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Prova COPS-UEL - 2018 - UEL - Vestibular - Espanhol


ID
2912305
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Descreve a vida escolástica


Mancebo sem dinheiro, bom barrete,

Medíocre o vestido, bom sapato,

Meias velhas, calção de esfola-gato,

Cabelo penteado, bom topete.


Presumir de dançar, cantar falsete,

Jogo de fidalguia, bom barato,

Tirar falsídia ao moço do seu trato,

Furtar a carne à ama, que promete;


A putinha aldeã achada em feira,

Eterno murmurar de alheias famas,

Soneto infame, sátira elegante;


Cartinhas de trocado para a freira,

Comer boi, ser Quixote com as damas,

Pouco estudo: isto é ser estudante.


WISNIK, J. M. (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 173. 

Sobre o poema, considere as afirmativas a seguir.


I. O poema estabelece uma diferenciação entre o estudante rico, que tudo tem, e o estudante pobre, que é obrigado a “furtar carne à ama”.

II. O poema tem início com uma distinção entre o bom e o mau estudante: “Mancebo sem dinheiro, bom barrete, /Medíocre o vestido, bom sapato [...]”.

III. O poema é construído a partir de pequenos quadros que denotam as várias práticas do estudante, sendo que quase nenhuma delas está associada ao estudo.

IV. A repetição de formas verbais no infinitivo indica uma permanência das características negativas elencadas a respeito do estudante.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas

ID
2912308
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Descreve a vida escolástica


Mancebo sem dinheiro, bom barrete,

Medíocre o vestido, bom sapato,

Meias velhas, calção de esfola-gato,

Cabelo penteado, bom topete.


Presumir de dançar, cantar falsete,

Jogo de fidalguia, bom barato,

Tirar falsídia ao moço do seu trato,

Furtar a carne à ama, que promete;


A putinha aldeã achada em feira,

Eterno murmurar de alheias famas,

Soneto infame, sátira elegante;


Cartinhas de trocado para a freira,

Comer boi, ser Quixote com as damas,

Pouco estudo: isto é ser estudante.


WISNIK, J. M. (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 173. 

Acerca do poema, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Nesse poema em especial o eu lírico não está expressando os seus sentimentos conflituosos, apesar de encontarmos bastante essa característica em outros poemas de Gregório de Matos. Na verdade, o que observamos é uma sátira da vida do estudante, que estuda pouco e se envolve com moças "vulgares", como revelam os versos: " A put. aldeã achada em feira" e " cartinhas de trocado para a feira". Desse modo, é notório o destaque às questões amorosas, como expresso na letra "e".


ID
2912311
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.


Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]

Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.


BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131. 

Sobre os recursos linguístico-semânticos empregados no texto, considere as afirmativas a seguir.


I. Em “mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele?”, trata-se de pergunta retórica, cuja resposta já se insere na pergunta.

II. A repetição do item lexical “subúrbio”, no início do trecho, empobrece a qualidade textual.

III. O trecho “tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma” contém um paradoxo proporcionado pela incompatibilidade temporal.

IV. A palavra “placards” está grifada em itálico no texto por se tratar de estrangeirismo, sendo hoje comum seu correlato em português.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • como pode-se considerar a letra B correta se a pergunta vem com a resposta logo em seguida ?


ID
2912314
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.


Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]

Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.


BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131. 

Acerca dos recursos linguísticos sublinhados no texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Gab - E

    Não tem muito o que explicar pessoal. É interpretação.


ID
2912317
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.


Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]

Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.


BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131. 

Em relação aos recursos linguísticos presentes no texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Resposta: E

    C) No fragmento “Onde acabavam os trilhos da Central”, o verbo está no plural para concordar com seu complemento “trilhos”. ----> Os TRILHOS da Central ACABAVAM. O termo "trilhos" não é complemento, mas sim um sujeito. INCORRETA.

    E) Em “tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro”, a vírgula é utilizada para separar sujeitos diferentes. ----> No subúrbio, Cassi Jones (1 SUJEITO) tinha os seus companheiro, e a sua fama de violeiro percorria todo ELE (2 SUJEITO). "ELE" refere-se ao SUBÚRBIO, portanto realmente há sujeitos diferentes e a função da vírgula foi separá-los. CORRETA.

  • Uma pequena correção à colega que redigiu o comentário anterior, que é muito bom.

    Na letra E, o sujeito, na verdade, é ' sua fama de violeiro'


ID
2912320
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.


Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]

Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.


BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131. 

Acerca do trecho “em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava”, considere as afirmativas a seguir.


I. O sujeito do verbo “liam” encontra-se na oração anterior “rapazes”.

II. O termo “ele” refere-se a Cassi Jones.

III. A expressão “em face da” equivale, semanticamente, à locução “em consequência de”.

IV. O termo “cuja” pode ser substituído pela expressão “a qual”, sem alteração de sentido.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas

ID
2912323
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.


Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]

Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.


BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131. 

Assinale a alternativa correta quanto à posição do narrador.

Alternativas

ID
2912326
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.


Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]

Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.


BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131. 

Sobre as referências aos termos “fama” e “personalidade”, que aparecem duas vezes cada um no fragmento, assinale a alternativa correta.

Alternativas

ID
2912329
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.


Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]

Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.


BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131. 

Com base no trecho e no romance, acerca das relações entre personagens e os estilos de época, considere as afirmativas a seguir.


I. Clara, ao nutrir ilusões quanto às intenções amorosas de Cassi, aproxima-se da condição sonhadora de personagens femininas românticas.

II. Clara, ao entregar-se a Cassi e ao ceder às suas investidas sexuais, exibe a dificuldade de resistir aos instintos, como ocorre com personagens femininas naturalistas.

III. Cassi, ao recorrer a falsas promessas e fugir das responsabilidades com Clara, destoa da caracterização afetiva e moral dos heróis masculinos românticos.

IV. Cassi, ao compreender a complexidade das injustiças sociais que se abatem contra ele e os demais suburbanos, acirra o espírito combativo, assim como os heróis modernistas.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas

ID
2912332
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o fragmento, a seguir, retirado do livro Clara dos Anjos, de Lima Barreto, e responda à questão.


Cassi Jones, sem mais percalços, se viu lançado em pleno Campo de Sant’Ana, no meio da multidão que jorrava das portas da Catedral, cheia da honesta pressa de quem vai trabalhar. A sua sensação era que estava numa cidade estranha. No subúrbio tinha os seus ódios e os seus amores; no subúrbio, tinha os seus companheiros, e a sua fama de violeiro percorria todo ele, e, em qualquer parte, era apontado; no subúrbio, enfim, ele tinha personalidade, era bem Cassi Jones de Azevedo; mas, ali, sobretudo do Campo de Sant’Ana para baixo, o que era ele? Não era nada. Onde acabavam os trilhos da Central, acabava a sua fama e o seu valimento; a sua fanfarronice evaporava-se, e representava-se a si mesmo como esmagado por aqueles “caras” todos, que nem o olhavam. [...]

Na “cidade”, como se diz, ele percebia toda a sua inferioridade de inteligência, de educação; a sua rusticidade, diante daqueles rapazes a conversar sobre cousas de que ele não entendia e a trocar pilhérias; em face da sofreguidão com que liam os placards dos jornais, tratando de assuntos cuja importância ele não avaliava, Cassi vexava-se de não suportar a leitura; comparando o desembaraço com que os fregueses pediam bebidas variadas e esquisitas, lembrava-se que nem mesmo o nome delas sabia pronunciar; olhando aquelas senhoras e moças que lhe pareciam rainhas e princesas, tal e qual o bárbaro que viu, no Senado de Roma, só reis, sentia-se humilde; enfim, todo aquele conjunto de coisas finas, de atitudes apuradas, de hábitos de polidez e urbanidade, de franqueza no gastar, reduziam-lhe a personalidade de medíocre suburbano, de vagabundo doméstico, a quase cousa alguma.


BARRETO, Lima. Clara dos Anjos. Rio de Janeiro: Garnier, 1990. p. 130-131. 

Com base no trecho e no romance, considere as afirmativas a seguir.


