- ID
- 151750
- Banca
- FCC
- Órgão
- TCE-GO
- Ano
- 2009
- Provas
-
- FCC - 2009 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Ciências Contábeis
- FCC - 2009 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Engenharia Civil
- FCC - 2009 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Engenharia Elétrica
- FCC - 2009 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Gestão de Pessoas
- FCC - 2009 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Gestão do Conhecimento
- FCC - 2009 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Orçamento e Finanças
- FCC - 2009 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Planejamento e Desenvolvimento Organizacional
- FCC - 2009 - TCE-GO - Analista de Controle Externo - Tecnologia da Informação
- Disciplina
- Português
- Assuntos
Atenção: A questão refere-se ao texto
seguinte, do filósofo francês Montaigne, influente
pensador do século XVI.
Da moderação
Como se tivéssemos infeccioso o tato, ocorre-nos corromper, se as manusearmos em excesso, as coisas que em si são belas e boas. A virtude pode tornar-se vício se ao seu exercício nos dedicarmos com demasiada avidez e violência. E jogam com as palavras os que dizem não haver excesso na virtude porque não há virtude onde há excesso: “Não é sábio o sábio, nem justo o justo, se seu amor à virtude é exagerado”.
Trata-se de uma sutileza filosófica. Pode-se dedicar imoderado amor à virtude e ser excessivo em uma causa justa. Preconiza o apóstolo São Paulo, a esse respeito, um equilíbrio razoável: “Não sejais mais comportados do que o necessário; ponde alguma sobriedade no bom comportamento”. Vi um dos grandes deste mundo prejudicar a religião por se entregar a práticas religiosas incompatíveis com a sua condição social. Aprecio os caracteres moderados e prudentes: ultrapassar a medida, ainda que no sentido do bem, é coisa que me espanta, se não me incomoda, e a que não sei como chamar. Mais estranha do que justa se me afigura a conduta da mãe de Pausânias, que foi a primeira a denunciá-lo e a contribuir com a primeira pedra para a morte do filho*; nem tampouco aprovo a atitude do ditador Postúmio, mandando matar o filho que, no en- tusiasmo da mocidade, saíra das fileiras para atacar o inimigo, com felicidade, aliás. Não me sinto propenso nem a aconselhar nem a imitar tão bárbara virtude.
Falha o arqueiro que ultrapassa o alvo, da mesma maneira que aquele que não o alcança. Minha vista se perturba se de repente enfrenta uma luz violenta, quando então vejo tão pouco como na mais profunda escuridão.
*Nota: A mãe de Pausânias depositara um tijolo diante do templo de Minerva, onde se refugiara o rei, seu filho. Os lacedemônios, aprovando-lhe o julgamento simbólico, ergueram muros em torno do refúgio e deixaram o prisioneiro morrer de fome.
A moderação não é fácil de alcançar; há quem veja a moderação como sinal de fraqueza; consideram outros a moderação um atributo dos tímidos - sem falar nos que atribuem à moderação a pecha da covardia.
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima substituindo- se os segmentos sublinhados, na ordem dada, por: