SóProvas


ID
5356777
Banca
INSTITUTO AOCP
Órgão
Câmara de Teresina - PI
Ano
2021
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

A SUA SUPERDESENVOLVIDA HABILIDADE DE LER MENTES

Renato Caruso Vieira

   Você é encarregado de conduzir uma reunião com quatro diretores de filiais da sua empresa: a Srª A., o Sr. B., a Srª C. e o Sr. D. Dirigindo-se à sala de reuniões, você é saída, ainda no corredor, por um de seus assessores, com quem trava o seguinte diálogo:

   Você: — Todos os diretores chegaram?

   Assessor: — Alguns chegaram.

  Adentrando a sala, você avista, já acomodados e preparados, a Srª A., o Sr. B., a Srª C. e o Sr. D. Confuso, você interpela discretamente o assessor:

  — Por que você disse alguns que dos diretores anteriores chegado se todos eles já chegaram?

 — Tudo o que eu disse foi que alguns dos diretores chegados chegados. A Srª A. e o Sr. B são alguns dos diretores e eles chegaram. Portanto, eu falei a verdade.

   Apesar de reconhecer uma consistência lógica irretocável da justificativa, você dificilmente absolveria seu assessor da culpa de ter feito mau uso da linguagem. [...]

  A correta interpretação de uma sentença proferida por um falante depende da habilidade de reconhecimento das intenções que ele pretendeu comunicar com aquela escolha de palavras. E a escolha de palavras do falante depende da avaliação que ele faz da habilidade do ouvinte de reconhecer as intenções comunicadas por ele. Assim, a culpa pelo mau uso da linguagem que atribuímos ao assessor, na narração ilustrativa que introduziu este texto, adveio de sua incapacidade de reconhecer a indução à inferência de “somente alguns [diretores chegaram], mas não todos” provocada pela escolha de palavras que fez naquele contexto particular.

   [...] Podemos identificar as interações conversacionais como constantes exercícios de metarrepresentação (representação mental da representação mental do outro) sustentados pela superdesenvolvida habilidade humana de “leitura de mentes” [...].
   A “leitura de mentes”, que conceitualmente se confunde com a capacidade de reconhecimento das intenções alheias, é uma adaptação humana com participação em todas as grandes conquistas evolutivas da nossa espécie em termos de cognição social. Não se observa no reino animal capacidade comparável à humana de comunicação, de cooperação, de compartilhamento de informações, de negociação. [...]


Adaptado de: <http://www.roseta.org.br/pt/2020/03/16/a-suasuperdesenvolvida-habilidade-de-ler-mentes/>. Acesso em 13 jul.2020.

Sobre a pontuação empregada no texto, assinale a alternativa INCORRETA.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO B

    ADJUNTO ADVERBIAL LONGO COM MAIS DE 3 PALAVRAS, VÍRGULA OBRIGATÓRIA

  • GABARITO: B.

    USO DA VÍRGULA

    • Enumeração;
    • Ruptura da forma canônica (ordem direta);
    • Termo explicativo (aposto);
    • Vocativo.

    APOSTO EXPLICATIVO

    O aposto explicativo serve para:

    1. Referir-se a nome;
    2. Expressão de natureza substantiva;
    3. Identidade semântica;
    4. Característica única.

    Ex.: O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, autorizou a abertura de um inquérito.

  • Essa é uma daquelas questões que abordam diversos assuntos, pois, em cada uma das alternativas, a banca faz uma afirmação que toca num ponto específico e pede que se encontre qual é a opção que traz a assertiva incorreta.

    Sendo assim, na letra A tudo está correto, pois a vírgula separa as seguintes expressões: “de comunicação", “de cooperação", “de compartilhamento", “de informações" e “de negociação". Todas elas exercem a função de complemento nominal do substantivo “capacidade".

    A opção B é a mais complicada, pois devemos levar em conta um escorrego na norma do próprio autor do texto, já que a vírgula, de fato, não é facultativa pelo fato de que ela sequer deveria estar ali, já que o que a segue é uma oração adjetiva restritiva, que não se antecede e nem se encerra com vírgula (isso ocorre com as orações adjetivas explicativas). A oração adjetiva restritiva está sempre atrelada a um substantivo, restringindo seu sentido, como o próprio nome diz. No caso do texto, não se trata de um assessor qualquer entre muitos, mas especificamente de “um de seus assessores", o que, por si só, já restringe o sentido do substantivo. Sendo assim, o que se segue depois de “assessores" é uma oração que não aceita o uso da vírgula e, considerando isso, ela não é facultativa, e sim vetada.

    A letra C está correta porque tanto os parênteses como os travessões servem para intercalar no texto uma informação acessória, como é o caso da breve definição do conceito de metarrepresentação apresentado pelo autor.

    Também está correto o que se diz na letra D, pois as vezes em que o travessão aparece no texto é sempre com o fito de introduzir discurso direto (que é aquele que representa a fala de pessoas ou personagens em um texto) que simula a conversa hipotética entre o leitor (lembre-se que o texto se inicia com o autor se referindo diretamente ao leitor através da palavra “você") e um de seus assessores.

    Por fim, a letra E não poderia estar mais certa, já que os dois pontos, no trecho destacado, exercem uma de suas principais funções, que é introduzir enumeração. No texto, ele antecede a enumeração dos quatro hipotéticos diretores de filiais da empresa.

     Assim, confirma-se a letra B como a opção a ser marcada.

    Gabarito do Professor: Letra B.

  • gabarito: B

    com quem trava o seguinte diálogo [...]= é uma oração subordina adjetiva explicativa, pois é precedida por vírgula. Além disso, apesar de a vírgula puder ser retirada e não prejudicar a correção, isso não significa que seu uso é facultativo. Na verdade, a vírgula é obrigatória para manter o sentido.

  • Cuidado.

    A letra b não se trata de um adjunto adverbial, mas sim de uma oração adjetiva.

  • alguém para explicar pq a alternativa D está correta ?