I. A frase “Não era nada” estabelece conexão entre Cassi e o desfecho vivido por Clara, embora os motivos dessas avaliações tenham graus de relevância e sentidos diferentes para cada personagem.

II. Clara e Cassi são superprotegidos por suas mães; contudo, Clara é mantida em sua ingenuidade, sem exposição à realidade, enquanto Cassi é acobertado a cada maldade cometida.

III. O assassinato de Marramaque afeta Clara e Cassi sob perspectivas diferentes: Clara sofre com a morte do padrinho, enquanto Cassi é o mentor daquele crime.

IV. A ideia de “polidez” acentua diferenças entre Clara e Cassi: enquanto ele ostenta essa qualidade no subúrbio e no centro, ela, como autêntica suburbana, é tosca, carente de lapidação.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas

ID
2912335
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.


Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.

Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro

REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96. 

Das expressões retiradas do texto, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a locução que exemplifica uso de registro formal e variante padrão da língua.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA B

    Locução adverbial A esmo. Sem certeza nem fundamento; ao acaso; sem rumo: perdido, nadava a esmo pela costa.

    Força, guerreiros(as)!!


ID
2912338
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.


Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.

Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro

REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96. 

Acerca dos termos destacados e suas respectivas explicações, considere as afirmativas a seguir.


I. Em “e ainda falo ‘deles’ como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro”, o termo “como” denota comparação.

II. Nos fragmentos, “ onde eu sempre soube” e “sabe-se que raio”, as palavras em destaque cumprem o mesmo papel nas duas ocorrências: apontar o lugar ao qual estão se referindo.

III. No trecho “pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho”, a locução destacada indica causa e equivale à expressão “visto que”.

IV. No fragmento “como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube”, o termo “onde” faz referência à palavra “lá” que, por sua vez, retoma “antiga terra”.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas

ID
2912341
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.


Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.

Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro

REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96. 

Com base no trecho e no romance, considere as afirmativas a seguir acerca da narradora.


I. No trecho “... esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão...”, apesar de a narradora estar em primeira pessoa, assim como no restante do romance, ela é também onisciente no contato com diversas personagens.

II. A narradora alterna passagens que contêm o relato das próprias ações, como em “Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço...”, com trechos que são suposições dos atos de personagens.

III. Há momentos no trecho dedicados à expressão de sentimentos provocados pelas próprias ações da narradora-protagonista, como em: “Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.”

IV. O trecho apresenta passagens em que a narradora-protagonista faz conjecturas sobre conspirações armadas por outras personagens, como em: “... sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos?”


Assinale a alternativa correta.

Alternativas

ID
2912344
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.


Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.

Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro

REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96. 

Com base no trecho e no romance, considere as afirmativas acerca da Barbie, mencionada na última frase do trecho.


I. Barbie é uma espécie de “ouvinte” dos relatos e das confissões da narradora.

II. Barbie, imagem asséptica, serve de contraste com os difíceis percursos da narradora em Porto Alegre.

III. Barbie é o apelido criado pela narradora para Milena, sua diarista em Porto Alegre.

IV. Barbie, boneca posta pela filha de Alice sobre um móvel do apartamento, ouve confidências e desabafos da protagonista.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas

ID
2912347
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.


Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.

Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro

REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96. 

Com base no trecho e no romance, assinale a alternativa correta sobre Cícero.

Alternativas

ID
2912350
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

Leia o trecho, a seguir, retirado do livro Quarenta dias, de Maria Valéria Rezende, e responda à questão.


Saí, em busca de Cícero Araújo ou sei lá de quê, mas sem despir-me dessa nova Alice, arisca e áspera, que tinha brotado e se esgalhado nesses últimos meses e tratava de escamotear-se, perder-se num mundo sem porteira, fugir ao controle de quem quer que fosse. Tirei o interfone do gancho e o deixei balançando, pendurado no fio, bati a porta da cozinha e desci correndo pela escada de serviço, esperando que o porteiro se enfiasse na guarita pra responder ao interfone de frente pro saguão, de modo que eu pudesse sair de fininho, por trás dos pilotis, e escapar sem ser vista. Não me importava nada o que haveria de acontecer com o interfone nem com o porteiro.

