Aparenta negar duas vezes.

  • Me ajudem ai pessoal..... ''Os "mestres de artes mistas" se diferenciavam.... não seria ênclise ....???..... diferenciavam-se, pois não existe palavra atrativa.

  • Daniel,

    Sujeito expresso próximo ao verbo, usa-se próclise ou ênclise.


  • Dúvida..." cujo saber" não está errado? sendo que cujo só poderia estar entre substantivos?

  • Eu não marcaria a letra B em um concurso por nada nesse mundo. A letra C é muito mais coerente, além de estar correta gramaticalmente, ao contrário da B, que aparenta separar o complemento nominal do objeto com o uso da vírgula.

  • GABARITO ITEM C

     

    ACHO QUE O ERRO DA LETRA ''C'' ESTÁ NO VERBO ''APRENDER''.

     

    Nem o saber artesanal de pai para filho, nem o(SABER) escolar dos acadêmicos, que se aprendiam(SE APRENDIAnos livros,

     

    O PRONOME RELATIVO ''QUE''  ESTÁ RETOMANDO ''O SABER ESCOLAR DOS ACADÊMICOS''.

     

    BONS ESTUDOS,GALERA.VALEEU