PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA
Considerada um marco na educação brasileira, porém pouco
praticada no cotidiano escolar, a Pedagogia Histórico-Crítica,
teoria criada pelo pedagogo brasileiro Dermeval Saviani, tem
como foco a transmissão de conteúdos científicos por parte da
escola, porém sem ser conteudista. O ensino conteudista é
aquele em que se passa uma quantidade enorme de conteúdo,
sem se preocupar com o desenvolvimento intelectual, cultural e
de raciocínio do aluno. A teoria de Saviani, no entanto, preza pelo
acesso aos conhecimentos e sua compreensão por parte do
estudante para que este seja inclusive capaz de transformar a
sociedade.
Trata-se de uma pedagogia contra-hegemônica, inspirada no
marxismo, portanto preocupada com os problemas educacionais
decorrentes da exploração do homem pelo homem. É uma teoria
de orientação socialista, organizada no Brasil a partir da década
de 1980.
Na Pedagogia Histórico-Crítica, a educação escolar é valorizada,
tendo o papel de garantir os conteúdos que permitam aos alunos
compreender e participar da sociedade de forma crítica,
superando a visão de senso comum. A ideia é socializar o saber
sistematizado historicamente e construído pelo homem. Nesse
sentido, o papel da escola é propiciar as condições necessárias
para a transmissão e a assimilação desse saber.
Conforme Dermeval Saviani, que esteve em Sorocaba na
segunda-feira passada, dia 10, para a aula inaugural do curso de
Pedagogia na UFSCar, e concedeu entrevista exclusiva ao
Educare, sua teoria pedagógica entende que a sociedade atual é
injusta, baseada na exploração do trabalho pelo capital, por isso
ele acredita que o movimento operário deve se organizar para
que não existam mais exploradores e explorados. "Para que essa
teoria se desenvolva efetivamente, é necessário um outro tipo de
organização social e isso é difícil porque nesse caso a nossa
sociedade é questionada, mas a ideia é assegurar aos alunos o
domínio dos conhecimentos e conquistas humanas para que
eles possam agir na sociedade de maneira diferente".
O professor frisa que as teorias dominantes tendem a
desconsiderar a importância dos conhecimentos elaborados de
base científica. "A Escola Nova secundariza o conhecimento do
professor assim como o Construtivismo, entre outras propostas,
que assumem posições negadoras da escola", afirma.
De acordo com Dermeval, para uma pessoa aprender a falar, ela
não precisa da escola, mas para ler e escrever, sim. "Os
conteúdos acabam sendo sonegados da população, dos
trabalhadores na verdade, porque a elite dominante tem escolas
que asseguram esse acesso. Por isso é que defendo a
valorização dos conteúdos e conhecimentos sistematizados. A
escola tem de priorizar isso", diz.
O educador observa que nos últimos anos as escolas têm sido
incentivadas a cuidar de outras coisas. O que existe, afirma, é a
inclusão de elementos que não são relevantes, que não precisam
ou não deveriam entrar no currículo das escolas. "Mas há
deputados que querem introduzir disciplinas. Teve um que queria
incluir aula de xadrez nas escolas porque estimula o raciocínio,
enfim, enquanto muitos estudantes questionam diversos tipos
de conteúdos porque acreditam que não serão usados em seu
dia a dia e serão esquecidos, eu defendo que eles são
necessários para que se entre em outro patamar".
Como exemplo, Dermeval diz que é preciso ter acesso à norma
culta da Língua Portuguesa para que o aluno tenha condições de
ler os clássicos. "O andaime é indispensável para uma
construção, não é porque ele não será usado mais tarde que
devemos abrir mão do andaime. Então da mesma forma, na
Educação, há coisas que a escola tem de desenvolver para que o
estudante consiga alcançar outros degraus. O óbvio precisa ser
reiterado porque acaba sendo esquecido", afirma.
Dermeval lembra que os alunos reclamam dos professores,
alegando que as aulas são muito teóricas e que deveriam ser
mais práticas. "Mas sem a teoria a prática fica cega. Por sua vez,
a teoria sem a prática é mera abstração, então é preciso saber
dosar, mas quiçá tivesse mesmo mais teorias, aí sim muita
gente teria aprendido mais coisas."
Quando Dermeval fala de teoria, ele não está falando em "jogar
conteúdos aos ventos", mas sim trabalhar adequadamente esses
conhecimentos nas escolas.
Outra observação que o pedagogo faz é com relação às várias
teorias existentes e que muitos professores têm se perdido.
Alguns já não sabem mais o que seguir e acabam misturando
conceitos. Aqui vai a dica: "Não cabe misturar teorias, pois isso
não permite que seja feito um trabalho consistente. É preciso,
sim, conhecer as várias teorias para superá-las", diz ele.
(JACINTO, Daniela. Criador da Pedagogia Histórico-Crítica fala
sobre o papel da escola. Disponível em: http://bit.ly/2prSepa)
Com base no texto 'PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA', leia as
afirmativas a seguir:
I. A teoria de Saviani coloca em evidência a importância da escola
ao sugerir que ela tem o papel de garantir os conteúdos que
permitam aos alunos compreender e participar da sociedade de
forma crítica, superando a visão de senso comum. Ou seja, há uma
preocupação com o desenvolvimento intelectual, cultural e de
raciocínio do aluno.
II. Teórico fundador da Pedagogia Histórico-Crítica, Demerval
Saviani propôs, conforme anuncia o texto, uma metodologia ativa
do conhecimento uma sistematização dos saberes historicamente
construídos, bem como a inclusão em que o educando é
assujeitado, isto é, recebe o conhecimento enquanto o professor se
torna um mediador.
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