Ganhei a rua e saí a esmo, querendo dar o fora dali o mais depressa possível, como se alguém me vigiasse ou me perseguisse, mas saí andando decidida, como se soubesse perfeitamente aonde ia, pisando duro, como nunca tinha pisado em parte alguma da minha antiga terra, lá onde eu sempre soube ou achava que sabia que rumo tomar. Saí, sem perguntar nada ao guri da banca da esquina nem a ninguém, até que me visse a uma distância segura daquele endereço que me impingiram e onde eu me sentia espionada, sabe-se lá que raio de combinação eles tinham com os porteiros, com os vizinhos? Olhe só, Barbie, como eu chegava perigosamente perto da paranoia e ainda falo “deles” como se fossem meus inimigos, minha filha e meu genro

REZENDE, Maria Valéria. Quarenta dias. 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2014. p. 95-96. 

Com base no trecho, assinale a alternativa correta sobre a comparação dos espaços.

Alternativas

ID
2912353
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

“Tem uma frase boa que diz: uma língua é um dialeto com exércitos. Um idioma só morre se não tiver poder político”, explica Bruno L’Astorina, da Olimpíada Internacional de Linguística. E não dá para discordar. Basta pensar na infinidade de idiomas que existiam no Brasil (ou em toda América Latina) antes da chegada dos europeus – hoje são apenas 227 línguas vivas no país. Dominados, os índios perderam sua língua e cultura. O latim predominava na Europa até a queda do Império Romano. Sem poder, as fronteiras perderam força, os germânicos dividiram as cidades e, do latim, surgiram novos idiomas. Por outro lado, na Espanha, a poderosa região da Catalunha ainda mantém seu idioma vivo e luta contra o domínio do espanhol.

Não é à toa que esses povos insistem em cuidar de seus idiomas. Cada língua guarda os segredos e o jeito de pensar de seus falantes. “Quando um idioma morre, morre também a história. O melhor jeito de entender o sentimento de um escravo é pelas músicas deles”, diz Luana Vieira, da Olimpíada de Linguística. Veja pelo aimará, uma língua falada por mais de 2 milhões de pessoas da Cordilheira dos Andes. Nós gesticulamos para trás ao falar do passado. Esses povos fazem o contrário. “Eles acreditam que o passado precisa estar à frente, pois é algo que já não visualizamos. E o futuro, desconhecido, fica atrás, como se estivéssemos de costas para ele”, explica.

CASTRO, Carol. Blá-blá-blá sem fim. Galileu, ed. 317, dez. 2017, p. 31.

Acerca de trechos do texto, considere os exemplos a seguir, quanto à presença de oração coordenada.


I. “os germânicos dividiram as cidades”.

II. “e luta contra o domínio do espanhol”.

III. “os índios perderam sua língua e cultura”.

IV. “em cuidar de seus idiomas”.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • l- “os germânicos dividiram as cidades”  (oração coordenada assindética)

    II- “e luta contra o domínio do espanhol”   (oração coordenada sindética)

    lll- Dominados, os índios perderam sua língua e cultura.        (oração subordinada reduzida de particípio)

    lV- Não é à toa que esses povos insistem “em cuidar de seus idiomas”   (oração subordinada objetiva indireta reduzida de infinitivo)

     

    GABARITO A


ID
2912356
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

“Tem uma frase boa que diz: uma língua é um dialeto com exércitos. Um idioma só morre se não tiver poder político”, explica Bruno L’Astorina, da Olimpíada Internacional de Linguística. E não dá para discordar. Basta pensar na infinidade de idiomas que existiam no Brasil (ou em toda América Latina) antes da chegada dos europeus – hoje são apenas 227 línguas vivas no país. Dominados, os índios perderam sua língua e cultura. O latim predominava na Europa até a queda do Império Romano. Sem poder, as fronteiras perderam força, os germânicos dividiram as cidades e, do latim, surgiram novos idiomas. Por outro lado, na Espanha, a poderosa região da Catalunha ainda mantém seu idioma vivo e luta contra o domínio do espanhol.

