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Gabarito: letra C
"Geralmente se conceitua a conjunção “e” como uma palavra invariável, que serve para relacionar duas ou mais palavras, com função idêntica na mesma oração e para conectar orações. As orações, por ela conectadas, são de mesma natureza sintática. A iniciada pela conjunção é chamada coordenativa sindética aditiva.
Para Cintra e Cunha (1985-570) “certas conjunções coordenativas podem, no discurso, assumir variados matizes significativos de acordo com a relação que estabelecem...”. O “e”, por exemplo, pode ter valor adversativo (e por vezes fronteiriço do concessivo), indicar uma conseqüência, uma conclusão, expressar uma finalidade, ter valor consecutivo, introduzir uma explicação enfática, iniciar frases de alta intensidade afetiva e facilitar a passagem de uma idéia a outra, mesmo que não relacionadas. Faraco e Moura (1998:414) afirmam que o “e” pode ter valor adversativo, conclusivo, expressar finalidade, etc. Mesquita (1994: 367) observa que “o e, normalmente aditiva, pode ter valor adversativo ou explicativo”; Infante e Nicola (1997:303) apresentam exemplos onde o “e” aparece com valores adversativo, explicativo e aditivo, salientando que “as orações coordenadas é que têm valores variados, e não as conjunções”. Bechara (1999:320) destaca que “muitas vezes , graças ao significado dos lexemas envolvidos na adição, o grupo das orações coordenativas permite-nos extrair um conteúdo suplementar de ‘causa’, ‘conseqüência’, ‘oposição’, etc.”
Fávero (1987:52) propõe uma revisão do conceito de coordenação, à luz da lingüística textual, comenta a junção com “e” com matizes de seqüenciador temporal, de condicionalidade, de oposição e de conclusão. Neves (2000:740) afirma que o “e” possui um caráter mais neutro que os outros conectores, seu uso menos neutro resulta da adição de elementos que mantém entre si uma relação semanticamente marcada, como de contraste, causa conseqüência, etc... Para Camacho (1997:246) ao “e” se associam determinações vinculadas às funções textual e interpessoal da linguagem. Entende que tal conjunção “é ambígua nos usos que se fazem nos domínios do conteúdo epistêmico e conversacional”. Esse autor (1999:396) admite que o “e” é o operador prototípico da coordenação, e em função dessa prototipicidade exerce uma espécie de função “coringa”, podendo veicular vários sentidos.
Como se vê, tanto em algumas gramáticas, quanto em outros estudos, o sentido da conjunção “e” não é tão limitado como postula a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB)."
(Continua...)
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Parte II:
Enunciado 01: “A pessoa que lê muitas histórias é capaz de conhecer o mundo inteiro, muitas vezes detalhadamente sem nem sair do lugar, é capaz de se transformar no protagonista, ou seja, ficar feliz como ele, sentir as mesmas sensações e também ficar triste e sentir suas decepções.” ( Red. 1 – 1º Ano)
Paráfrase: A pessoa que lê muitas histórias é capaz de conhecer o mundo inteiro, muitas vezes detalhadamente sem nem sair do lugar, é capaz (X1) de se transformar no protagonista (X2), ou seja, ficar feliz como ele, sentir as mesmas sensações e também ficar triste para sentir suas decepções. (Y)
Comentário: Nesse enunciado X1 acena a possibilidade do sujeito assumir determinado papel explicitado por X2, para atingir um objetivo. Esse objetivo aparece em Y por meio da conjunção “para” mais o “verbo no infinitivo” estabelecendo uma relação de FINALIDADE
Enunciado 2:“Imaginem só uma escola sem horário? Todos entrando e saindo na hora que quizer,... ” (Red. 27 – 1º Ano)
Paráfrase: Imaginem só uma escola sem horário? (X1) Todos entrando (X2) ou saindo na hora (Y1) que quiser,... (Y2)
Comentário: Nesse enunciado X1 propõe duas ações representadas por X2 e Y1, o sujeito dessas ações é único. As ações de X2 e Y1 se opõem e, de acordo com o enunciado, podem até ocorrer concomitantemente. Portanto, ocorre uma relação de disjunção ou ALTERNÂNCIA.
Enunciado 3:“A resposta é não, pois a tempos atráz ele não conhecia essa tecnologia e não vivia cheio de tarefas.”(Red. 28 – 1o Ano)
Paráfrase:A resposta é não, pois há tempos atrás ele não conhecia essa tecnologia, (X) portanto não vivia cheio de tarefas. (Y)
Comentário: Nesse enunciado X estabelece uma afirmação que proporciona um resultado Y. A conjunção, então, vai estabelecer entre X e Y uma relação de CONCLUSÃO.
Enunciado 4 - “A ciência vem se desenvolvendo cada vez mais, o Brasil desenvolve várias descobertas na área científica e até já se explica em jornais como é a morte com injeção letal.” (Red. 02 – 2o Ano)
Paráfrase - A ciência vem se desenvolvendo cada vez mais(X), o Brasil desenvolve várias descobertas na área científica que até já se explica em jornais(Y) como é a morte com injeção letal.
Comentário: No enunciado, X representa uma situação tão intensa que implica uma ação refletida por Y. Portanto a relação estabelecida é de CONSEQÜÊNCIA.
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Parte III:
Enunciado 5: “Depois de quinze dias e quatro bons resultados à frente do modesto Gama, de Brasília, o gaúcho Cláudio Duarte foi contratado pelo Grêmio de Porto Alegre e dobrou seu salário de 25.000 reais.” (Red. 23 – 2º Ano)
Paráfrase: Depois de quinze dias e quatro bons resultados à frente do modesto Gama, de Brasília, o gaúcho Cláudio Duarte foi contratado pelo Grêmio de Porto Alegre(X) que dobrou seu salário de 25.000 reais.(Y)
Comentário: Nesse enunciado a situação criada pelo agente, sobre o sujeito passivo de X, gerou uma adjetivação representada por Y. O papel do conectivo é de PRONOME RELATIVO.
Enunciado 6: “Vestibular é um desespero, vestibulandos e pais se preparam e fazem de tudo para ver seus filhos na faculdade, estudar ser alguém, e os jovens, que estudam dia e noite para passar neste ‘funil’ onde só os melhores conseguem.” (Red. 26 – 2º Ano)
Paráfrase - Vestibular é um desespero, vestibulandos e pais se preparam (X) e fazem de tudo para ver seus filhos na faculdade, estudar ser alguém, como os jovens, que estudam dia e noite (Y) para passar neste ‘funil’ onde só os melhores conseguem.
Comentário: Nesse enunciado a ação do sujeito de X se identifica com a ação predicativa do sujeito de Y. A conjunção vai estabelecer uma relação de COMPARAÇÃO.
Enunciado 7: “O jogador que perde o penalty é ‘perna de pau’ e o goleiro que pega é herói.” (Red. 30 – 2º Ano)
Paráfrase: O jogador que perde a penalidade máxima é “perna de pau”(X) mas o goleiro que a pega é herói.(Y)
Comentário: O sujeito de X recebe uma qualificação que é contrastada pela adjetivação recebida pelo sujeito de Y. Essa oposição expressa nas predicações adjetivas estabelecer uma relação de contrajunção ou ADVERSIDADE.
Enunciado 8:“Deve-se levar em consideração que o jogador é um ser-humano como nós, e também sofre abalos e têm medo de perder.” (Red. 30 – 2º Ano)
Paráfrase: Deve-se levar em consideração que o jogador é um ser humano como nós,(X) porque também sofre abalos (Y) e tem medo de perder.
Comentário: Nesse enunciado a comparação estabelecida no interior de X exige uma justificativa que é dada por Y. Portanto a conjunção veicula idéia de CAUSA/EXPLICAÇÃO.
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Parte IV
Enunciado 9: “Nos Estados Unidos, em todos os lugares existem coisas pra chamar a atenção dos turistas e muitas vezes coisas insignificativas.” (Red. 31 – 2º Ano)
Paráfrase: Nos Estados Unidos, em todos os lugares existem coisas (X1) pra chamar a atenção dos turistas (X2) embora muitas vezes coisas insignificativas.(Y)
Comentário: Nesse enunciado a existência de algo em X1 tem uma finalidade expressa por X2, porém Y relativiza o sentido desse algo de X1, contrariando sua finalidade. A relação estabelecida traz a idéia de CONCESSÃO.
Enunciado 10: “Depois daquele dia, todas as festas que ia, fumava. Até que chegou seu aniversário, e os amigos resolveram preparar uma festa para Beatriz na casa de Izabela,...” (Red. 20 – 2º Ano)
Paráfrase: Depois daquele dia, todas as festas que ia, fumava. Até que chegou seu aniversário,(X) quando os amigos resolveram preparar uma festa para Beatriz na casa de Izabela,...(Y)
Comentário: Nesse enunciado a situação estabelecida por X tem um limite temporal demarcando o momento de uma ação. Essa ação aparece explicitada por Y no tempo determinado. A relação estabelecida é TEMPORAL.
Enunciado 11: “Sempre que conseguimos as coisas facilmente, não damos valor, mas quando nós lutamos muito por algo, e depois de muito esforço conseguirmos, aquilo se torna mais que especial para nós.” (Red. 44 – 2º Ano)
Paráfrase: Sempre que conseguimos as coisas facilmente, não damos valor, mas quando nós lutamos muito por algo,(X) se depois de muito esforço conseguirmos,(Y1) aquilo se torna mais que especial para nós.(Y2)
Comentário: Nesse enunciado X situa no tempo uma hipótese, Y1 acena para a possibilidade de realização ou não realização dessa hipótese. Y2 apresenta a conseqüência caso se estabeleça a ação conforme indiciado por Y1. Portanto a relação da conjunção “e” é estabelecida entre X e Y1 com idéia de CONDIÇÃO.
Enunciado 12: “Os tempos foram se passando e ela cada vez mais se tornava parte de mim.” (Red. 237 – 2º Ano)
Paráfrase: Os tempos foram se passando(X) à media que ela cada vez mais se tornava parte de mim(Y).
Comentário: Nesse enunciado, X apresenta uma ação progressiva e concomitante ao desenvolvimento da ação de Y. A relação é de PROPORCIONALIDADE.
Fonte: http://www.gel.org.br/estudoslinguisticos/volumes/31/htm/comunica/CiI26c.htm
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Gente esses comentários muito grandes a maioria nem lê.... Resumindo temos o seguinte: Gabarito C: Porque a conjunção no contexto está apresentando ação adversativa. Substituindo o E por uma conjunção adversativa temos: .a escola pode apenas promover uma inútil acumulação cognitiva mas se demitir da função de educar?”. Deu pra perceber as ideias contrárias? É isso aê foco e fé galera!!
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Mesmo fazendo a substituição por uma conjunção adversativa, não consegui enxergar essa semântica na alternativa gabarito.
Se a escola apenas promove uma inútil acumulação cognitiva, é consequência lógica ela se demitir da função de educar, e não uma adversidade.
Essa eu errei.
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Quem entendeu a C como adversidade é analfabeto funcional, a escola se demite de sua função quando promove uma acumulação inútil. Na composição da frase em si, tanto o sentido de adição quanto o de causa-consequência são plausíveis. O gabarito com certeza foi um erro de digitação ou algo do tipo.