Não é à toa que esses povos insistem em cuidar de seus idiomas. Cada língua guarda os segredos e o jeito de pensar de seus falantes. “Quando um idioma morre, morre também a história. O melhor jeito de entender o sentimento de um escravo é pelas músicas deles”, diz Luana Vieira, da Olimpíada de Linguística. Veja pelo aimará, uma língua falada por mais de 2 milhões de pessoas da Cordilheira dos Andes. Nós gesticulamos para trás ao falar do passado. Esses povos fazem o contrário. “Eles acreditam que o passado precisa estar à frente, pois é algo que já não visualizamos. E o futuro, desconhecido, fica atrás, como se estivéssemos de costas para ele”, explica.

CASTRO, Carol. Blá-blá-blá sem fim. Galileu, ed. 317, dez. 2017, p. 31.

Com base no trecho “Eles acreditam que o passado precisa estar à frente, pois é algo que já não visualizamos. E o futuro, desconhecido, fica atrás, como se estivéssemos de costas para ele”, considere as afirmativas a seguir.


I. No primeiro período, há uma oração coordenada explicativa.

II. A oração subordinada adjetiva “desconhecido” é reduzida de particípio.

III. As duas ocorrências da palavra “que” apontam para classes diferentes.

IV. O conectivo “como se” equivale semanticamente a “assim como”.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • Por que no segundo item é usado o termo "reduzida de particípio" ?

  • E o futuro, desconhecido, fica atrás=E o futuro,que é desconhecido, fica atrás.

    que é desconhecido- oração subordinada adjetiva explicativa, logo a primeira oração é oração subordinada adjetiva explicativa reduzida de particípio.

  • Como a primeira pode estar certa? Não seria uma oração subordinada?

  • Sim, gente, mas essa alternativa I não seria Subordinada??

  • Pensei assim, podem me corrigir.

    “Eles acreditam (Oração principal)

    que o passado precisa estar à frente, (Oração subordinada substantiva objetiva direta)

    pois é algo que já não visualizamos. (Oração coordenada sindética explicativa)

    E o futuro, desconhecido, fica atrás,

    E o futuro fica atrás (Oração principal) / que é desconhecido (Oração subordinada adjetiva explicativa)

    como se estivéssemos de costas para ele”

  • Tbm errei, mas colei o comentario do companheiro aí pra facilitar o entendimento da I. Vejamos:

    Eles acreditam (Oração principal)

    que o passado precisa estar à frente, (Oração subordinada substantiva objetiva direta)

    O passado é algo que já não visualizamos. (Oração coordenada sindética explicativa)


ID
2912359
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

“Tem uma frase boa que diz: uma língua é um dialeto com exércitos. Um idioma só morre se não tiver poder político”, explica Bruno L’Astorina, da Olimpíada Internacional de Linguística. E não dá para discordar. Basta pensar na infinidade de idiomas que existiam no Brasil (ou em toda América Latina) antes da chegada dos europeus – hoje são apenas 227 línguas vivas no país. Dominados, os índios perderam sua língua e cultura. O latim predominava na Europa até a queda do Império Romano. Sem poder, as fronteiras perderam força, os germânicos dividiram as cidades e, do latim, surgiram novos idiomas. Por outro lado, na Espanha, a poderosa região da Catalunha ainda mantém seu idioma vivo e luta contra o domínio do espanhol.

Não é à toa que esses povos insistem em cuidar de seus idiomas. Cada língua guarda os segredos e o jeito de pensar de seus falantes. “Quando um idioma morre, morre também a história. O melhor jeito de entender o sentimento de um escravo é pelas músicas deles”, diz Luana Vieira, da Olimpíada de Linguística. Veja pelo aimará, uma língua falada por mais de 2 milhões de pessoas da Cordilheira dos Andes. Nós gesticulamos para trás ao falar do passado. Esses povos fazem o contrário. “Eles acreditam que o passado precisa estar à frente, pois é algo que já não visualizamos. E o futuro, desconhecido, fica atrás, como se estivéssemos de costas para ele”, explica.

CASTRO, Carol. Blá-blá-blá sem fim. Galileu, ed. 317, dez. 2017, p. 31.

Sobre as formas verbais sublinhadas no texto, assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA A

    → Um idioma só morre se não tiver poder político” → terceira pessoa do presente do subjuntivo ↔ quando ele TIVER;

    → o "se" é uma conjunção subordinativa condicional, marcando uma conjunção para que determinado fato venha a acontecer.

    FORÇA, GUERREIROS(AS)!! ☻

  • Por que não pode ser a alternativa D, já que "gesticulamos" e "perderam" estão no pretérito perfeito do indicativo?

ID
2912362
Banca
COPS-UEL
Órgão
UEL
Ano
2018
Provas
Disciplina
Português
Assuntos

“Tem uma frase boa que diz: uma língua é um dialeto com exércitos. Um idioma só morre se não tiver poder político”, explica Bruno L’Astorina, da Olimpíada Internacional de Linguística. E não dá para discordar. Basta pensar na infinidade de idiomas que existiam no Brasil (ou em toda América Latina) antes da chegada dos europeus – hoje são apenas 227 línguas vivas no país. Dominados, os índios perderam sua língua e cultura. O latim predominava na Europa até a queda do Império Romano. Sem poder, as fronteiras perderam força, os germânicos dividiram as cidades e, do latim, surgiram novos idiomas. Por outro lado, na Espanha, a poderosa região da Catalunha ainda mantém seu idioma vivo e luta contra o domínio do espanhol.

Não é à toa que esses povos insistem em cuidar de seus idiomas. Cada língua guarda os segredos e o jeito de pensar de seus falantes. “Quando um idioma morre, morre também a história. O melhor jeito de entender o sentimento de um escravo é pelas músicas deles”, diz Luana Vieira, da Olimpíada de Linguística. Veja pelo aimará, uma língua falada por mais de 2 milhões de pessoas da Cordilheira dos Andes. Nós gesticulamos para trás ao falar do passado. Esses povos fazem o contrário. “Eles acreditam que o passado precisa estar à frente, pois é algo que já não visualizamos. E o futuro, desconhecido, fica atrás, como se estivéssemos de costas para ele”, explica.

CASTRO, Carol. Blá-blá-blá sem fim. Galileu, ed. 317, dez. 2017, p. 31.

Sobre a explicação para o recurso linguístico utilizado, considere as afirmativas a seguir.


I. A palavra “também”, no segundo parágrafo, denota exclusão e equivale a “apenas”.

II. A palavra “só”, no primeiro parágrafo, é um adjetivo que qualifica o substantivo que o antecede.

III. O termo “Dominados”, no primeiro parágrafo, indica noção temporal em relação ao restante do período.

IV. As duas ocorrências envolvendo a palavra “latim”, no primeiro parágrafo, apontam para uma mesma classe de palavra, porém duas funções sintáticas diferentes.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Comentários
  • GABARITO: LETRA C

    I. A palavra “também”, no segundo parágrafo, denota exclusão e equivale a “apenas”. ===> a palavra "também" é denotativa de INCLUSÃO.

    II. A palavra “só”, no primeiro parágrafo, é um adjetivo que qualifica o substantivo que o antecede. ===> Um idioma morre se não tiver poder político ===> é um advérbio, sendo sinônimo de somente.

    III. O termo “Dominados”, no primeiro parágrafo, indica noção temporal em relação ao restante do período. ===> . Dominados, os índios perderam sua língua e cultura.  ===> correto, indica uma noção de tempo ---> quando já estavam dominados...

    IV. As duas ocorrências envolvendo a palavra “latim”, no primeiro parágrafo, apontam para uma mesma classe de palavra, porém duas funções sintáticas diferentes. ===>  O latim predominava;  do latim, surgiram novos idiomas ===> ambos são substantivos, tendo como função sintática, respectivamente: SUJEITO/ vejo como ADJUNTO ADVERBIAL DE ORIGEM.

    Força, guerreiros(as)!!

  • alguém pode explicar melhor a questão DO SO?